domingo, 27 de dezembro de 2015

Que cada nascer e pôr do sol tragam consigo uma oportunidade de nos tornarmos alguém melhor.
Que independente da estação, se inverno ou verão, sejamos fontes inesgotáveis de luz e calor.
Que tenhamos força para enfrentar o mundo de peito aberto e coração tranquilo, que nossas armas sejam sempre a gentileza e o respeito. Além de belos sorrisos.
Que sejamos gratos ao Universo pelo processo de cura chamado tempo, que permite cicatrizar as feridas e amenizar a dor.
Que a maldade do mundo não nos corrompa ou embruteça.
Que nos dias que se seguem possamos não apenas ter, mas também ser AMOR.
Feliz 2016!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Na minha aparente solidão 
Me reinvento, desmorono, dia a dia
Descubro que(m) realmente sou:
Vasta em mim mesma.
Cada vez mais minha.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Gratidão

A gratidão é um exercício de espiritualidade. Ser grato é fazer as pazes com o Universo e voltar o olhar ao que deu certo, mesmo quando tudo em volta parece desmoronar.
Existe sempre um bom motivo para agradecer. E às vezes (muitas vezes) a gente nem precisa procurar.
Basta abrir a janela ou se olhar no espelho.
A vida em si te ajuda a lembrar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A simplicidade é artigo de luxo.
Eu só fiquei ali, parada.
À beira da paisagem
Na hora exata
(Exatamente onde eu deveria estar)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

a.C e d.C (ou o que aprendi com Clarice Lispector)

Foi com Água Viva, em meados de 2006, que mergulhei na poesia íntima de Clarice Lispector. Desconhecia o termo, mas me reconhecia em cada palavra da sua prosa poética. Eu lia Clarice e, como num espelho, me via ali, refletida. Eu lia Clarice e era tragada pela profundidade de sua escrita. E, como acontece quando a gente se apaixona, houve irremediável entrega. Foi amor à primeira linha.
Clarice é única. A sua escrita transcende o papel, rompe as fronteiras das páginas e muda o mundo que habita em você. Tudo passa a ter outro sentido, tudo é denso, caótico, por vezes doloroso, mas sempre verdadeiro. Há quem veja loucura. Eu enxergo a clareza e lucidez que nos tornam inteiros. Clarice cura.
Você não lê Clarice Lispector. Você não interpreta. Você sente, simplesmente. "Ou toca ou não toca".
A literatura de Clarice é catártica, epifânica e crua. Repleta de nós que ora são desfeitos, ora se emaranham em si mesmos. E que nos dão a real dimensão do ser/estar no mundo.

Clarice tece entrelinhas, filosofia e intuição. E ainda assim tudo soa claro, signo e significado. Ler Clarice é testemunhar uma revelação.
A minha rotina mudou sensivelmente após ter sido tocada pela vida nas palavras de Clarice Lispector. O meu olhar sobre a poesia, a paisagem interna, tudo em volta e sobretudo dentro. Abracei a minha inconstância, meus medos, minhas urgências. Porque Clarice nos força a sentir e pensar ainda que a compreensão sobre tudo seja por vezes escassa. Mas estamos vivos.
E a vida é vasta.

Antes eu era. 
Hoje eu estou.
E isso basta.


"O que te escrevo continua. E estou enfeitiçada."


À Clarice, toda a minha inspiração. Cada palavra escrita nos meus dias é dedicada a você. Obrigada pelos sopros de vida, pela aprendizagem, pela paixão.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015


"Estou cada vez mais bossa-nova, espiritualmente sentado num banquinho, com o violão no colo. Não se pode ser infeliz, não se pode morrer em vida, não se pode desistir de amar, de criar. Não se pode: é pecado, é proibido."

(Caio F. in Cartas)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Em vez de ansiar a chegada do próximo ano, apressando os ponteiros, atravessando com desespero cada dia, por que não aproveitar ao máximo o próximo minuto, como sendo o único e o mais importante da sua vida?
Talvez esse seja o segredo da genuína alegria: esquecer a incerteza do amanhã e valorizar a eternidade que cabe nesse instante, simplesmente. O nosso melhor momento é o agora.
Não é à toa que o chamamos de presente.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A pior parte de tudo
É não conhecer a fundo
Quem já mergulhou dentro da gente.
Meu apetite é voraz
Quase tudo é muito pouco
E pouco não me satisfaz
Os meus passos são mapas
Minhas vontades são placas
Sigo porque tenho fome do mundo:
Desejo o limite, o fim, o fundo.
Eu quero sempre mais.
As melhores coisas da vida são aquelas mais singelas, que passam quase sempre desapercebidas, mas que aquecem o nosso coração e colocam um sorriso no nosso rosto, que nos enchem de alegria. Tudo é questão de perspectiva. De voltar os olhos ao que realmente importa, ao que dá cor e sentido à nossa rotina. Somos o que vibramos de bom quando emanamos luz e energia positiva. Somos o Universo em si. E tudo conspira para que a felicidade reine. Dia após dia.
A parte mais difícil do amor é a entrega.

O mundo é vasto
Abarca meu desassossego
Minha inconstância quase voraz
Minha vontade de tudo
Divago em meus pensamentos
Observo para absorver
O que sinto, reflito
Cores, sons, imagens
Tudo isso só faz sentido
Quando olho para dentro de mim
Meu realejo é interior
Minha melhor paisagem repousa aqui

sábado, 28 de novembro de 2015

Miss Sarajevo (U2)

Is there a time for keeping your distance
A time to turn your eyes away
Is there a time for keeping your head down
For getting on with your day
Is there a time for kohl and lipstick
A time for curling hair
Is there a time for high street shopping
To find the right dress to wear
Here she comes, oh oh
Heads turn around
Here she comes
To take her crown
Is there a time to run for cover
A time for kiss and tell
Is there a time for different colours
Different names you find it hard to spell
Is there a time for first communion
A time for East Seventeen
Is there a time to turn to Mecca
Is there time to be a beauty queen
Here she come, oh oh
Beauty plays the clown
Here she comes
Surreal in her crown
Here she comes...

quinta-feira, 26 de novembro de 2015


Deus cabe nos meus dedos enquanto escrevo.
Cabe nas minhas mãos entrelaçadas.
Deus cabe no que sinto e no que não vejo.
Deus cabe nas palavras.

Deus cabe nas lágrimas
Cabe na comunhão
Deus é onipresente e infinito
Pois cabe nas miudezas da vida, no pão de cada dia, na minha oração.

Ao som de The Breeders

Fui assistir ao filme sozinha. Pela primeira vez. O cinema cheio. Joaquin Phoenix se  apaixonando por um programa de computador. Mas era ela. E era amor.

*
Lembro que tinha me mudado há uma semana pr'aquele bairro, tudo estava meio fora do lugar, inadequado, o apartamento vazio, silêncio insuspeitado. Poderia ficar à vontade comigo mesma, na solidão da minha própria companhia. Era tudo o que eu queria (?)


Eu só quis sair dali.

Abri a porta sem alarde naquele sábado de março. Atravessei as ruas ansiando um bocado de chuva enquanto dava esses novos passos. Rituais. E com toda força meu desejo se realizou na volta para casa. Eu me entreguei. Porque tudo estava muito bagunçado por dentro e a gente não sabe bem como lidar com a realização de um desejo. Então eu chorei. Essa foi a primeira fuga de muitas desde que me libertei. E as grandes conquistas que tive me doeram muito, talvez pelo esforço da batalha ou por não acreditar que eu seria capaz. Sou uma andarilha, sou inconstante, sou movida a risos e lágrimas. Mudar é uma arte. Ouço a música enquanto me rendo a metáforas. 
Viver é agridoce. Sinto o sal na boca e nas palavras.


"I land to sail, island said
Yeah, we're moving
We're moving."
Alguns abraços:
Suficientes e necessários para traduzir o que sinto quando as palavras calam.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Não sei muito de mim, nem do mundo. Me olho no espelho e me vejo incompleto, imperfeito, cheio de cicatrizes, marcas do tempo e dos erros. Não tenho arrependimentos. Apenas sonhos. E desejo.
Não me permito parar, ainda há muito.
Apesar do medo, continuo.
Não me conformo, quero ir além.
Eu quero mais.
Eu quero tudo.
Eu quero sempre.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sem título

Porque eu quis e isso é perigoso. Sem olhar para trás, reduzindo toda uma vida a três malas. Eu parti. Pés meio exaustos da caminhada, sem bússolas ou mapas, seguindo unicamente o que eu senti(a). Tendo como norte nada além do que os meus olhos viam. Cheguei ao meu ponto de partida às cegas. E embora fosse o momento do encontro, nunca estive tão perdida.
Aos tropeços, me entreguei ao que desconheço. Refaço os passos, reconstruo as rotas para entender os porquês. Confundi os sinais, ignorei os avisos, desaprendi a me ler. A verdade é que eu me troquei por um punhado de sonhos, alguns intangíveis e até mesmo loucos. O que sobrou é apenas real.
E pra mim isso é muito pouco.

The Fairest of the Seasons (Nico)

Now that it's time
Now that the hour hand has landed at the end
Now that it's real
Now that the dreams have given all they had to lend
I want to know do I stay or do I go
And maybe try another time
And do I really have a hand in my forgetting ?
Now that I've tried
Now that I've finally found that this is not the way,
Now that I turn
Now that I feel it's time to spend the night away
I want to know do I stay or do I go
And maybe finally split the rhyme
And do I really understand the undernetting ?
Yes and the morning has me
Looking in your eyes
And seeing mine warning me
To read the signs carefully.
Now that it's love
Now that the candle's falling smaller in my mind
Now that it's here
Now that I'm almost not so very far behind
I want to know do I stay or do I go
And maybe follow another sign
And do I really have a song that I can ride on ?
Now that I can
Now that it's easy, ever easy all around.
Now that I'm here
Now that I'm falling to the sunlights and a song
I want to know do I stay or do I go
And do I have to do just one
And can I choose again if I should lose the reason ?
Yes, and the morning
Has me looking in your eyes
And seeing mine warning me
To read the signs more carefully.
Now that I smile,
Now that I'm laughing even deeper inside.
Now that I see,
Now that I finally found the one thing I denied
It's now I know do I stay or do I go
And it is finally I decide
That I'll be leaving
In the fairest of the seasons

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Ode à chuva

Gosto da languidez que atravessa a noite ao cair a chuva fina. Gosto da sensação de desamparo, de solitude, de nostalgia.
Gosto de silenciar ao apagar as luzes, ouvindo a sinfonia dos trovões na sala vazia. Fecho os olhos e sinto o sal, gota a gota, em meus lábios, trago o cheiro dos pingos de chuva batendo no telhado, dou a ela boas vindas: vê, inspiro sinestesia.

Recebo a tempestade de cabelos molhados, pelos eriçados e braços abertos. Entrego a ela minhas palavras, meus versos, minha poesia.
Sou grata pela delicadeza do céu que ao verter suas lágrimas desemboca em nós feito rio,  nos invadindo por dentro. Inundando tudo o que está vazio.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

"Me fiz artista sem plateia"
(Sérgio Fróes)

A mulher que toma o posto

Saindo por detrás das cortinas (como numa estréia)
Uma menina debruça seus cotovelos na janela.

Desta moldura ela vislumbra a vida
Como quem joga pedras num rio.

Espectadora do tempo 
Ela vê, analisa, disseca o que se passa a sua frente...
Sorri ao sol, às flores, aos pássaros e suspira pelos amores.

Estica seus dedos para alcançar paixões efêmeras,
Vulcões e estrelas que cintilam e aquecem os corações alheios.

Seus olhos brilham seduzidos pela força e fé, de quem se atira de peito aberto
Aos precipícios de estalagmites feitos de emoções mundanas.

A donzela que a tudo vigia, enxerga tanto a tudo, 
que cega-se diante do novelo de sua sorte a desfiar-se no romper de sua taquicardia.

Aos seus pés descalços precipitam unhas roídas...
Cada uma contendo uma esperança ceifada pelos seus fantasmas inúteis!

Mal sabe ela que na Roda do Zodíaco o Leão se põe ao lado da Virgem para servir-lhe de montaria,
E com ele, ela será capaz de viajar por distantes continentes que busca (talvez dentro de si).

Feito escultura de "namoradeira", continua em sua segura veneziana a espiar...
"Quem sabe escancarando bem esta janela os pássaros entrem e comigo queiram estar?"
Seria um risco muito grande fugir de sua clausura e enfrentar os espinhos do caminho,e  assim, mais uma vez ela vacila.

Pobre menina bela!
Não tolera seus enigmas e nem os labirintos ocultos nos olhos que te miram.

Um dia, "a mulher" a tirará de seu posto.
E lhe mostrará que a ousadia e tutano pegam a vida pelos colarinhos
E a esfrega na fuça de quem a "negou por três vezes diante do espelho".


(Sérgio Froes, meu amigo, sol em Gêmeos, me presentou com esse texto em julho de 2012)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Alma Nua (Vander Lee)

Ó pai
Não deixes que façam de mim
O que da pedra tu fizestes
E que a fria luz da razão
Não cale o azul da aura que me vestes
Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim um nobre domador
Laçando acordes e versos
Dispersos no tempo
Pro templo do amor
Que se eu tiver que ficar nu
Hei de envolver-me em pura poesia
E dela farei minha casa, minha asa
Loucura de cada dia
Dá-me o silêncio da noite
Pra ouvir o sapo namorando a lua
Dá-me direito ao açoite
Ao ócio, ao cio
À vadiagem pela rua
Deixa-me perder a hora
Pra ter tempo de encontrar a rima
Ver o mundo de dentro pra fora
E a beleza que aflora de baixo pra cima
Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido
De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho
Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio Deus
Viver menino, morrer poeta

Perto do fim

"Se o mundo parece esquecer/O que rimou 'eu com você'/ É bem melhor você sumir/ Just like planes do over the sea"
(Tiago Pethit e Mallu Magalhães)

Eu já tinha ouvido a metáfora de portas fechadas e janelas abertas (ou seria o contrário). Sobre possibilidades. Algo assim, estou incerta.
Nunca vejo sentido em recomeços, embora eu saiba muito bem fazer as malas. Sempre de partida, estou habituada. Não aprendi a consertar, tenho a impressão de que algo remendado nunca permanece igual e por isso mesmo pode ser descartado. 
Joguei muito de nós no lixo.

Já me enfrentei muito antes de te olhar e falar tudo isso. Um embate diário, crises de insônia e identidade, cinzeiro cheio, uma vontade urgente de não sei bem o quê, mas que me tomava por inteiro. Não tinha para onde correr. Era questão apenas de tempo. E de melhor entender.
Não te culpo pelos nossos desencontros, nossos caminhos antes parecidos e agora tão distantes. Não é proibido escolher. Foi o que você quis.
Não te culpo pelas pessoas que surgiram na tua estrada e inverteram as placas: elas não mais apontavam para mim.

Ao menos tentamos. Foi maravilhoso e foi infernal. Foi devastador e incrível. E chegamos até aqui. Com o coração aos pedaços, mas batendo, mesmo que desritmados. Aqui.
Com portas e janelas escancaradas. Minhas mãos estão livres, te indico com meus dedos o caminho a seguir.

Juntos, chovemos. Nem vi a previsão do tempo mas estou certa de que amanhã fará sol.
Chegamos perto do fim.
E vai ser melhor.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Se ninguém lutar por mim...
Não desisto.
Resisto.
Insisto.
Vou à luta mesmo assim.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Hoje ao correr meus dedos pelas tuas costas enquanto te observava dormir, me dei conta do quanto sou grata por te ter por perto, depois da distância e do tempo e de tanto...muito de tudo.
É mais que um deleite ter você na minha cama, na minha rotina, nos meus braços, dividindo além das angústias e do cansaço, o sossego de estar bem aqui, ao alcance das minhas mãos, da minha retina.

Às vezes a pressa dos dias me impede de demonstrar a beleza desses momentos que compartilho com você. Note, no entanto: nunca esqueço. Guardo os nossas gargalhadas, nossas brincadeiras mais espontâneas, os carinhos insuspeitados. Te guardo. Motivo maior das minhas alegrias.
Te beijo, te acolho no peito e te vejo dormir. Meu oásis particular, meu arco íris, minha melhor paisagem. Você é tudo pra mim.
Obrigada por ser o sol da minha vida.
"E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrário: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda. Ando feliz, cheio de fé, fase new-wave, escorregando às vezes para o after-punk, mas virginianos sempre acabam fazendo uma faxina, fazendo a barba, lavando as meias, as cuecas, tomando vitaminas e andando de bicicleta no parque. Graças a Deus — que existe e, lá de cima, tá vendo tudo. Batalho ferozmente a minha paz." 
(Caio F. in Cartas)

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Às vezes atravesso os dias apressada e me perco nas miudezas da rotina. 

Mas não esqueço que assim como a casa, eu mesma preciso de atenção e cuidado. Além de uma boa faxina. 


Há tanto tempo divido o meu mundo que esqueço de voltar o meu olhar ao espelho. Reflexos do que sou, meu eu inteiro.
Jamais me esqueci. Me dei ao luxo de refazer caminhos. Mas me guio.

Caio Fernando me traz de volta pra mim.



"Quero que daqui pra frente a vida seja hoje. A vida não é adiável. E tô achando bom, tô repetindo que bom, Deus, que sou capaz de estar vivo sem vampirizar ninguém, que bom que sou forte, que bom que suporto, que bom que sou criativo e até me divirto e descubro a gota de mel no meio do fel. Colei aquele “Eu Amo Você” no espelho. É pra mim mesmo." (Caio F. in Cartas)

domingo, 1 de novembro de 2015

"Aprendeu que as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes."
(Manoel de Barros)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Não quero ser aquela escritora que empaca na frente do papel pra escrever qualquer coisa com o mínimo de sentido. Eu não.
Quero escrever apenas o que sinto.
Desejo sol nascente, grama verde, mar aberto e poentes. Desejo tecer paisagens. Desejo tocar o mundo com minhas mãos e com palavras. Desejo viagens.
Desejo enfrentar meus medos. Desejo amenizar cada anseio.
Desejo novas rimas, improvisos, riso frouxo, inspiração no dia a dia.
Desejo memória longa para os bons momentos. Para os piores, apenas o aprendizado. Ou o esquecimento.
Desejo pessoas vibrantes, energias positivas, sorrisos escancarados, harmonia.
Desejo incenso aceso, lençóis limpos, abraços apertados, aconchego.

Desejo capturar a essência de tudo e transformar o que penso e sinto em algo útil.
Desejo fazer de qualquer lugar o meu abrigo. O meu lar.
Desejo estar em paz comigo. Por ser exercício difícil, desejo força para não me desmotivar.

Desejo maresia, girassois, chá verde e calmaria.
Desejo cura para todas as dores físicas. Para as dores emocionais, desejo amor.
E doses infinitas de poesia.

É você que tem (Mallu Magalhães)


É você que tem
Nas tuas mãos
Meu choro de mulher
Tem meu ver
O meu sonhar, o que quiser
É você que é
O homem meu
Meu grande amor da minha vida
É tão teu
O gosto da minha mordida
É você que tem
O colo que eu
Deito e descanso
É tão teu
Meu coração aflito e manso
É você que tem
Na pele a luz
Cor da coisa mais segura
Que eu já vi
Formar na mácula escura
É você que tem
Nas tuas mãos
Meu choro de mulher
Tem meu ver
O meu sonhar, o que quiser
É você que tem
Na pele a luz
Cor da coisa mais segura
Que eu já vi
Formar na mácula escura
É você que tem
O colo que eu
Deito e descanso
É tão teu
Meu coração aflito e manso
E repetia:
Sossega, sem pressa
A alegria te invade quando menos se espera.
Escrevo  apenas como compromisso de transparência comigo. As palavras são como a paisagem pintada na tela: reproduzem o que vejo e sinto.
São meus retalhos íntimos, indissociáveis. Pedaços do que teço. O que sou. Não finjo.

Espero a chuva maturar as sementes com delicadeza. Respeito, como na semeadura, o momento certo da colheita.
A escrita é a minha forma mais pura, minha essência, minha natureza.
Estar em equilíbrio com as palavras me trouxe, além de liberdade, paciência e leveza.
As gotas que caem são inspiração. O tempo é preciso. Tudo o que me vem eu transformo em verso:
minha forma mais genuína de gratidão.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Seguir em frente sem olhar para trás:
lição que a vida dá delicadamente
para que se possa ser em paz

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Hand in My Pocket (Alanis Morissette)

I'm broke but I'm happy
I'm poor but I'm kind
I'm short but I'm healthy, yeah
I'm high but I'm grounded
I'm sane but I'm overwhelmed
I'm lost but I'm hopeful baby
An' what it all comes down to
Is that everything's gonna be fine fine fine
'Cause I've got one hand in my pocket
And the other one is giving a high five
I feel drunk but I'm sober
I'm young and I'm underpaid
I'm tired but I'm working, yeah
I care but I'm restless
I'm here but I'm really gone
I'm wrong and I'm sorry baby
An' What it all comes down to
Is that everything's gonna be quite alright
'Cause I've got one hand in my pocket
And the other is flicking a cigarette
And what is all comes down to
Is that I haven't got it all figured out just yet
'Cause I've got one hand in my pocket
And the other one is giving the peace sign
I'm free but I'm focused
I'm green but I'm wise
I'm hard but I'm friendly baby
I'm sad but I'm laughing
I'm brave but I'm chicken shit
I'm sick but I'm pretty baby
And what it all boils down to
Is that no one's really got it figured out just yet
I've got one hand in my pocket
And the other one is playing the piano
What it all comes down to my friends
Is that everything's just fine fine fine
'Cause I've got one hand in my pocket
And the other one is hailing a taxi cab...

sábado, 3 de outubro de 2015

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Prometo curar com sorrisos o que te aflige, exercendo aquilo que você sempre fez comigo.
Prometo sempre pousar a minha mão no teu peito antes de dormir e pedir a Deus que te cuide, mais até que a mim. 
Prometo te olhar com admiração e respeito, prometo compreeender o teu tempo, prometo entender o teu jeito.
Prometo acarinhar teus cabelos, prometo te abraçar ao dormir, prometo te acordar com beijos.
Prometo falar tudo o que me incomoda e espero que você faça o mesmo.
Prometo, mais que fidelidade, lealdade a você e sobretudo ao que sinto.

Onde quer que você esteja, aonde quer que eu vá, prometo trazer você sempre comigo.
Haverá algumas lágrimas no percurso, prometo que vamos enxugá-las.
E pouco importam as pedras no nosso caminho; 
Prometo que o trilharemos sempre juntos, de mãos dadas.
Setembro apressou os dias e deixou clara a noção do efêmero. Nada será igual. A mudança é constante e cabe a cada um colher a lição, preparar os olhos para um aprendizado sutil, mas essencial.
A vida é boa demais para se desperdiçar com mágoas. O perdão talvez seja minha meta mais urgente e clara. Sempre tive uma ótima memória para guardar ressentimentos, para revirar a ferida, para me doer, com a sensação de desamparo, como se eu fosse destinada a ser sozinha.
O fato é que passei a minha vida colecionando decepções por esperar demais. E hoje eu entendo a importância de apagar as más lembranças. É um exercício árduo e requer esforço diário. Tudo são escolhas. Para o bem e para o mal. A última cartada, a palavra de ordem é sempre nossa, afinal.
No fim das contas a única realidade que temos é a solidão. E tudo bem. O outro é apenas um caminho que a gente escolhe trilhar e o fazemos a sós. Amar é algo solitário. Não podemos exigir nada além daquilo que o outro pode oferecer. E se isso não nos apetece, há outras placas indicando novos destinos. Cabe a nós esse poder. Isso é liberdade. E liberdade é força motriz para (bem) viver.
(Grata pela luz em Setembro, pelos dias que iluminaram tudo e me aqueceram por dentro)

sábado, 26 de setembro de 2015

Que a vida seja repleta de superlativos
E que eu saiba encadear meus períodos
Que na oração do dia a dia eu seja sujeito
Que o tempo, futuro e presente,
Seja sempre mais que perfeito.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Só encontra o verdadeiro equilíbrio aquele que fez as pazes (com o mundo) e consigo.
Às vezes é necessário doer e sangrar, para que se perceba que está vivo.
Faz parte sofrer e chorar e se reerguer, ainda que a queda tenha te deixado aos pedaços.
O tempo ameniza, não apaga. A cicatriz apenas relembra a ferida que antes latejava. Eu me doo. 
Eu me rendo ao que sinto.

Curar as nossas asas só incentiva o voo.

sábado, 19 de setembro de 2015

Poesia não é autoajuda.
É a própria cura.
Na falta do que dizer
Basta calar
E ser.

O sofrimento só é desperdício quando não se transforma em aprendizado.
Silencio e por ora acolho a solidão:
Única coisa verdadeiramente minha.

Ao som de Rachael Yamagata

"The things I freely give you stole and now I'm left in pieces."


Simplesmente mudou. E eu sei exatamente em que momento, dispensando qualquer motivo, embora houvesse muitos deles, além dos sentimentos em frangalhos. 
Meu coração aos prantos. 
Aos pedaços.                    
Tropecei nas palavras, talvez elas tenham    sido mesmo muito gastas. Sequer te olhei, não perderia mais meu tempo tentando enxergar algo que nunca encontrei. Teus dedos querem acariciar os meus e por um breve momento vacilo, me deixo afagar, esquecendo tudo o que um dia você fez comigo. E por alguma razão você não quis parar.                
Quando penso nisso meus olhos se enchem d'água. Tento responder cada pergunta, tento te justificar. Talvez por vergonha de ainda estar aqui, de não ter virado as costas e deixado tudo pra trás. Nenhum rosto alheio, nenhuma conversa desconhecida, nenhum toque insuspeitado, nenhuma companhia. Nada disso me comoveria.
Não consigo respirar sem me doer. Talvez eu não queira lidar com o que sinto. Não consigo pensar numa forma de esquecer. Talvez o problema seja mesmo comigo. Ou eu simplesmente não saiba perder.     

Me prendo a uma vaga ideia de amor, em vão.
Tento desesperadamente encontrar uma saída.  
Quando na verdade ter você foi uma falsa impressão
Você nunca esteve de fato na minha vida.                                                
"To all the girls he's loved"

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

As suas dúvidas tão eloquentes e elaboradas, disfarçadas de sensibilidade. Coloca os pés no chão, mas teme abandonar as máscaras. Não te reconheço. 
A pergunta surge na frente do espelho:

Quem é você de verdade?

domingo, 13 de setembro de 2015

Somos energia em movimento, ondas de vibrações que refletem nossos pensamentos.
Cada um atrai aquilo que tem em si.
A força que move o universo e conspira ao meu favor está dentro de mim.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

A menina

A menina é autoexplicativa, embora seja repleta de silêncios e entrelinhas.

É preciso saber para senti-la.
A menina não esconde o seu rosto, não esquiva olhares, não finge gostos. 
A menina é clara e concisa, consegue ser afável e ao mesmo tempo ferina.
A menina é feita de palavras em erupção, efervescência de sentimentos, pensamentos em exaustão.
Sensibilidade à flor do pulso, marcada na pele.  
A menina traz nos pés asas e tinta e papel nas mãos.

A menina observa para absorver.

A menina semeia palavras para sobreviver.
A menina, ela se reinventa todo dia.
Ela não amadurece ao se tornar uma mulher: a menina desabrocha quando se transforma em poesia.



quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Eu não esqueci e bastou um olhar mais atento para que você percebesse. Os silêncios que permeiam o ambiente interrompem nossa fala. O tempo não apagou nada, cá estamos nós: eu e as marcas. Tecemos um enredo lindo desde o começo, tantas paisagens desenhadas, a urgência de estar ali, respirando o mesmo ar, nossas mãos dadas. De algum modo a linha se perdeu e bordamos lágrimas. Não se surpreenda se eu chorar sem querer. Não  se ressinta se eu te olhar e não te reconhecer. Foram tantas as perguntas sem respostas, às vezes doi demais tentar compreender. Me falta o ar, o peito queima, o coração inflama, taquicárdico. Não há lógica qualquer nisso tudo, não há sentido.
São apenas lembranças, eu sei. Mas elas mancharam nossas páginas, borraram o que sinto.

A tristeza persiste no roteiro. Restaram intactas as mágoas, algumas cicatrizes nos pulsos e na memória.
Tento em vão apressar os ponteiros.

Recorro ao tempo para desbotar essa história.
Deixando inteiro o que foi partido ao meio.





Para M.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Tempo, tempo
Infinito na brevidade das horas
Quando conjugado no presente
Chama-se agora

Para não esquecer

A gratidão é um exercício diário. Ser grato é ter o olhar voltado a TUDO que te permite estar exatamente nesse lugar. É muito vasto.
Sou imensamente grata por reconhecer e aceitar que todas as pessoas tem defeitos, mas que eu tenho o compromisso comigo de me afastar de quem não me agrega. A vida já causa frustrações involuntárias, não posso ser leviana com o que sinto.
Sou grata por ter aprendido, a duras penas, a falar o que penso. Não há liberdade maior do que ser quem você é sem medo.
Sou grata por filtrar meus pensamentos na maior parte do tempo. Sou grata por não me ressentir. Sou grata por ter amigos leais, amigos que me inspiram a ser a melhor pessoa que eu posso ser. Sou grata por me permitir o riso e o choro, sem medidas.
Sou grata pela presença diária de Deus, pela minha fé que me permite crescer espiritualmente.
Sou grata por deixar fluir.
Sou grata por ser capaz de amar e de me permitir ser amada na vida.
Sou grata por ter insistido nisso quando nem eu mesma pensei que conseguiria.
Sou grata por simplesmente contemplar e agradecer. 
Sou grata por ser alguém que ainda sente.
E por ter encontrado na poesia a melhor forma de me (re)conhecer.
Tudo parece suspenso, inclusive o que sinto e penso.
Ensaiei o discurso de sempre, palavras repetidas, expectativas sobre o que dizer.
É permitido não saber?

Sinto como se minha mente não acompanhasse meu corpo, é ela que está cansada dessa vez. Fiz um balanço sobre os últimos anos, abracei a nostalgia longamente. Ouvi Crowded House. Nem sei porquê.
Acho que estou desapontada. 
Pensei que a passagem para os 25 seria extraordinária. Que todas as minhas aflições, angústias e incertezas me abandonariam de vez. Que eu me sentiria mais madura. 
Que eu teria todas as respostas para as minhas infindáveis perguntas, talvez.

Quanto a mim, pouco mudou.
Cá estou entregando minhas dúvidas.

E agora? Deixo ser.
Acolho um dia de cada vez.

"Twenty-five years and my life is still, trying to get up that great big hill of hope for a destination."

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

"Push aside those that whisper never"
(Boy George)

...

e eu queria falar sobre crescimento, sobre essas mudanças que refletem o que se passa por dentro. Essa matemática absurda do tempo que nos faz somar todos esses dias que vão passando, há pouco eu completava 15 anos.
Desde estão lá se foram, veja bem, 10 anos.
E tudo, absolutamente tudo mudou.
Permito a mim mesma atravessar os dias com mais leveza. A proximidade da regência em aquário tem me dado muita clareza sobre o que merece a minha atenção. E não há nada a ser desesperado. 
Respeito o fluxo, respiro fundo. Deixo ser então.

E se isso parece apenas uma vã tentativa de parecer zen ou talvez uma espécie de omissão, digo:
Depois de tantos altos e baixos, acolhi o equilíbrio. Aprendi a ser sentindo.
E me sinto estupidamente bem.

Sou feliz por puro egoísmo.

"And frankly, my dear, I don't give a damn".

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

"For life:
It is rather a determination not to be overwhelmed."
(Marilyn Monroe)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

I wish I had a pair of wings
So I could get closer to myself
Anywhere
Away from here


'You know I'm going to be twenty-five in September'
Amanheço no último dia de agosto. Atravessei o mês com a melancolia ancorada no peito, tentei apressar em vão os ponteiros.  Não sabia, entretanto, que  agosto é dono do seu próprio tempo. Agosto desconhece anseios alheios.
Tudo está fora do lugar, principalmente por dentro. Fiz do sono meu melhor amigo, adio o quanto posso a hora de despertar. De nada adianta: me pego de olhos abertos divagando em meus pensamentos. Encaro tetos e paredes e vazios infinitos. A minha sede água nenhuma mata. Não como: minha fome não é saciada.

Sinto urgências. E querendo demais me firo. Perdida no meu avesso, desconheço o meu  inteiro. Sinto a ausência: o espelho reflete o que falta em mim.
Cacos quebrados.
31 pedaços espalhados.
Agosto corta.

Setembro cura, enfim.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

"Se as pessoas escassamente sensíveis e inteligentes tendem a fazer mal aos outros, as pessoas muito sensíveis e inteligentes tendem a fazer mal a si mesmas: quem é muito sensível e muito inteligente conhece os riscos que comporta a complexidade disso que a vida escolhe para nós ou nos consente escolher, é consciente da pluralidade da qual somos feitos, não somente de uma natureza dupla, mas também tripla, quádrupla, das centenas de hipóteses da existência. Este é o grande problema daqueles que sentem demasiado e entendem demasiado: que podemos ser tantas coisas, mas a vida é uma só e nos obriga a ser só uma coisa, aquela que os outros pensam que nós somos."

(Antonio Tabucchi in Fragmentos - Poemas, Anotações Íntimas e Cartas de Marilyn Monroe)

Nightswimming (R.E.M)

Nightswimming
Deserves a quiet night
The photograph on the dashboard
Taken years ago
Turned around, backwards, so the windshield shows
Every street light reveals a picture in reverse
Still, it's so much clearer
I forgot my shirt at the waters edge
The moon is low tonight
Nightswimming
Deserves a quiet night
I'm not sure all these people understand
It's not like years ago
The fear of getting caught
The recklessness in water
They cannot see me naked
These things, they go away
Replaced by everyday
Nightswimming
Remembering that night
September's coming soon
I'm pining for the moon
And what if there were two
Side by side, in orbit
Around the fairest sun
The bright tide that ever drawn
Could not describe
Nightswimming
You, I thought I knew you
You, I can not judge
You, I thought you knew me
This one laughing quietly
Underneath my breath
Nightswimming
The photograph reflects
Every street light a reminder
Nightswimming
Deserves a quiet night
Deserves a quiet night

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Faço sempre um pedido quando estou contigo
Envolta em teus braços
Meu melhor abrigo
Beijo a tua pálpebra cerrada
Te olho no olho
Retina dilatada
Você torna real
Qualquer sonho
E estou acordada.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Há um ciclo para todas as coisas. Sentimentos, lugares, pessoas. É necessário deixar para trás. É preciso ir embora.
Às vezes nada de grandioso ou marcante acontece, simplesmente há o afastamento, a necessidade de respirar novos ares, de mudar. Às vezes a urgência é latente e você se depara com o chamado do agora.
A energia diverge, as vibrações não estão em sintonia. Você sente descompasso, escassez, um incômodo que passa desapercebido pelos olhares desatentos. A mudança ocorre sutilmente e quando você se dá conta, está arrumando as malas.
Tudo muda: amigos, paisagens, emoções. 
Transmutamos desde o vazio no peito à decoração da sala.

Há que se conhecer o bastante para aceitar tais transições.
É da dinâmica da vida o fim, para dar espaço a novas re(l)ações.

sábado, 1 de agosto de 2015

Te transformar em tatuagem
Pra te tocar
Te ter por perto
Na minha pele e pelo
Quando você não está

sexta-feira, 31 de julho de 2015

É uma sede que água nenhuma mata.
Saudade é um pouco como a morte
Nada me preenche, a não ser a falta.
"Olho o céu com paciência. O azul não me cansa. Uma ave voando não significa que está partindo. Uma ave voando pode estar regressando..."

(Fabricio Carpinejar)
Teu beijo é vasto
Poesia em expansão
Delicadeza do encanto:
À beira
Há mar.
Já não sei falar de completude sem mencionar a vastidão que mora em mim e desemboca no outro. Porque mãos entrelaçadas são pontes, passos dados são verdadeiros caminhos quando dados lado a lado. Embora eu traga comigo a solidão, sou melhor quando olho nos olhos do outro. Eu me reconheço e me encontro. Minha própria extensão.
Sou movida a tato.  Abarco tudo num mero abraço.

sábado, 25 de julho de 2015

"Nesse desfolhar de rosa
Para toda força que nos dobra
Eu só trago o mar de algum lugar comigo"
(Marcelo Camelo)
Encaro o sol, o vento leve e fresco, carros e táxis e ônibus, barulho e movimento.
Abarco tudo com meu olhar inquieto e desacostumado,  a cidade guarda meu  desassossego.    
E sinto em paz. Fico à vontade, não tenho pudores: esse céu é muito meu.     
Meus passos foram feitos para percorrer esses caminhos. Os mapas indicam: onde quer que eu esteja, sou daqui. Pertencer é  muito vasto. A falta alimenta os meus dias.         
A cidade desperta o meu melhor lado.        
Rio, inspiro poesia.

domingo, 19 de julho de 2015

TUDO


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E tudo isso perde o sentido se não houver MUITO amor.
Sou catártica
Abandono meus medos, frustrações e anseios
E me reinvento
Com novos temores e desejos
Sou dramática
Quero todos os textos, sons e cheiros
Sou o que sinto e vejo
Sou um mundo inteiro.

sábado, 18 de julho de 2015

Todo mundo sofre. Eu, você, o cara no bar em plena terça-feira. Todos nós. Pelos motivos mais diversos e menos aparentes.
É inerente ao ser humano se doer. Se magoar. Sentir, simplificando. Somos feitos de carne, osso e,  sobretudo, emoções. Há quem consegue lidar com elas de maneira mais discreta, quase imperceptível. E há aquelas que são como uma bomba prestes a explodir. Acontece com as melhores pessoas (e quando digo isso, me refiro àquelas  taxadas como loucas, depressivas, etc.) Inclusive essas são as mais interessantes, no meu ponto de vista. Gosto de gente vulcânica, que não se detem, que transborda.
Gosto de gente que se entrega. Que sofre, ama, gargalha e chora. Intensamente.  A dor deve ser sentida, analisada, pensada para ser de fato curada. Porque não há jeito: há sempre algo latejando dentro da gente.

Já sofri muito, graças a Deus. E todo o sofrimento experimentado só me deu forças para aguentar o tranco e entender, apesar do clichê embutido, que tudo passa. Hoje sou mais resistente a certas dores. No momento em que sofremos não conseguimos enxergar que aquilo é temporário. Ou melhor, superável. Obviamente não é fácil. A dor paralisa. E te consome aos poucos. Você se entrega, se enleia, se emaranha. Você acaba tomado de tal forma que não consegue enxergar nada além. Mergulhado no fundo do fundo do fundo do poço que não parece ter fim.
Mas tem.

E está tudo bem. É válido mergulhar nesse abismo para sentir tudo por inteiro. Ninguém sente meia dor ou meio amor. Ninguém é pela metade. Eu hoje sei quem sou porque aprendi a aceitar o que me acontece sem me resignar, voltando o meu olhar para um aprendizado que só ocorre muito tempo depois, quando saímos do bunker do sofrimento. A gente cresce, aos trancos, em meio a desenganos. Caímos, muitas vezes, com o joelho e o coração ralados.
Nos reerguemos, as feridas saram e as cicatrizes relembram o que se tornou um grande aprendizado. Vê, o sofrimento te melhorou.

Não há nada a temer quanto a ela. 
(Quando menos se espera a dor acabou)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Olho pra trás e penso nas memórias criadas quando você ainda não estava. Tenho a impressão de que nenhuma delas me diz respeito, como se antes de você não houvesse nada.
Sinto como se eu sequer existisse. Fico me perguntando sobre a sua aparência, sua rotina, você por aí vagando sem mim. Ausente da minha retina, dos meus dias, fora da minha vida. Parece inconcebível te imaginar assim.
Olho suas fotografias antigas e me pergunto o que se passava naquele momento reproduzido na imagem. Pra quem você sorria? 

E me envergonho por sentir inveja das suas histórias, das pessoas que estiveram com você no seu passado, se você é o mesmo de antes, se algo te mudou.
Sinto ciúmes das lembranças, dessas lacunas vazias, do passado que desconheço.
Daquilo que findou, mas que de alguma forma ficou.
Carrego a falta do que não vivi.
Não passou:
Essa ausência se faz presente em mim.




quarta-feira, 15 de julho de 2015

domingo, 12 de julho de 2015



Nada é eterno. Vê, a vida é passageira, é do ofício do tempo correr. Não desperdice os dias. Há muito a ser visto lá fora, muitas paisagens para se admirar e muitas lembranças para tecer.

Não subestime a dor, não contenha as lágrimas. Mas saiba que o sofrimento hora ou outra acaba. Então não se entregue à toa. Não desista. A vida é surpreendentemente boa.
Cuide de você, seja seu melhor amigo, não faça com os outros o que não gostaria que fizessem contigo.
Abrace cada oportunidade, sorria um pouco mais e vibre energia positiva.
Emane luz e amor. Queira sempre o seu próprio bem.

A melhor vingança é a alegria.

(O Universo conspira. Amém.)

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Eu tenho apenas o compromisso de reproduzir o que sou e sinto.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Eu sinto o que vejo.
E me basta.

Parada, à sombra, sentindo o vento quente bater no meu rosto enquanto acendo um cigarro. Faz tempo que não fumo. O gosto me deixou enjoada, o cheiro persistia enquanto eu dissipava a fumaça. Senti meu corpo arder. Meu rosto enrubesceu, meus lábios ficaram vermelhos. Apenas me concentrei nas sensações. Não tenho sentido calor, nem frio, nada. Talvez sono, sem sonhos. Resultado dos quase dois litros de chá que tomo enquanto estou acordada. 
Não abro as janelas, não reparo a mudança do tempo, não olho a paisagem.
Estou presa em meus pensamentos.
Há sol.
Mas chovo por dentro.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Que os caminhos, ainda que tortuosos, conduzam à paisagem certa.
Que os dias, ainda que cinzas, sejam tão infinitamente belos que não caibam numa mera fotografia.
Que a vida, ainda que efêmera, seja por um breve momento eterna.      
(Já já o frio cessa, que todas as estações sejam bem vindas, especialmente a primavera)
"Antes eu era a Branca de Neve - mas acabei desistindo."
(Mae West)

domingo, 5 de julho de 2015

A amizade é um afago no coração da gente. Um sopro de vida aos dias, uma comunhão que não prescinde de nada, apenas está ali, sempre, forte como um nó, belo como um laço. Pra curar as nossas feridas, pra iluminar quando as coisas estão menos cor de rosa e mais cinza.
Amizade é pra sempre. Tem que ser. Se não houver essa eternidade, ainda que sutil e tenra, não pode ser amizade.
Amizade é pacto. Mãos dadas, gargalhadas, cabeça no ombro, lágrimas. Amizade é aliança. Compromisso, cumplicidade. Amizade é para os momentos bons e para os péssimos, para  contar as novidades e as babaquices que acontecem. Amizade é arco - íris, é pôr do sol, é  banho de chuva.
Amizade é a forma evoluída do amor. Amizade foi feita pra durar. E dura.
Estava relendo os primeiros textos do blog e me peguei com um sorriso bobo estampado no rosto...Estava prestes a completar 18 anos, pouco antes das aulas na UFF começarem. Abril de 2008, dois meses após uma grande amiga falecer num trágico acidente. À época descobri o blog que ela tinha e me inspirei a escrever mais, não apenas nos meus cadernos, mas digitalmente.
Ouvia Joplin Joplin à exaustão e escrevia num tom mais confessional, pouco preocupada com estilo ou forma. Eu reproduzia o que acontecia na minha rotina, como eu via e sentia o mundo à minha volta. É engraçado perceber que esse blog se tornou um relicário, um lugar onde posso me revisitar e compreender o processo de mudanças pelo qual passei nesses 7 anos. Tudo é diferente. Tudo passa.
Não pensava que era possível refletir sobre isso com a minha escrita. Amadurecer me endureceu um pouco. Fiquei mais fechada, não exponho o que sinto com tanta veemência, às vezes desisto de escrever algo porque não quero me expor tanto nem ser tão óbvia. Tenho mil rascunhos pendentes de publicação esperando a sua hora.
Um ponto interessante é o fato de que consigo retratar as histórias de terceiros como se eu mesma as tivesse vivido. Eu não conseguia fazer isso no começo, quando era mais intimista e visceral. Embora tenha endurecido, não perdi a sensibilidade, o olhar crítico. A ternura, como diria Che Guevara.
Muitas outras coisas mudaram. Não tomo mais leite, mudei radicalmente o meu gosto para séries ( R.I.P. Dawson's Creek), meus textos não são tão longos, vivo com certa autonomia e não gosto tanto de falar ao telefone. Outras tantas, parte da minha essência, permaneceram.

Sou grata pelos ciclos que se fecham e dão início ao que é inédito. Sou grata pelas mudanças, pelo crescimento, pelas palavras, que me permitem conhecer mais do mundo e de mim mesma.
Sou grata por sentir muito. 
Escrevendo eu me enxergo com clareza.

sábado, 4 de julho de 2015

Escrevo para transbordar. Sei bem como sou, quase sempre me perco. 
Tantas vezes me desencontrei e nunca fui procurada, presa no labirinto dos meus pensamentos e passos. Sem saber como voltar.
Escrevo para encontrar uma saída.
As palavras, elas são minhas setas, meus guias. 
Escrevendo estou a salvo das minhas  próprias armadilhas.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

O que você talvez não saiba, porque nem eu nem ninguém havia te contado, é que tem gente que se dói o tempo inteiro. E você só conseguiu compreender isso depois de ler A Hora da Estrela e chorar copiosa e silenciosamente na sala de aula, em meados de 2007. Por puro reconhecimento. Pode ser da vida endurecer a gente, nos tornando mais frios e rígidos com o passar do tempo. Mas quem nasceu com a sensibilidade exacerbada pode até ser contido, mas hora ou outra desaba. Tudo afeta, tudo toca.Tudo é profundamente sentido. As palavras ditas num tom mais agressivo, as entrelinhas que quase ninguém lê, a não ser você, a ironia, a raiva, a melancolia. Você se enxerga naquilo, tudo foi de alguma forma vivido. Não há como evitar. Faz parte da sua essência, é impossível dissociar. Como Renato Russo disse, o mundo é muito doloroso para quem sente demais.
Há necessidade de solidão, dos silêncios e até da ausência. E quando falo de "ausências", me refiro às fugas de si mesmo - seja através da música, das drogas, do álcool, da escrita. Porque por alguns instantes é possível perder o controle e de uma forma totalmente torta não sentir. A inadequação e o não - pertencimento se esvaem por alguns momentos.
A realidade é dura. A gente acaba criando inúmeros artifícios para enfeitar a dor. A  beleza talvez seja encará-la, sem disfarces, sem fuga. Sentir talvez seja o veneno em si. E sua própria cura.
Sou movida a impulsos.
Sigo meus sentidos, minha intuição 
Se penso, falo
Se sinto, ajo
Se os vazios me invadem, me calo.
E dou às palavras espaço.
Sou toda emoção.
Esboço quem sou           
Rascunho inacabado 
Com grafite e palavras
Em exaustão                
Refaço
Reparo
Mudo             
Não paro         
Leia-se: em construção

quarta-feira, 1 de julho de 2015

"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor...
Vamos descobrir o mundo juntos, baby
Quero aprender com o teu pequeno grande coração, meu amor
Meu amor
Baby"
(Renato Russo)

domingo, 28 de junho de 2015

"Aquele
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema."
(Manoel de Barros)