Todo mundo sofre. Eu, você, o cara no bar em plena terça-feira. Todos nós. Pelos motivos mais diversos e menos aparentes.
É inerente ao ser humano se doer. Se magoar. Sentir, simplificando. Somos feitos de carne, osso e, sobretudo, emoções. Há quem consegue lidar com elas de maneira mais discreta, quase imperceptível. E há aquelas que são como uma bomba prestes a explodir. Acontece com as melhores pessoas (e quando digo isso, me refiro àquelas taxadas como loucas, depressivas, etc.) Inclusive essas são as mais interessantes, no meu ponto de vista. Gosto de gente vulcânica, que não se detem, que transborda.
Gosto de gente que se entrega. Que sofre, ama, gargalha e chora. Intensamente. A dor deve ser sentida, analisada, pensada para ser de fato curada. Porque não há jeito: há sempre algo latejando dentro da gente.
Já sofri muito, graças a Deus. E todo o sofrimento experimentado só me deu forças para aguentar o tranco e entender, apesar do clichê embutido, que tudo passa. Hoje sou mais resistente a certas dores. No momento em que sofremos não conseguimos enxergar que aquilo é temporário. Ou melhor, superável. Obviamente não é fácil. A dor paralisa. E te consome aos poucos. Você se entrega, se enleia, se emaranha. Você acaba tomado de tal forma que não consegue enxergar nada além. Mergulhado no fundo do fundo do fundo do poço que não parece ter fim.
Mas tem.
E está tudo bem. É válido mergulhar nesse abismo para sentir tudo por inteiro. Ninguém sente meia dor ou meio amor. Ninguém é pela metade. Eu hoje sei quem sou porque aprendi a aceitar o que me acontece sem me resignar, voltando o meu olhar para um aprendizado que só ocorre muito tempo depois, quando saímos do bunker do sofrimento. A gente cresce, aos trancos, em meio a desenganos. Caímos, muitas vezes, com o joelho e o coração ralados.
Nos reerguemos, as feridas saram e as cicatrizes relembram o que se tornou um grande aprendizado. Vê, o sofrimento te melhorou.
Não há nada a temer quanto a ela.
(Quando menos se espera a dor acabou)