domingo, 5 de julho de 2015

Estava relendo os primeiros textos do blog e me peguei com um sorriso bobo estampado no rosto...Estava prestes a completar 18 anos, pouco antes das aulas na UFF começarem. Abril de 2008, dois meses após uma grande amiga falecer num trágico acidente. À época descobri o blog que ela tinha e me inspirei a escrever mais, não apenas nos meus cadernos, mas digitalmente.
Ouvia Joplin Joplin à exaustão e escrevia num tom mais confessional, pouco preocupada com estilo ou forma. Eu reproduzia o que acontecia na minha rotina, como eu via e sentia o mundo à minha volta. É engraçado perceber que esse blog se tornou um relicário, um lugar onde posso me revisitar e compreender o processo de mudanças pelo qual passei nesses 7 anos. Tudo é diferente. Tudo passa.
Não pensava que era possível refletir sobre isso com a minha escrita. Amadurecer me endureceu um pouco. Fiquei mais fechada, não exponho o que sinto com tanta veemência, às vezes desisto de escrever algo porque não quero me expor tanto nem ser tão óbvia. Tenho mil rascunhos pendentes de publicação esperando a sua hora.
Um ponto interessante é o fato de que consigo retratar as histórias de terceiros como se eu mesma as tivesse vivido. Eu não conseguia fazer isso no começo, quando era mais intimista e visceral. Embora tenha endurecido, não perdi a sensibilidade, o olhar crítico. A ternura, como diria Che Guevara.
Muitas outras coisas mudaram. Não tomo mais leite, mudei radicalmente o meu gosto para séries ( R.I.P. Dawson's Creek), meus textos não são tão longos, vivo com certa autonomia e não gosto tanto de falar ao telefone. Outras tantas, parte da minha essência, permaneceram.

Sou grata pelos ciclos que se fecham e dão início ao que é inédito. Sou grata pelas mudanças, pelo crescimento, pelas palavras, que me permitem conhecer mais do mundo e de mim mesma.
Sou grata por sentir muito. 
Escrevendo eu me enxergo com clareza.