Gosto da languidez que atravessa a noite ao cair a chuva fina. Gosto da sensação de desamparo, de solitude, de nostalgia.
Gosto de silenciar ao apagar as luzes, ouvindo a sinfonia dos trovões na sala vazia. Fecho os olhos e sinto o sal, gota a gota, em meus lábios, trago o cheiro dos pingos de chuva batendo no telhado, dou a ela boas vindas: vê, inspiro sinestesia.
Recebo a tempestade de cabelos molhados, pelos eriçados e braços abertos. Entrego a ela minhas palavras, meus versos, minha poesia.
Sou grata pela delicadeza do céu que ao verter suas lágrimas desemboca em nós feito rio, nos invadindo por dentro. Inundando tudo o que está vazio.