Saindo por detrás das cortinas (como numa estréia)
Uma menina debruça seus cotovelos na janela.
Desta moldura ela vislumbra a vida
Como quem joga pedras num rio.
Espectadora do tempo
Ela vê, analisa, disseca o que se passa a sua frente...
Sorri ao sol, às flores, aos pássaros e suspira pelos amores.
Estica seus dedos para alcançar paixões efêmeras,
Vulcões e estrelas que cintilam e aquecem os corações alheios.
Seus olhos brilham seduzidos pela força e fé, de quem se atira de peito aberto
Aos precipícios de estalagmites feitos de emoções mundanas.
A donzela que a tudo vigia, enxerga tanto a tudo,
que cega-se diante do novelo de sua sorte a desfiar-se no romper de sua taquicardia.
Aos seus pés descalços precipitam unhas roídas...
Cada uma contendo uma esperança ceifada pelos seus fantasmas inúteis!
Mal sabe ela que na Roda do Zodíaco o Leão se põe ao lado da Virgem para servir-lhe de montaria,
E com ele, ela será capaz de viajar por distantes continentes que busca (talvez dentro de si).
Feito escultura de "namoradeira", continua em sua segura veneziana a espiar...
"Quem sabe escancarando bem esta janela os pássaros entrem e comigo queiram estar?"
Seria um risco muito grande fugir de sua clausura e enfrentar os espinhos do caminho,e assim, mais uma vez ela vacila.
Pobre menina bela!
Não tolera seus enigmas e nem os labirintos ocultos nos olhos que te miram.
Um dia, "a mulher" a tirará de seu posto.
E lhe mostrará que a ousadia e tutano pegam a vida pelos colarinhos
E a esfrega na fuça de quem a "negou por três vezes diante do espelho".
(Sérgio Froes, meu amigo, sol em Gêmeos, me presentou com esse texto em julho de 2012)