Escrevi muito menos esse ano. As palavras sempre me vieram com força, a escrita fluía. Mas tudo nesse ano me paralisa.
Não tenho inteligência emocional pra lidar com a situação que estamos vivendo. O dia de hoje, pra mim, talvez tenha sido a gota d'água.
Saí do celular e fui pra cozinha chorar. Difícil conter quase 365 dias de raiva e de lágrimas. Um misto de ódio e impotência por não entender ainda como chegamos a esse estado de agressão, em que a violência não apenas é normalizada, como estimulada.
Falhamos como nação quando elegemos um político que não sofreu uma sanção sequer ao exaltar um torturador dentro da casa do povo.
Falhamos como nação quando perseguimos a imprensa, criminalizamos jornalistas, ameaçamos a oposição.
Falhamos como nação quando aplaudimos um jornalista que coloca em dúvida a capacidade de um colega de cuidar dos seus próprios filhos e de constituir família, num ataque pessoal baixo, e que ainda o agride fisicamente num programa de rádio, de forma covarde.
Falhamos como seres humanos quando colocamos Deus acima de tudo e esquecemos de ter empatia, solidariedade, compaixão.
Não sei onde isso vai dar, mas tenho medo dos dias que virão.