É inevitável pensar em tudo que atravessei enquanto escrevi boa parte dos meus textos. A memória não vacila: as palavras me entregam.
Venho resistindo. Porque a página em branco sempre foi meu abrigo. E ultimamente o silêncio toma lugar.
Não é fácil. Queria poder transmutar o sentimento, torná-lo eloquente, palpável. Queria, quem sabe, exorcizá-lo. Retomar a beleza da escrita.
Tem sido difícil. Os ares pesados me contaminam. E às vezes (muitas vezes), me pergunto se há sentido. Se há saída.
Escrevo com os olhos cheios de lágrimas.
A poesia me salvou inúmeras vezes, me acompanhou quando me senti desamparada.
Impossível dissociar a sensibilidade do meu contexto.
Impossível inventar um roteiro. A realidade já é dramática.
Eu tento. Por teimosia, como um manifesto.
A dor às vezes abafa, mas há uma voz inquieta, que jamais cala.
Escrevo também como forma de resistência.
É o meu enfrentamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário