segunda-feira, 1 de abril de 2019

Dona Maria

Revendo algumas fotos, me deparei com a sua. Aquele cabelo bem curto e macio, as mãos sempre pintadas com um esmalte clarinho, uma blusa azul e um sorriso. Que iluminava tudo em volta. 
De imediato meus olhos encheram d'água.
Eu me entrego à rotina, mas sabe, dona Maria, te carrego aqui dentro para melhor atravessar os dias.
Difícil encontrar palavras para discorrer sobre a morte e o luto, sobre o vazio dessa perda que me inunda.
Tamanha falta transborda tristeza, mas se perpetua nessa melancolia que, embora cinza, é quase sempre bonita.
A senhora foi embora.
E deixou essa saudade que faz casa no meu peito.
Te eternizo, dona Maria. Nas palavras, na paisagem, na fotografia.
Para ressignificar a minha história e encarar, com a sua delicadeza, a rispidez da rotina.
Obrigada pela doçura, pela leveza e por ter demonstrado, com maestria, o que é ter (e ser) coragem. 
Te eternizo, dona Maria. 
Porque só o amor é capaz de tornar a vida infinita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário