sábado, 30 de dezembro de 2017

2018

Que a gratidão seja exercitada e sentida dia após dia, e não apenas mais uma palavra repetida em vão.
Que a espiritualidade propicie uma maior intimidade com quem somos, e que desbravar a nossa essência seja a nossa maior missão.
Que sejamos honestos, limpos, verdadeiros,  despidos de qualquer espécie de ódio ou preconceito, alinhados com nossos valores mais bonitos.
Que sejamos menos críticos com a imagem refletida no espelho e mais atentos ao que se passa por dentro.
Que saibamos não apenas pedir desculpas, mas sobretudo perdoar os nossos erros e os alheios.

Que mudanças positivas aconteçam TODOS os dias, sem data pré-determinada para começar.
Que o verbo a reger nossa trajetória não apenas no próximo ano, mas em toda a nossa vida seja este: AMAR.

Que a novidade não se restrinja a um dia no calendário, mas nos invada e preencha por inteiro.
Por essa razão, desejo um feliz crescimento.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

On ne change pas

On ne change pas
On met juste les costumes d'autres sur soi
On ne change pas
Une veste ne cache qu'un peu de ce qu'on voit
On ne grandit pas
On pousse un peu, tout juste
Le temps d'un reve, d'un songe
Et les toucher du doigt
Mais on n'oublie pas
L'enfant qui reste, presque nu
Les instants d'innocence
Quand on ne savait pas
On ne change pas
On attrape des airs et des poses de combat
On ne change pas
On se donne le change, on croit
Que l'on fait des choix
Mais si tu grattes la
Tout pres de l'apparence tremble
Un petit qui nous ressemble
On sait bien qu'il est la
On l'entend parfois
Sa rengaine insolente
Qui s'entete et qui repete
Oh ne me quitte pas
On n'oublie jamais
On a toujours un geste
Qui trahit qui l'on est
Un prince, un valet
Sous la couronne un regard
Une arrogance, un trait
D'un prince ou d'un valet
Je sais tellement ca
J'ai copie des images
Et des reves que j'avais
Tous ces milliers de reves
Mais si pres de moi
Une petite fille maigre
Marche a Charlemagne, inquiete
Et me parle tout bas
On ne change pas,
on met juste les costumes d'autres et voila
On ne change pas,
On ne cache qu'un instant de soi
Une petite fille
Ingrate et solitaire marche
Et reve dans les neiges
En oubliant le froid
Si je la maquille
Elle disparait un peu,
Le temps de me regarder faire
Et se moquer de moi
Une petite fille
Une toute petite fille
Une toute petite fille
Une toute petite fille

(Celine Dion)

sábado, 23 de dezembro de 2017

Liberdade é não ter um par de asas
E por pura teimosia insistir em voar.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Silenciar, quando o barulho interno é imenso. 
Aceitar, sem julgamentos, o seu avesso.
Autoconhecimento é o respeito consigo mesmo.

É voltar o seu olhar mais amoroso para dentro.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Fechei meus olhos e naquele momento me vi. 
Enxerguei algo além do reflexo acostumado, o qual encaro, repetidamente, no espelho do meu quarto.
Eu fechei meus olhos e, por um breve instante, me reconheci. 
Sozinha, enfrentei os meus medos
Desamparada, desassossegada, em desespero.
Aos poucos, me despedi de mim.
Eu morri para quem eu era. 
Abri os olhos.
E renasci.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Vou te fazer um chá de erva doce e, prometo, essa angústia ancorada no teu peito um dia acaba. Pode não ser agora, mas o tempo é mestre de obras. Ele desfaz, destrói, bagunça tudo em volta. Mas o tempo cura. O tempo restaura. 
Te juro, essa dor tão aguda se transforma em força, esse nó emaranhado no teu peito desata. A alegria é a melhor vingança. 
O teu sorriso é a tua maior arma.


Sou toda ouvidos e coração
Estamos juntas, de mãos dadas
Vou te fazer um chá de erva doce
E te prometo, isso tudo passa.


(Onde sobra amor nada falta)


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Quando você não está

Enquanto houver esse imenso vazio para preencher
E quando a saudade insistir em doer
Repetirei, mais uma vez, que te amo
E que não há um segundo em que eu não pense em você

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Tracei as rotas, sinalizei com placas, previ a trajetória
Para me perder, eu mesma fiz um mapa
Dos caminhos, escolhi os labirintos
E arrumei as malas.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Tudo o que lhe invade, inspira
Nada a limita
As banalidades, as  singelezas, a rotina
São motrizes da sua vida
Tudo o que sente vira arte
Ela dá às palavras liberdade
O que permanece é poesia

sábado, 2 de dezembro de 2017

Aos poucos compreendo que não preciso me permitir viver na superfície das coisas, embora tudo o que me ofereçam seja quase sempre raso e vago. Ser denso e ir além da margem são uma escolha.
Eu ando de mãos dadas com Frances Ha, Sylvia Plath e Damien Rice.
Sou feita de profundidades, embora eu mal saiba nadar.
"I like things that look like mistakes".

Que jeito, só me resta mesmo transbordar.
Escrever é fácil.
Difícil é fazer as palavras (se) encantarem.

domingo, 26 de novembro de 2017

Eternal sunshine
Mente sem lembranças
"Just a fucked up girl who's looking for her own peace of mind"
É sobre pertencer
E encontrar o seu lugar
É sobre se perguntar:
Am I exactly where I'm supposed to be?
E simplesmente estar.
Faz 25 graus na noite dessa cidade que só chove. É novidade um clima tão ameno quando o sol, na maior parte do tempo, flameja e arde.
Pouco sei das cores lá fora, nem sei que horas são, mas é sempre tarde.

Andamos sós, eu e o tempo. Ele, apressado, vezenquando me atravessa correndo. E eu, quase sempre estática, ando desesperada por movimento.  Tento me encontrar nos discos, nos filmes, em textos alheios. Busco, do meu jeito torto, fazer as pazes com os ponteiros. Estou presa entre as quatro paredes do quarto e do medo.
Estou tentando arduamente ser quem eu sou.
Talvez seja por isso que escrevo.
"Anchored and yet free"

Poderia ser uma próxima tatuagem ou reflexo dessa minha urgência por liberdade. Não acho coincidência: nasci dia 7 de setembro, sol em virgem, ascendente em aquário. Dia da independência.
É que eu tenho lido muito e mergulhado em tantos mundos, me sinto a cada dia mais distante de quem eu era e mais próxima de quem eu quero ser. Mas se você me perguntar agora quem sou, serei breve e honesta: ainda não sei.
Tenho 27 anos, um bocado de lembranças e estou traçando meus caminhos, construindo, a cada dia, a minha trajetória. Já estive mais à vontade comigo, já fui menos exigente e paranoica, mas estou tentando, voltando o meu olhar pra dentro, me (re)conhecendo. Isso é o que realmente importa.
Estou constantemente de mudança.
Sou instável, inconstante, ambígua e transitória.
A cada dia aprendo um pouco mais
Ser feliz é abraçar a si mesmo, se olhar no espelho e dizer: 'obrigado por não desistir. 
Tenho muito orgulho da sua história.'
A cada dia me forço a crescer, a romper barreiras, a vencer o medo, as crises, a depressão. Às vezes me sinto completa, leve e plena. Às vezes me sinto no olho do furacão. Espero demais de mim, crio e quebro minhas próprias expectativas, respiro com as mãos no peito, me desespero. Brigo, choro e faço as pazes comigo. E agradeço.
É por andar na corda bamba que alcanço o equilíbrio.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Abandonar atalhos
Reconstruir caminhos
E fazer de si mesmo seu próprio lar.
Já uso a expressão "naquele tempo"
Quando o tempo era só um ponteiro em movimento passando devagar
Hoje eu compreendo
A leveza consiste em simplesmente ser
E estar
Tudo o que existe (e resiste) é o agora
Só se sabe eterno quem não tem pressa de chegar

domingo, 12 de novembro de 2017

Atravessar novembro traz consigo um peso muito parecido com antigos agostos. Chove quase todos os dias e o azul do céu é tomado por escalas de cinza.
Não ligo a tv, acordo cedo, leio. Ouço jazz dos anos 30 enquanto volto um pouco no tempo.
Tenho dado alguns passos em falso, mas insisto em redescobrir os caminhos. Faço de mim minha casa, minha morada. Me abraço, me acalmo, me faço companhia.
Repito todos os dias: 'o melhor está por vir, não desista.'
E eu acredito no que digo por pura teimosia.

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

"O apreço pela jornada é uma questão de sobrevivência
É preciso gostar do erro,
Topar se arrepender
Ver orgulho na caminhada, por si só.
Sabe,
Não dá pra ter tristeza muito longa
Nem alegria de mentira
Há tempo
E há vida."

(Mallu Magalhães)

sábado, 21 de outubro de 2017

Quem tem consciência para ter coragem
Quem tem a força de saber que existe
E no centro da própria engrenagem
Inventa contra a mola que resiste
Quem não vacila mesmo derrotado
Quem já perdido nunca desespera
E envolto em tempestade, decepado
Entre os dentes segura a primavera

(Secos e Molhados in Primavera nos Dentes)

terça-feira, 17 de outubro de 2017

O dia foi estressante, frustrante, cansativo. Muito parecido com um daqueles dias aí no Rio.
Coloquei essa música como forma de manifesto. Minha resposta a tudo o que me rodeia. Tudo o que detesto. 
Aí acendi um cigarro e enchi uma taça de vinho. Me aqueço por dentro quando o calor da cidade não me traz nada além de frio.

Escrevo mais é para matar a saudade quando é só vontade tudo o que sinto.

"Daqui de dentro
O sol é pouco, eu berro
Pinturas velhas
Não renovam mais meu ar
Vem me acalma
Traz os discos, fica
O que eu preciso é me esquecer"
"Me lembro bem da carta que eu lhe escrevi, sobre deixar os outros em paz. Realmente o tom geral devia estar pessimista. O pessimismo passou, mas o bom propósito não: farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz..." 

(Clarice Lispector in Minhas Queridas)

sábado, 14 de outubro de 2017

Learn to chase (and choose) love instead of hate
Be free to pursuit happiness in spite of all the sadness they crave

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Meninos São José

Toda criança me arrebata,
toda criança, por me olhar,
me arregaça as mangas do amor
e dele, desse amor,
morro de emoção.
Há nisso mais do que o fato
de criança ser igual flor,
mais do que criança ser da vida
a metáfora das coisas
e seu verdadeiro valor.
Vejo José pousando sobre a casa
as asas dele mudam o episódio lar.
Abraço o José em todo riso
e mesmo quando não o tenho no
colo todo o tempo...
evento de criança soprando a casa!
Eu fico com as pernas bambas
quando quem me aponta é uma criança.
José é Júlia, também Carolina, também Pedro, também Clara,
também Olívia, também Antônio, também Valentina, também Lina,
também João,também Luíza, também Nicolau, também Juliano,
Guilherme, Diogo, Jonas, Mayara, Vinícius, Leon, Natassia,
José é todas as galáxias de meninos,
porque são só verdades,
belas verdades,
límpidas eternidades,
futuros mundos.
Belas!
Tenho vontade de defendê-las
das injustiças dos ditos maiores,
dos esticados que,
aprisionados,
querem aprisionar.
Por todo o sempre e agora,
toda criança quando chora,
respondo- que foi?
Quem não te tratou direito?
(Toda criança quando chora
acho que me diz respeito.)
Quero as palavras delas,
a nitidez sublime das conversas
delirantes e sábias,
quero os descobrimentos que trazem
em sua transparência natural!
José voa na casa e eu pulso
no ventre como uma grávida perene, meu Deus,
(todo filho do mundo
é um pouco filho meu!)
Como me amolece o coração
barulho som de grito de infância
no colégio de manhã!
Como é, para o meu frio, lã
uma mãozinha pequenina
dizendo pra mim dos caminhos...,
elazinha dentro da minha,
como o dia carregando a noite e seu luar,
e aquela vozinha sem gastar,
me pedindo com carinho e desamparo:
me leva lá?
Não mimem crianças ao invés de amá-las,
para não adoecê-las
para não encouraçá-las!
Não oprimam crianças na minha frente,
vou interferir, vocês vão se danar,
vou escancarar!
Não usem criança na minha presença,
tomarei o partido delas,
não terão minha parcimônia,
não vou compactuar!
Não cunhem nelas a tirania,
eu vou denunciar!
Sou maternal de universo,
mil crianças caminham comigo!
Sou árvore cuja semente
se chama umbigo.
Ai... toda criança
quando grita mamãe,
respondo: que foi?
(Acho que é comigo!)

(Elisa Lucinda)
Não foi por você sempre encontrar uma forma de manter contato.
Nem a desculpa de me proteger da chuva naquele dia nublado.
Não foi o primeiro beijo roubado, ansioso, taquicárdico. 
Nem o cheiro do charuto impregnado no meu olfato.

Não foi o sinal no canto da boca agora escondido pelo seu cavanhaque.
Nem a gravata mostarda até hoje guardada na gaveta em nosso quarto.
Não é por eu quase sempre morrer de frio e você me aquecer com o seu abraço.
Não é por você tocar violão baixinho e eu gostar tanto da sua voz, sempre pedindo pra você cantar mais alto.

Não é o fato de você ter falado eu te amo primeiro naquela manhã do dia 23.
Nem é o sorriso arrebatador e desconcertante que você tem.

Foi porque antes mesmo da chuva, do beijo, da gravata, do cheiro, eu sabia que era você. 
(E minha resposta desde sempre foi 'eu também')
Eu tinha 8 anos. E minha mãe tinha o costume de fazer coletâneas em fitas k7. 
Aleatoriamente, ouvi uma música que começava assim "Parece cocaína mas é só tristeza..." Foi aí então que tive meu primeiro contato com a poesia do Renato Russo. Depois de algum tempo, minha mãe me contou que durante a gravidez ela ouvia muito os discos da Legião Urbana, porque um amigo dela, o tio Beto, era muito fã da banda. Cá estou, 27 anos depois, com uma tatuagem na nuca e mais fã do que nunca. Fiz grandes amizades trocando ideias sobre os discos. Aprendi meus primeiros palavrões ouvindo Faroeste Caboclo. Escutava Quando Você Voltar e Os Barcos para atravessar as desilusões. Fiquei muito politizada graças a Perfeição. E se hoje estou aqui, é porque resisti ao som de Metal Contra as Nuvens
A Legião Urbana moldou muito do meu caráter.

Hoje faz 21 anos que o Renato Russo morreu. Não há um 11 de outubro em que eu não me recorde de todo o seu talento. Os valores de tolerância, afeto, respeito, indignação e esperança eu adquiri ouvindo suas músicas. Guardo a Legião Urbana num lugar sagrado.
Obrigada por ser trilha e inspiração de tantas vidas. Esse talvez seja o seu maior legado.

Urbana Legio Omnia Vincit
Força Sempre

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Não falaram sobre o sol que insistiu em romper as nuvens em pleno domingo mesmo quando parecia que ia cair um temporal.
Não noticiaram as roupas dançando com o vento enquanto as estendia no varal.
Não sentiram a brisa leve invadindo a noite, enquanto eu olhava pro céu do meu quintal.
Não lembraram que na maior parte do tempo há mais bondade e beleza no mundo comparado ao que há de mal.
Não, as singelezas da vida quase nunca são bem vindas na capa do jornal.

sábado, 30 de setembro de 2017

O melhor do tempo é que ele passa. E a gente aprende a atravessar os momentos difíceis. Ao olhar para trás agora, sinto o agridoce da nostalgia e do saudosismo...Nem tudo são sombras. A mente filtra boa parte das lembranças.
E guardamos com carinho aquilo que foi mais bonito.
Madrugada sem fim. Fazia tempo que não ficava encarando o teto, luzes do quarto apagadas, mente invadida por pensamentos dispersos. 
Pensei comigo: admito, acabei me tornando uma versão de mim mesma. Há 7 anos eu escrevia com uma fluidez que atualmente me deixa atordoada. Tenho uma vaga lembrança de quem eu era à época. E isso me abala.
Jamais conseguiria expor sentimentos com tanta crueza, transparência e audácia.
E eu tento compreender os motivos, afinal, escrever sempre foi o meu jeito de colocar para fora tudo o que eu sinto. E a pergunta que me toma em meio a isso é: o que mudou? Quem eu realmente sou? Eu faço da escrita a minha metáfora.

Nos últimos tempos, a minha maior busca foi por perdão. Sem autopiedade ou excesso de auto congratulação. Eu precisava mesmo deixar o passado para trás. Precisava parar de responsabilizar o mundo lá fora. Fazendo as pazes, eu ficaria em paz. Entrei numa jornada de autoconhecimento que abriu uma caixa de Pandora. Não está sendo fácil: a cada descoberta, sinto um soco invadir meu estômago. Revivi traumas e dores, me libertei de algumas armadilhas, estou aprendendo a não me sabotar. 
A questão é que uma vez trilhado esse caminho, não há mais como voltar. E aí mora o medo. O medo de ser desmascarado, de não se reconhecer no espelho, de compreender que embora tudo tenha uma razão de ser, nem tudo é mágico e bonito. Então repito comigo: tudo tem um porquê. Lidar com o fato de que ser quem você é significa abraçar a sua paranoia, suas crises e sua loucura, me assusta. Mas também me consola.

Meu maior medo talvez seja cair e quebrar a pessoa que eu duramente tenho tentado consertar.
Talvez eu só esteja divagando e nada disso tenha sentido para você que me lê (se é que alguém me lê).
O fato é que o mundo anda escuro e ele reflete muito daquilo que a gente não quer ver. Talvez a parte boa disso tudo é saber que a luz mora dentro de você.
(É preciso ter coragem para deixar-se acender)
Tudo é tão intenso que dói como um soco na cara
Não é que eu não tenha o que dizer
Só não encontro as palavras

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Cercada de um vazio imenso
Anseios ancorados no peito
O mundo insano grita lá fora
Enquanto encontro abrigo em silêncios
Há sempre alguma coisa ausente
Mas a solidão já não me apavora
A plenitude que sinto é tamanha
Que transborda

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Você é aquela música que eu ouço agora e não me diz nada:
ela vai significar o mundo no exato segundo em que você for embora.

sábado, 16 de setembro de 2017

27

27 anos de gratidão
Por tudo o que aprendi
Por estar onde estou
Por ser exatamente como sou
Por respeitar os meus medos
Acalmar meus anseios
E viver por amor
Gratidão por ter chegado até aqui
E por tudo que ainda há de vir
"What comes is better than what came before"
I do believe

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

"Beautiful girl
May the weight of the world resign
You will get better
You will get better."

(William Fitzsimmons)

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Eu sinto muito
E sinto orgulho
De sentir tanto
O tempo todo

Eu sinto o mundo
Sensível a tudo
Não me escondo
Sou quem sou
E me acolho

Sinto muito
Eu não mudo
Sentir muito
É para poucos

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Sentei naquele bar e enchi minha taça pela metade, jurando que era a última vez que iria me embriagar. Meus pensamentos são lúcidos demais, às vezes quero apenas deixá-los fluir, sem me apegar.
Vivo meus dias com certa covardia. Meço minhas palavras, calculo meus passos, insisto em ter controle de mim mesma: me policio, me repreendo, me castigo. Está para nascer alguém mais autocrítica.
E os silêncios que me tomam em meio ao álcool são mais densos que a fumaça do cigarro: meu corpo vibra a cada trago. E essa é apenas mais uma promessa que insisti em quebrar.

Estou rodeada de espelhos. Nenhuma janela na qual eu possa debruçar. Sou forçada a me olhar de frente. A encarar meus fantasmas e medos sem entorpecentes. A realidade é mais tóxica do que eu poderia imaginar.
(O vinho não é mais tão eficiente)


"I will not pretend 
I will not put on a smile 
I will not say I'm all right for you 
When all I wanted was to be good 
To do everything in truth 
To do everything in truth"

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Não há nada como encher o coração de gratidão por estar em total coerência com quem se é. Faço valer o meu papel no mundo. Embora eu sinta um aperto no peito ao me deparar com situações que por vezes me frustram, me pergunto: como eu posso crescer com isso tudo? 
Há tanto a ser visto, sentido e vivido, há plenitude e leveza no percurso, mesmo quando tudo parece difícil. É preciso coragem. Só vive bem aquele que é leal ao que acredita. Não há caminho errados. O que se leva da vida é o aprendizado.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Viver é uma jornada de autoconhecimento.
É a desconstrução de quem se é em busca de um aprendizado maior. 
Se você se permite trilhar novos caminhos e reinventar seus passos, descobre a cada dia inúmeros motivos para ser grato.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

A gente não é forte todo dia. Às vezes a mente cria tantas armadilhas que ficar parado parece a única alternativa. Nunca é. A vida é feita de passos dados, ainda que estejamos exaustos. A caminhada exige leveza. E sobretudo paciência. É preciso olhar além dos percalços. E ser grato pelos obstáculos ultrapassados.
Seguir em frente é um ato de resistência.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

"A paz de estar em par com Deus."

sábado, 29 de julho de 2017

A tela em branco me assombra. Não consigo compor uma paisagem nessa cidade tão árida. Apenas sinto, guardo cada impressão comigo, quando diariamente às seis horas de tardes eternas saio do meu quarto escuro para ver o sol se pôr; registro a poesia do momento com uma fotografia. Para não deixar a beleza das coisas mais simples esmaecer. Para não endurecer.
Me entrego à pintura do crepúsculo como se todas as cores ali dispostas pudessem preencher as escalas em cinza da rotina. Não é por falta de amor, signo e significado dos meus dias. Me falta pertencer, desacostumar o meu olhar. Não consegui estabelecer uma conexão real com esse lugar. Há muita superficialidade nas relações e absolutamente tudo me espanta. É horrível admitir, mas não foi difícil me isolar. Jamais estive tão próxima a mim, 
apesar do desencontro com as palavras.

Ainda não consegui ocupar essa cidade. 
Não criei raízes nesse chão:
Me sinto escassa.

Sou uma estrangeira que trouxe consigo apenas o vazio de uma mala extraviada. 
O resto é solidão.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Hoje você me machucou e eu não falei nada. Permiti à dor doer um pouco, os olhos encherem de lágrimas. E deixei pra lá. Tenho deixado pra lá mais do que gostaria de aceitar, é verdade. Menos pela falta de paciência ou pelo cansaço. Mais pelo desgaste.
Sinto como se eu estivesse no piloto automático, esperando o momento em que todas essas pequenas mágoas vão me fazer voar para longe do teu lado. Já estou (me) mudando, talvez você não tenha notado.

É triste perceber como a relação é frágil, pois qualquer coisa é capaz de causar abalos. Às vezes sinto que todo meu esforço se esvai ladeira abaixo, que o amor que você diz sentir por mim é absolutamente vulnerável. Amor é urgência. Amor pede presença, respeito e cuidado.
Tentei, tentamos. 
Pode ser da vida dar errado.

(Gratidão pelas vivências alheias transmutadas em palavras que, embora caladas, andam de mãos dadas.)
Olhei-me no espelho e disse sem rodeios: te vira.
Você é a única responsável pelas angústias que te afligem, pelas energias que te contaminam, por absolutamente TUDO o que acontece no teu dia.

Modifique teu olhar e transforme o mundo ao redor. Sinta.
Cabe a você decidir ser coadjuvante-vitimista ou a autora da tua história.
Seja a protagonista da tua própria vida.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Meu olhar é desacostumado
O coração, taquicárdico
As palavras se embaraçam
Falta o ar
Guardo teu gosto e teu cheiro
O afago quando me aninho no teu peito
Fiz do teu corpo meu templo
Meu abrigo
Meu lugar
Te ter é transbordar poesia
Encantamento inédito no meu dia a dia
A vista é sublime do lado de cá
Você me inspira as rimas mais bonitas
"E as coisas lindas são mais lindas quando você está."
Cada segundo é uma oportunidade que temos para obter novas experiências, alargar nosso horizonte estreito, aprender a vivenciar a vida com amor, vontade, equilíbrio e respeito.
Só vive plenamente quem tem coragem de não se manter estático.
Viver é travar uma batalha diária contra o medo.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Sigo tentando. Porque tentar também é movimento. 
Continuo caminhando, traçando o agora a cada passo dado. 
Só o presente existe.
Nada mais importa.
O tempo é valioso demais para ser desperdiçado.

domingo, 9 de julho de 2017

Ando de mãos dadas com a fé, saúdo o sol e coleciono sorrisos
Me orgulham meu sotaque, minha cidade, os braços sempre abertos do meu Cristo
Sou samba, rock e bossa nova
Trago um mar de amor comigo.
Sou filha da Guanabara
E, por isso,
Rio.

quinta-feira, 29 de junho de 2017

There's still a little bit of your taste in my mouth
There's still a little bit of you laced with my doubt
It's still a little hard to say what's going on
There's still a little bit of your ghost your witness
There's still a little bit of your face I haven't kissed
You step a little closer each day
Still I can't see what's going on
Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life taught me to die
So it's not hard to fall
When you float like a cannonball
There's still a little bit of your song in my ear
There's still a little bit of your words I long to hear
You step a little closer to me
So close that I can't see what's going on
Stones taught me to fly
Love taught me to lie
Life taught me to die
So it's not hard to fall
When you float like a cannon
Stones taught me to fly
Love taught me to cry
So come on courage
Teach me to be shy
'Cause it's not hard to fall
And I don't want to scare her
It's not hard to fall
And I don't wanna lose
It's not hard to grow
When you know that you just don't know

(Damien Rice in Cannonball)

domingo, 25 de junho de 2017

... porque eu continuo tentando extrair alguma lucidez disso tudo. Porque os (des)caminhos talvez não sejam tão somente destinos, mas sinais de que eu posso até andar só, mas não me sinto mais sozinho. E que a solidão é mesmo subestimada. E que eu continuo parado olhando tudo de fora, compreendendo quase nada, silenciando qualquer tentativa de explicar o que trago dentro de mim, abafando as palavras.
Sentir é mesmo perigoso. A entrega é o que nos mata.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

O meu lugar é onde o amor está.
So far from home
Somewhere away from here
Tão distante de mim
And I miss every little thing

terça-feira, 13 de junho de 2017

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
(Ricardo Reis)

quinta-feira, 8 de junho de 2017

E disse:
eu tenho medo de morrer porque eu não quero te esquecer.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Quando estou com você
O mundo ao redor desaparece
Me sinto maior
Me sinto melhor
Me sinto mais leve

sábado, 3 de junho de 2017

A vida é um bocado de memórias
E ao longo dessa trajetória
Só quero tecer as histórias mais bonitas
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei-de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente, reparei
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante às sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.

(Álvaro de Campos)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Eu poderia escrever qualquer coisa sobre você e acredito que nada faria jus ao que sinto, mas insisto mesmo assim:
Obrigada por estar aqui. Por compreender minhas inconstâncias, por respeitar meus medos e inseguranças, por cuidar de mim.
Obrigada por ser amigo, marido e abrigo.
Obrigada por existir.

Você me faz verdadeiramente feliz.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Ser leve é bem mais difícil que parece, e ainda assim insisto. A cada segundo me policio, não vacilo, é muito fácil se entregar a pensamentos negativos e destrutivos. Tudo ao meu redor parece conspirar. E mentalmente travo uma batalha: que sentimento vai ganhar?
Tudo se resume a uma palavra: perdoar. Carrego uma bagagem pesada de rancor e mágoa, coleciono pessoas das quais sinto raiva, e confesso que pra mim é um trabalho árduo deixar para trás. À tristeza sou apegada. Isso transparece através da languidez do meu olhar.
Talvez eu precise me transportar para uma época em que eu vibrava outra energia. E que em meio ao caos, conseguia me manter em paz, com um sorriso nos lábios, em perfeita sintonia. Talvez em Búzios. Talvez ouvindo Jack Johnson. Talvez caminhando bem cedo. Talvez encontrando meus amigos. Talvez seja tudo. Ou nada disso.
Talvez seja mais uma desculpa por estar envelhecendo e ainda não ter feito as pazes comigo.
Talvez seja apenas mais um pedido desesperado por luz e equilíbrio.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Gratidão ao Universo. Pela energia canalizada, pelas emoções equilibradas, pelas vibrações capazes de curar.
Gratidão ao Universo. Pela força que me permite continuar, pela insistência, quando seria muito mais cômodo estagnar. 
Gratidão ao Universo. Pelas pessoas que me cercam. Por todos que entraram na minha vida, inclusive os que saíram e especialmente os que permaneceram.
Gratidão ao Universo. Pelas palavras. Escrevo mesmo é para dar leveza à minha alma.
Gratidão ao Universo. Pelos pensamentos de clareza que diariamente me despertam.
Gratidão ao Universo. Por aprender a respeitar minhas angústias e a acolher os meus silêncios.
Gratidão ao Universo. Por, pouco a pouco, conseguir me libertar das armadilhas do ego.
Gratidão ao Universo. Por me tornar a cada dia alguém mais repleta de amor e menos refém do medo.
Gratidão ao Universo.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Tudo muda. Sentimentos, pensamentos, atitudes. O tempo é implacável. Cria, transforma e desfaz. Sem que se possa perceber, muito menos controlar. De repente, aquilo que parecia tão certo e seguro, não é mais.
Têm sido dias de mudanças tantas que os meus pés tão acostumados com o percurso, alcançaram um novo rumo e estão reaprendendo a caminhar. O novo assusta. Tenho deixado muito de mim para trás.  Mas em meio a tudo isso, tento extrair o aprendizado e crescimento necessários para seguir firme e em paz. O Universo tira e dá.
Aceito o que recebo e agradeço o que virá.
Em perfeita sintonia comigo eu quero estar.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A vida é mesmo como um teatro.
Cada um traz dentro de si bastidores e palco.
Mostramos apenas o que nos convém.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Acho que tá tudo meio escuro por dentro. Não sei bem o que pensar. Ou como verbalizar. Tenho ímpetos de sair correndo sem rumo e simplesmente gritar.
I'm kinda trapped in my own mind.
Esqueci de olhar os trânsitos diários. Há dias tento arrumar meus armários. Preciso de espaço. Insônia, taquicardia, sono sem descanso acompanhado por pesadelos. Uma vontade de abraçar esse vazio imenso.
E daí eu penso.
Repenso.
E acolho esse barulho intenso que mora nos meus silêncios.
"Eu me sinto às vezes tão frágil, queria me debruçar em alguém, em alguma coisa. Alguma segurança. Invento estorinhas para mim mesmo, o tempo todo, me conformo, me dou força. Mas a sensação de estar sozinho não me larga. Algumas paranóias, mas nada de grave. O que incomoda é esta fragilidade, essa aceitação, esse contentar-se com quase nada. " (Caio F. in Cartas)

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Eu sei, mas não devia (Marina Colasanti)

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

terça-feira, 9 de maio de 2017

A minha poesia não precisa alcançar nada.
Só precisa existir.
Já me basta.
Ah, eu lembro. E dá uma vontade danada de voltar no tempo e agradecer uma, duas, mil vezes pelas pessoas que me permitiram aprender e vivenciar tanto em tantos momentos.
Talvez eles não saibam, mas eu sei. A escola em que estudei ministrava aula de MPB. Fomentava o amor pela música e pela literatura, pela política, pela cultura. Era lúdico. Era (e ainda é) lindo de se ver. A cumplicidade entre aluno e professor.  O professor, a turma em uníssono e o seu violão. O conhecimento sendo transmitido assim, de forma tão poética e sincera, tão permanente. Como esquecer?
Talvez eu não me recorde das fórmulas de física, dos cálculos matemáticos, dos conceitos de biologia. Mas carrego comigo até hoje os valores da tolerância, do pensamento crítico, do respeito. De jurar solenemente não ler revistas Capricho rs. Lembro de poder expressar tudo o que eu sentia naquele meu caderno amarelo de redação. Lembro do meu primeiro contato com Clarice Lispector, Lya Luft, Guimarães Rosa, e seu Grande Sertão. Eu aprendi a ler de verdade ali. E pude me encontrar.
O que eu aprendi transcende qualquer aprovação no vestibular. Lá, pela primeira vez na minha trajetória, me senti ouvida. Me senti parte da construção de uma história. Sinto um carinho gigantesco, guardo cada conselho, cada lágrima compartilhada, as músicas do Belchior e do Oswaldo Montenegro, pelos quais sou apaixonada. Foi ali que surgiu meu encantamento por tudo que faz meu coração vibrar. Tudo aquilo que me dá leveza para atravessar a vida e coragem para enfrentar cada adversidade. Foi ali que eu entendi a importância de se fazer e ser poesia.
Foi ali que eu percebi quem eu queria ser de verdade.
Obrigada por terem me mostrado, sem mencionar uma só uma palavra, o que é liberdade.
Serei sempre grata.



Para Rose e Fred.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Às vezes sou tomada por uma urgência de não calar. Mas ainda não estou pronta pra dar voz ao que sinto e temo, tudo aquilo que mora em mim e ao qual me atenho, sem verbalizar.
Me agarro a lembranças e pensamentos, tentando em vão compreender o que se passa por dentro. E aí escrevo. E me perco ainda mais por não saber o caminho certo.
Queria poder gritar. Ressoar aos quatro cantos que sim, EU existo, estou viva, mesmo aos trancos, mesmo quando não me valho das palavras para expor meus desatinos, minha falta de jeito, meus desenganos.
Estou viva sim, com uma lucidez que chega a machucar de tão real. Sou humana e sigo errando. Caio, quebro. Conto até três. Aos pedaços me levanto. Pelo meu excesso de bagagem não extraviada eu respiro fundo. Aos poucos eu desapego. Aos poucos vou me recompondo.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Transformar a dor numa coisa bonita é um dom de quem nasceu para fazer (e ser) poesia.
Muito foi falado e eu sequer lembro. Acho que quis apagar a escuridão daquele momento. Esquecer também é uma maneira de cura. A ferida, pouco visível, continua. Dói fora. Mais ainda dentro. Ela lateja e machuca.
Me sinto desolada, angustiada, desesperada para apressar o tempo, ansiando pelo dia em que vou olhar para trás e tudo vai estar distante, tudo será uma mera lembrança sem resquícios de sofrimento. Anseio pelo dia em que estarei plena novamente e que eu reaprenda o verdadeiro sentido de estar em paz.
Sento debaixo do sol na tentativa de ser e ter esperança.
Prometi a mim mesma, não me doo mais.

domingo, 23 de abril de 2017

Embrace yourself
Learn to love everything about you that makes you breath
Carrego no peito o peso de tudo o que há de intangível. Não compreendo, não defino, não verbalizo. Tento encontrar uma emoção que possa descrever, tento alcançar a palavra. Não consigo. Esforço vão.
Apenas sinto.

sábado, 22 de abril de 2017

Antes eu me preocupava demais com a estética dos meus textos, procurava o verso perfeito e tentava fazer dos poemas uma expressão artística com um traço qualquer de beleza.
Com tudo o que ocorre ao meu redor, é difícil combinar palavras bonitas sem soar pedante e falsa. Sem soar ridícula.
Por isso sou forçada a (re)lembrar do que é feio, do que é torto, do que é sujo: a hipocrisia, a intolerância, o preconceito, a agressão, a violência, o mau caratismo, a desonestidade, a corrupção, a mentira.  Toda essa sordidez escancarada, toda essa nojeira cuspida pela mídia em nossas caras.
Os dias têm sido cinzas. Essa poesia eu teço com a amarga e patética realidade, com o caos que contamina e mitiga momentos desesperados por alegria.
É impossível ficar apática.
Essa lucidez talvez seja a melhor rima.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Embora algumas feridas ainda latejem com o frio dos dias, me tranquilizo com o fato de que elas estão cada vez menos doloridas.
Parei de romantizar o sofrimento, ele não cabe mais na minha escrita, na minha rotina, na minha vida.
Onde há dor, sobra amor.
Isso sim é poesia.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Eu achava bonita a história que havia sido escrita. Acreditava piamente em cada palavra dita, repetida, rasurada, reescrita. Eu acreditava na história porque com ela ressignifiquei a minha própria vida.
A história foi manchada mais uma vez por causa de mentiras. E dessa vez, dessa única e última vez, decidi colocar um ponto final nessas páginas repletas de vírgulas.

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Clarice in A Maçã no Escuro
Eu me permito vivenciar uma felicidade contida, porém contínua: estou recuperando o meu fôlego (de tanto gritar, foi imprescindível silenciar).
São outros tempos no mundo lá fora e sobretudo aqui dentro. Tudo muda e já não tenho mais medo. Aprendi a ser resiliente, a entregar meus anseios e a receber o que vem sem desespero. O que tem que ser tem muita força. Aceito cada transformação com amor e respeito. Minha gratidão é também consolo. Tudo a seu tempo.
Agradeço.
A vida é muito curta para deixar passar. A vida é muito curta para não falar olhando nos olhos.
A vida é muito curta para se aborrecer com besteira. A vida é muito curta para não acordar cedo. A vida é muito curta para não flagrar o dia amanhecendo. A vida é muito curta para não admirar pores- de- sol. Ou uma lua cheia. Ou um céu azul. Ou a chuva caindo. Ou uma constelação. A vida é muito curta para deixar para depois. A vida é muito curta para não se autoconhecer. A vida é muito curta para não se surpreender. A vida é muito curta para não se encantar.
A vida é muito curta.
A vida é muito curta.
A vida é muito curta.
Viver é um estado de liberdade.
Liberte-se.
A vida é muito curta para não se entregar.

domingo, 19 de março de 2017

Para uma menina com uma flor

 "[...]E porque você é uma menina com uma flor, eu lhe predigo muitos anos de felicidade, pelo menos até eu ficar velho: mas só quando eu der uma paradinha marota para olhar para trás, aí você pode se mandar, eu compreendo. [...]
E porque eu me levanto para recolher você no meu abraço, e o mato à nossa volta se faz murmuroso e se enche de vaga-lumes enquanto a noite desce com seus segredos, suas mortes, seus espantos - eu sei, ah, eu sei que o meu amor por você é feito de todos os amores que eu já tive, e você é a filha dileta de todas as mulheres que eu amei; e que todas as mulheres que eu amei, como tristes estátuas ao longo da aléia de um jardim noturno, foram passando você de mão em mão até mim, cuspindo no seu rosto e enfrentando a sua fronte de grinaldas; foram passando você até mim entre cantos, súplicas e vociferações - porque você é linda, porque você é meiga e sobretudo porque você é uma menina com uma flor."
(Vinicius de Moraes)
Não olhe para trás
Life is precious
Don't waste your time

sábado, 18 de março de 2017

Para quê ficar se remoendo?
A vida nos atravessa correndo
Felicidade é o que está acontecendo
Enquanto você perde tempo
Eis tudo o que tenho:
Liberdade para fazer o que quero
E a ilusão do tempo
O agora é meu ponteiro
Não esqueço
A eternidade mora em cada momento

quarta-feira, 15 de março de 2017

Pode ser por um segundo
Ou durar toda a vida
O essencial permanece
O que é verdadeiro vinga

quinta-feira, 9 de março de 2017

"Talvez eu tenha que chamar de mundo esse meu modo de ser um pouco de tudo. "
(Clarice Lispector)

sábado, 4 de março de 2017

Nunca fui muito afeita à ideia de "ser zen". Talvez eu nunca tenha compreendido o seu real sentido, talvez eu nunca tivesse de fato me permitido. Ser zen, entendo agora, não significa deixar de sentir. Ou de se importar. Ser zen é estar em par com o Universo, é abrir mão do controle de tudo o que está ao seu redor para deixar a energia vibrar e fluir.
É ter maior controle de si.
Estou passando por um processo de autocura e autoconhecimento: em virtude disso, venho tomando algumas atitudes (até irracionais, em certa medida) para romper ciclos e caminhar sem amarras.
Ser zen é uma libertação contínua. É algo que se aprende todos os dias. É uma consciência que transcende tudo aquilo que atravessa a nossa mente. É algo absolutamente íntimo e profundo.
A gente não se sabe zen. A gente (se) sente.
 

"Tudo o que eu não sei é que é a minha verdade."
(Clarice Lispector)

quinta-feira, 2 de março de 2017

Olhar bem dentro dos olhos de quem me magoou um dia e sorrir. Simplesmente sorrir, sem qualquer ironia.
Quero ser luz, deixar para trás o que passou.
Quero apenas dar e receber amor. É o meu projeto de vida.

" E tudo estava preso no seu peito. No peito que só sabia resignar-se, que só sabia suportar, só sabia pedir perdão, só sabia perdoar, que só aprendera a ter a doçura da infelicidade, e só aprendera a amar, a amar, a amar."
(Clarice Lispector in Felicidade Clandestina)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Para não esquecer

Há tanto a ser visto, sabido e sentido! Há tanta beleza palpável e intangível! Dedicar o seu tempo com o que não faz o coração vibrar é desperdício.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

A vastidão é um sopro: mora no silêncio, transcende o pensamento, foge do controle da mente.
Ser pleno é de uma leveza tão grande que quase escapa da gente.
Só sabe mesmo quem (se) sente.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

"Seja menos eficiente e mais criativo. Deixe-se guiar por este pensamento.
Não se preocupe muito com fins utilitaristas. Em vez disso, lembre-se, constantemente, de que você não veio ao mundo para se tornar uma mercadoria. Você não está aqui para ser uma ferramenta, isso não é digno. Nem para tornar-se cada vez mais eficiente, e sim para tornar-se cada vez mais vivo, mais inteligente, cada vez mais feliz, até o êxtase da felicidade."

(Osho in Aprendendo a silenciar a mente)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Se você sabe o que quer e, sobretudo, quem você é, o resto é um todo descartável.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Serenidade é poder olhar para trás e ser grata por cada passo dado, porque tudo, absolutamente tudo o que meus pés trilharam me conduziu a esse momento, ao que sou hoje. Sofri, chorei, caí e me levantei. E não me arrependo nem da dor, nem do sofrimento experimentados, pois me deram forças para continuar. Me transformaram.
Tenho muito orgulho da mulher que me tornei, apesar de.
Viver bem é meu maior legado.
Silenciar
Respirar
E agradecer.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

The heart of the matter

E disse: a ferida permanece ali, latente, pronta para doer. Basta olhar.
Acho que nunca vou conseguir me perdoar por ter insistido. Porque se eu não tivesse dado outras chances, outras oportunidades, não teriam feito tudo o que fizeram comigo.
Não é questão de esquecer ou deixar para trás.
É sobre continuar mesmo sabendo o peso que tanta decepção traz.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Muita gente atravessou meus dias me marcando intensamente...talvez elas nem saibam da importância que tiveram, como me afetaram profundamente.
Cada uma dessas pessoas teceu em mim um fio de inspiração e alegria. Agregou valor e sentido à minha vida.
Sou abençoada.
Minha gratidão não cabe em palavras.
Queria muito ter o mesmo encantamento de antes, o olhar limpo para captar a essência de tudo, ainda que doesse demais. Queria sentir profundamente, sem hesitar, queria voltar atrás para me perdoar pelo tanto que eu me magoei por medo, por imaturidade, por desespero. O quanto eu endureci por dentro.
Queria ser um pouco mais parecida comigo naquele tempo.
Acredito que perdi o jeito.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Queria ser poesia
Ser lida
Ainda que incompreendida
Tocar o outro profundamente
Ainda que sem sentido
Senti-la
Queria ser poesia
Que pouco fala
E mesmo assim grita
Que não cala
Que deságua
Em vez de lágrimas
Palavras
Essa falta é tão concreta que posso pegá-la na mão.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Somos unos e únicos no Universo
E a vida é rara
Para bom entendedor,
É o que basta.
Carregava âncoras no meu peito: andei machucada durante muito tempo. Tinha pavor de desistir e me destruía por dentro. Eu estava alheia à minha rotina. Foram necessárias lágrimas para que eu aprendesse a me a(r)mar. Cair, quebrar e juntar os cacos: a queda é o que mais ensina.
Eu sou a única responsável por me fazer feliz. Essa é a minha lição de vida.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Rememorar:
Quantas risadas escancaradas eu dava na companhia dos meus, que embora longe, mantenho dentro? As viagens, as conversas até de madrugada no bar, idas despretensiosas ao cinema, as conversas tão cheias de conteúdo (inclusive inútil). Tais pensamentos me fazem gargalhar (embora não matem a saudade).
Mas não enfeito o passado: ele foi muito pesado. Escrevia compulsivamente, na mesma frequência com que acendia cigarros e abusava de álcool. Fiquei sóbria poucas vezes naquele ano. Mascarava as dores no peito. As angústias, os anseios que atravessavam noites insones quando eu não tinha nada além da solidão para compartilhar. O vazio, os abismos. E o medo. O medo de tomar decisões, de arriscar, de sair do lugar.
E eu me permiti mudar.
Relendo meus textos mais antigos, percebo como deixei muito de quem eu era para trás. A essência é a mesma, mas eu não conseguia me enxergar. Muitas quedas e quebras me colocaram na posição em que estou hoje: tive que (re)aprender a me a(r)mar. E para isso, apurei meu olhar e minha sensibilidade, voltei-me para dentro para tentar me curar. Perdas e danos, certo descompasso entre o sentir e o verbalizar, lágrimas incessantes, palavras prestes a falar tudo aquilo que eu decidi calar...Confesso que demoli alguns muros e construí barreiras no lugar. Para me fortalecer. Para não desmoronar.
Mas hoje, hoje consigo encher meus pulmões de ar e respirar com certa paz.
Hoje eu consigo compreender o binômio "bem-estar".
Minha vida não é perfeita, há um longo percurso a ser trilhado, mas olhando novamente para trás, percebo que as minhas escolhas me moldaram. Não mudaria nada apesar de ter mudado tanto.
É para frente que se anda.
Continuo caminhando.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Felicidade genuína é se reinventar
Ser alguém melhor a cada dia
Transformar-se é tão essencial quanto respirar
A mudança é dádiva de vida

sábado, 28 de janeiro de 2017

OM MANI PADME HUM
Quando nada atende à ânsia de querer tudo
o tempo todo todo fim de dia
falta o ar (ela parou de fumar)
recupera o fôlego tragando poesia
*
O que lhe falta é só um canto
Para enfeitar de luz e boas energias
O que lhe falta é encanto
*
Sentir tanto paralisa
O sorriso não sai fácil
(E ela continua tentando)

"Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir." (Caio F. Abreu)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

"Eu aqui tenho ido um pouco aos trancos. Às vezes duvidando um pouco do acerto das opções que foram sendo feitas nos últimos anos, quando me dou por conta nesta cidade árida, sem nenhum amor, sem paz. Um ceticismo, umas durezas que eu não tinha antes."

(Caio Fernando Abreu)

Coração batendo taquicárdico, cuidado:
Sentir demais causa cansaço.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Para quem nasceu para se movimentar, pouco tempo é muito quando se está no mesmo lugar

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Apesar do mundo lá fora, desejo que exercite a paz dentro de você a cada dia.  Desejo que experimente o poder da gratidão e que a todo instante você encontre muitas razões para se encantar pela vida, difícil como ela é, mas indubitavelmente linda.
Todos os dias eu desaprendo algo
E reaprendo muito mais quando me desarmo
Sou feliz assim
Grata por não saber tudo
E por mudar a cada segundo
Para me (des)construir

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Aprendi a carregar um bocado de palavras comigo: quando estou distante de mim, nelas encontro abrigo.

"Minha liberdade é escrever."
(Clarice Lispector)
 

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

"You make me proud to be an artist. You make me feel that what I have in me — my body, my face, my age — is enough. You encapsulate that great Emile Zola quote that if you ask me as an artist what I came into this world to do, I as an artist would say, I came to live out loud." (Viola Davis to Meryl Streep)

"Disrespect invites disrespect, violence incites violence. And when the powerful use their position to bully others we all lose(...) Tommy Lee Jones said to me, “Isn’t it such a privilege, Meryl, just to be an actor?” Yeah, it is, and we have to remind each other of the privilege and the responsibility of the act of empathy. We should all be proud of the work Hollywood honors here tonight.
As my friend, the dear departed Princess Leia, said to me once, take your broken heart, make it into art. " (Meryl Streep to the WORLD)
Certa vez escrevi: " embora haja embriaguez, na minha ressaca agradeço a lucidez."
Há tempos sinto esse sabor ocre na boca, essa dor de cabeça latejante, essa ânsia de colocar algo (não sei bem o quê) para fora a todo instante.
E não preciso beber uma gota de álcool sequer. Olho à minha volta e me sinto tonta, desnorteada, ofegante. Tenho evitado assistir a tv. Tenho evitado ler. Mas por mais que eu me valha da alienação para me proteger, sinto no ar as más energias que me enervam e me sugam a cada dia.
Mas em meio a essa ressaca muito similar ao que se chama política, recebi uma injeção cavalar de glicose assistindo à transmissão do Golden Globe. Lá no fundo eu sabia que  de algum modo me salvaria.
Eis que fui presenteada com dois discursos absolutamente viscerais e, sobretudo, sóbrios em meio ao caos em que vivemos. Do meu ponto de vista, Viola Davis e Meryl Streep transformaram palavras em obra de arte; Viola, mostrando sua imensa admiração e gratidão por Meryl, e esta, homenageada da noite, expondo a violência que nos cerca, exaltando a sensibilidade que ainda nos resta.
Meus olhos se encheram d'água porque ouvi, numa língua que não é a minha, tudo aquilo que penso e por cansaço muitas vezes não consigo verbalizar. Senti um sopro de esperança e de inspiração para me manter firme nesse caminho. Por insistir, ainda que com pouca fé, em continuar defendendo tudo aquilo em que acredito.
Porque romper barreiras é necessário, requer árduo aprendizado. Consiste em exercitar o  olhar para as singelezas, para compreensão das vicissitudes, para o verdadeiro entendimento de que na vida em sociedade, tolerância e respeito são os valores mais básicos. Os muros físicos são muito pouco comparados àqueles construídos pela falta de empatia, pelo ódio gratuito e pelo preconceito.
Como já dito: " a boca só fala aquilo de que o coração está cheio".
Ainda que eu sinta certa desolação, insisto em crer que a cultura, seja como for, é essencial para transformar vidas.
Quando tudo está difícil, não me conformo. Eu não me anulo. Não me calo.
Eu brigo, eu choro, eu grito.
Eu me obrigo a sentir, afinal.
Eu faço literatura pra isso.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Eu pinto e (trans)bordo.