sábado, 30 de setembro de 2017

Madrugada sem fim. Fazia tempo que não ficava encarando o teto, luzes do quarto apagadas, mente invadida por pensamentos dispersos. 
Pensei comigo: admito, acabei me tornando uma versão de mim mesma. Há 7 anos eu escrevia com uma fluidez que atualmente me deixa atordoada. Tenho uma vaga lembrança de quem eu era à época. E isso me abala.
Jamais conseguiria expor sentimentos com tanta crueza, transparência e audácia.
E eu tento compreender os motivos, afinal, escrever sempre foi o meu jeito de colocar para fora tudo o que eu sinto. E a pergunta que me toma em meio a isso é: o que mudou? Quem eu realmente sou? Eu faço da escrita a minha metáfora.

Nos últimos tempos, a minha maior busca foi por perdão. Sem autopiedade ou excesso de auto congratulação. Eu precisava mesmo deixar o passado para trás. Precisava parar de responsabilizar o mundo lá fora. Fazendo as pazes, eu ficaria em paz. Entrei numa jornada de autoconhecimento que abriu uma caixa de Pandora. Não está sendo fácil: a cada descoberta, sinto um soco invadir meu estômago. Revivi traumas e dores, me libertei de algumas armadilhas, estou aprendendo a não me sabotar. 
A questão é que uma vez trilhado esse caminho, não há mais como voltar. E aí mora o medo. O medo de ser desmascarado, de não se reconhecer no espelho, de compreender que embora tudo tenha uma razão de ser, nem tudo é mágico e bonito. Então repito comigo: tudo tem um porquê. Lidar com o fato de que ser quem você é significa abraçar a sua paranoia, suas crises e sua loucura, me assusta. Mas também me consola.

Meu maior medo talvez seja cair e quebrar a pessoa que eu duramente tenho tentado consertar.
Talvez eu só esteja divagando e nada disso tenha sentido para você que me lê (se é que alguém me lê).
O fato é que o mundo anda escuro e ele reflete muito daquilo que a gente não quer ver. Talvez a parte boa disso tudo é saber que a luz mora dentro de você.
(É preciso ter coragem para deixar-se acender)