terça-feira, 9 de maio de 2017

Ah, eu lembro. E dá uma vontade danada de voltar no tempo e agradecer uma, duas, mil vezes pelas pessoas que me permitiram aprender e vivenciar tanto em tantos momentos.
Talvez eles não saibam, mas eu sei. A escola em que estudei ministrava aula de MPB. Fomentava o amor pela música e pela literatura, pela política, pela cultura. Era lúdico. Era (e ainda é) lindo de se ver. A cumplicidade entre aluno e professor.  O professor, a turma em uníssono e o seu violão. O conhecimento sendo transmitido assim, de forma tão poética e sincera, tão permanente. Como esquecer?
Talvez eu não me recorde das fórmulas de física, dos cálculos matemáticos, dos conceitos de biologia. Mas carrego comigo até hoje os valores da tolerância, do pensamento crítico, do respeito. De jurar solenemente não ler revistas Capricho rs. Lembro de poder expressar tudo o que eu sentia naquele meu caderno amarelo de redação. Lembro do meu primeiro contato com Clarice Lispector, Lya Luft, Guimarães Rosa, e seu Grande Sertão. Eu aprendi a ler de verdade ali. E pude me encontrar.
O que eu aprendi transcende qualquer aprovação no vestibular. Lá, pela primeira vez na minha trajetória, me senti ouvida. Me senti parte da construção de uma história. Sinto um carinho gigantesco, guardo cada conselho, cada lágrima compartilhada, as músicas do Belchior e do Oswaldo Montenegro, pelos quais sou apaixonada. Foi ali que surgiu meu encantamento por tudo que faz meu coração vibrar. Tudo aquilo que me dá leveza para atravessar a vida e coragem para enfrentar cada adversidade. Foi ali que eu entendi a importância de se fazer e ser poesia.
Foi ali que eu percebi quem eu queria ser de verdade.
Obrigada por terem me mostrado, sem mencionar uma só uma palavra, o que é liberdade.
Serei sempre grata.



Para Rose e Fred.