sábado, 31 de dezembro de 2016

Repleto de altos e baixos, de surpresas pouco agradáveis, de perdas e lástimas, 2016 foi um ano surpreendente e insuspeitado.
Mas foi também um ano de crescimento. De maturação do olhar. De transformações no campo externo que forçaram mudanças por dentro.
Desejo que esse momento seja sobretudo de reflexão para que possamos estar em paz com quem somos e em perfeita harmonia com o Universo.
Que 2017 venha com as melhores energias e com a consciência de que o ano novo tem pouco (ou nada) a ver com fogos de artifício, cor de roupa ou a folha do calendário.
O ano novo de fato mora dentro da gente.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?) 
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver. 
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Carta para alguém de dentro

Sonhei com você. Há muito não acordava assim, de certa forma nostálgica.
Meu coração estava acelerado e não é que tenha acontecido algo de errado, pelo contrário. Mas de algum modo me doeu.
Levantei antes do despertador, prendi meus cabelos e me olhei no espelho. Uma lágrima escorreu solitária no canto do meu olho, morrendo do lado esquerdo do meu peito. Coincidência ou não, você permeou meus pensamentos o dia inteiro e o que me corroia a cada momento era apenas o "não saber".
Queria te contar tanta coisa, falar o que li sobre flores de lótus e dizer que hoje, mais do que nunca, faço jus ao apelido que você me deu com tanto carinho. Hoje entendo o porquê. Dizer que além de Damien Rice, ouço também Ray Lamontagne, a solidão que nós dois dividimos juntos sem precisar explicar ou compreender.
Mas eu sonhei com você. E foi de certa forma um consolo. "E mesmo sem te ver, acho até que estou indo bem."
Sonhar também acalma a saudade. A gente só sente quando não cabe esquecer.
(Para você cujo nome rima com todo esse texto em forma de poesia que acabei de escrever).
"Art is love made public."

"Look, love is not something we wind up, something we set or control. Love is just like art: a force that comes into our lives without any rules, expectations or limitations. Love like art, must always be free."
(Sense8)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Gratidão por tudo, inclusive pelo que não deu certo
Aos poucos compreendo a importância de respeitar cada momento
A dor, a força, o fracasso, a alegria
Dou graças ao Universo
Respiro, inspiro
E sigo: estou viva.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Embora certas coisas ainda machuquem por dentro, sou imensamente grata ao poder do Universo. Tudo o que se faz retorna como um eco.
Não precisei mover uma palha, apenas esperei. Sofri, chorei, me desesperei. Mas me permiti recomeçar.
Hoje eu só observo, a certa distância, a energia emanada vibrando em resposta para essas pessoas. E me sinto em paz.
Tudo o que vai, volta. Basta esperar.

domingo, 4 de dezembro de 2016

No Corpo

De que vale tentar reconstruir com palavras
O que o verão levou
Entre nuvens e risos
Junto com o jornal velho pelos ares
O sonho na boca, o incêndio na cama,
o apelo da noite
Agora são apenas esta
contração (este clarão)
do maxilar dentro do rosto.
A poesia é o presente.

(Ferreira Gullar)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

A gente se pergunta todo dia:
'como seria?'
E de repente não é mais.
Depois do ponto final
Construir um novo período
Começando sempre em letra maiúscula
Como um grito
Viver é muito perigoso
Morro um pouco
Todo santo dia

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Ela tem um jeito próprio de encarar o mundo
O raro às vezes é vasto
O pouco às vezes é muito
O comum quase sempre é único
Ela vê poesia em tudo

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O dia se despede vermelho e à noite dá boas vindas.
Às vezes a arte se mistura e o conteúdo livre de molduras toma vida: vê, eis a pintura andando de mãos dadas com a poesia.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016


Que a felicidade seja tão genuína que emane da alma
Que a felicidade seja tamanha que não caiba na palavra.
Another rainy day
The sun decided not to show again
Nothing warm or bright or gay
Just emptiness
Painting the sky in black and grey
I feel the cold inside
The wind blows, softly passess me by
Drops fall out from the clouds
Finding their course right into my eyes

sábado, 5 de novembro de 2016

"So many different faces
Depending on the different phases
My personality changes
I'm a chameleon
There's more than one dimension
I can fool you and attract attention
Camouflage my nature
Let me demonstrate…"
(Magic's in the makeup, No Doubt)

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Elizabeth

Tenho alguém que é a minha metade mais bonita. Que no primeiro olhar vibrou as melhores energias. Reconheci a sua alma especial naquele deserto de almas vazias. Era amor, eu sabia.
Alguém que, assim como eu, trazia várias bagagens e se sentia perdida. A gente precisava, de algum modo, se encontrar.
Ela é uma das poucas que entende o significado de ohana: não esquecer. Ou abandonar.
Dividimos a mesma casa por algum tempo, compartilhamos alegrias e sofrimento, mas o que talvez ela não saiba é que se tornou meu lar.
Amizade é o amor que nunca morre.
Obrigada por eternizar.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

"Diante da vida que é sublime
Ai, de quem se reprime
Se ausenta e nem tenta viver
Deve ficar olhando o mundo
E lamentando sozinho
Não quero ter letargia
Eu quero ser rodamoinho
Eu quero ser travessia
Eu quero abrir o meu caminho
Ser minha própria estrela-guia"
(Maria Bethânia in Salmo)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Quando tudo está meio confuso no campo interno, tiro o pó dos móveis, passo o pano no chão, ouço Elliot Smith e aos poucos retomo meu centro. A maturidade ensina a economizar lágrimas, às vezes chorar não adianta nada.
Pode ser mania, um transtorno, quem sabe pouca lucidez, mas alcanço minha leveza desse jeito.
Organizo o que está ao alcance do meu olhar. Só para retomar a paz que falta por dentro.
"I never felt magic crazy as this
I never saw moons knew the meaning of the sea
I never held emotion in the palm of my hand
Or felt sweet breezes in the top of a tree
But now you're here"

(Nick Drake in Northern Sky)

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Que o nosso euteamo não seja só uma expressão repetida, fatigada pela rotina. Que seja todos os dias a nossa poesia mais bonita, a melhor forma de transpor em palavras a vastidão desse amor que não pode ser contido e  que precisa, por isso, transbordar.
Esse amor que grita aos quatro cantos:
'Sou feliz: não preciso de mais nada'
Esse amor tão intenso e tão imenso que não se cala.



(Eu te amo)
A long time ago
Você me disse para ser feliz
Nunca esqueci:
eu sou
Felicidade é poder compartilhar os altos e baixos da rotina. É dizer e entender tudo com apenas um olhar.
É, depois do cansaço, ter alguém para abraçar no fim do dia.
É ter com quem contar.

sábado, 15 de outubro de 2016


Mapas, bússolas, roteiros para uma nova estrada
Vontade de fechar os olhos e simplesmente ir
Me sinto uma estrangeira, arrumo minhas malas.
Às vezes bate uma imensa saudade de mim.
Às vezes me pego olhando para trás, observando cada caminho que percorri, os passos marcados no chão, as diversas histórias repletas de tudo e de tanto que eu escrevi. A passagem do tempo me invade.
Indago se fui eu mesma que vivi tudo isso, se eu mesma consegui, entre tropeços e acertos, chegar até aqui.

Sou tudo aquilo que eu me permiti:
Ser, viver e sentir.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Eu mudei. Ainda não sei dizer o quanto eu perdi para chegar onde estou, mas me sinto leve, sem pesos desnecessários dificultando o caminhar. Hoje eu entendo bem a minha dinâmica. Na última faxina, quase não havia roupas para doar, Minha caixa de email é cheia de filtros, minha lixeira está sempre vazia. 
Organizo, separo, seleciono, guardo, jogo fora ou repasso o que não me é mais útil. Quase todos os dias.
Nunca me preocupei com quantidade, mas sim com a qualidade de tudo na vida. Se não me serve, se  me prejudica, se não vem por bem, de boa vontade e para agregar, é mais que dispensável. 
Por muito tempo fui escrava do apego. Até que uma mudança drástica e repentina no meu estilo de vida me fez reavaliar todos os aspectos da minha rotina: o essencial mora na simplicidade. 
O resto é egoísmo. Apego. Vaidade.


Saudade também é pertencimento.

sábado, 1 de outubro de 2016

Gosto da realidade. Dos caminhos traçados e seus obstáculos, das flores e espinhos, dos percalços.
Eu vivo por sentir. 
E por isso mantenho meus pés descalços.
“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”
Amizade não é via de mão única, a gente só dá aquilo que a gente tem e, infelizmente, muitas vezes não é o bastante para despertar no outro a reciprocidade a gente sempre espera, mal ou bem.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Tudo muda. As pessoas, os pensamentos, o que se sente com o passar do tempo.
Não estamos presos a nada, somos passageiros. Estamos sempre de mudança, de humor a corte de cabelo. 
Não podemos exigir da vida eternidade. 
A gente dá aquilo que a gente tem.
Que haja reciprocidade.

domingo, 25 de setembro de 2016

Acordar pontualmente às 5 h e ser presenteada com a vida em efervescência, com a poesia da rotina que se repete invariável, sendo diferente a cada nascer do dia.
Despertar cedo e abraçar os primeiros raios de sol que cortam o finalzinho da madrugada.
Coleciono auroras e pores de sol. 
Certos prazeres têm hora marcada.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Um sopro

Vê, a vida é mesmo um sopro. Efêmera, transitória, perene. 
É um mergulho diário sem a certeza de retorno, é a falsa impressão de eternidade, afinal, quem acorda pensando que esse amanhecer pode ser o último?
Em prol da nossa plenitude, talvez essa deveria ser a nossa postura.

Viver é um longo percurso até um abismo. Temos apenas a certeza do fim.
Então pergunto, quanto ao caminho? 

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Quero apenas a parte que me cabe
Que não pese
Que me agregue
Que me invade com tamanha força
E com calma permanece

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Às vezes eu só quero descansar
Desacreditar no espelho
Ver o sol se pôr vermelho
Acho graça
Que isso sempre foi assim
Mas você me chama pro mundo
E me faz sair do fundo de onde eu tô de novo
Nada sei dessa tarde
Se você não vem
Sigo o sol na cidade
Pra te procurar
Eu bem sei onde tudo vai parar
Já não tenho medo do mundo
Sou filho da eternidade
Trago nesses pés o vento
Pra te carregar daqui
Mas você sorri desse jeito
E eu que já perdi a hora e o lugar
Aceito.

(Marcelo Camelo)
Mesmo que soe contraditório, temos que desocupar espaços, abdicar do que é desnecessário, para que estejamos em par com a gente.
O vazio é imprescindível para encontrarmos nosso lugar.
Estar abarrotado não é suficiente.
Precisamos transbordar.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Mais um ano de vida
Mais um dia na melhor companhia
Renasço a cada segundo compartilhado com você




26

Apesar da solidão que por vezes me toma, do cansaço, da falta de jeito, do grito contido que denota um certo desespero e até mesmo quando falta um pouco de ar...
sou grata por respirar.
Sei que não sou a mesma de alguns anos e é aí mesmo que repousa todo o encanto. O sentido da vida é mudar. Amadurecer, evoluir.
Cada passo dado já é motivo vasto para se celebrar. E agradecer.
Não desejo nada além daquilo que trago de melhor em mim.
É o que me basta para estar completa.
Para ser verdadeiramente feliz.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Parar de parecer, simplesmente
Para ser, verdadeiramente

sábado, 3 de setembro de 2016

All the wild horses (Ray LaMontagne)

All the wild horses
All the wild horses
Tethered with tears in their eyes
May no man's touch ever tame
May no man's reigns ever chain you
And may no man's weight ever defrayed your soul
And as for the clouds
Just let them roll
Roll away
Roll away
As for the clouds
Just let them roll
Roll away
Roll away

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Agradeço todos os dias por você ser o primeiro e último pensamento que me invade quando ouço uma canção bonita.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sou melhor entre as(p)as.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016


quanto a você
vocativo mais bonito
poema do dia a dia
entreabraços
minha rima preferida

Sem querer soar demasiado clichê
(e já sendo)
você é poesia na minha vida
meu melhoramento

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

"Hoje quero escrever qualquer coisa tão iluminada e otimista que, logo depois de ler, você sinta como uma descarga de adrenalina por todo o corpo, uma urgência inadiável de ser feliz. Ser feliz agora, já, imediatamente."

(Caio F. in O Melhor de Caio Fernando Abreu)

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Poesia é o que acontece quando meu olhar encontra o seu.
Gratidão pelos fins
E recomeços
Pelo efêmero
Que se eternizou
Passageiro
Colhi os cacos
Abri espaços
Sem rancor
Do vazio que ficou
Nada em vão
Em mim cabe apenas amor
“Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo ‘esboço’ não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.”

(Milan Kundera in A Insustentável Leveza do Ser)

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Que eu não perca o sentido desta f(r)ase:
Acolher a felicidade é coisa para os fortes.
É preciso ter coragem.

sábado, 20 de agosto de 2016

"Me irrita, é claro, às vezes uma pessoa me dizer 'ah,  você sem maquiagem é muito mais bonita do que com essa maquiagem toda.' Porra...tá, eu fui talvez privilegiada quando eu nasci, quando eu era jovem (mas também na juventude até o feio é bonito). Quero ver mesmo é depois de velho, aí é que é a arte de envelhecer. Mas quando eu era jovem eu era talvez bonita, naqueles termos, né? Mas isso foram meus pais que fizeram. E Deus. E a minha genética que fez. E o que eu faço de mim? É isso o que me importa: o que eu faço de mim. Eu não sei pintar. Eu não sei compor. Eu não sei escrever. Eu sou muito limitada dentro das minhas coisas. Então por que eu não posso fazer de mim uma obra de arte?"


(Elke MARAVILHA in Elke, 2007)

A vida é mudança. Muitas vezes, enquanto nos transformamos, mostramos quem realmente somos.
Aí então é que nos revelamos.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Catarse

Ainda dói. Não retomei essa parte de mim destruída, reduzida a cacos, perdida.
A dor que sinto é por lembrar do que fomos e nem de longe somos hoje em dia. Por mais que eu tente, as marcas estão fortes - tatuagem no peito, angústia pelas fotografias. O mal que foi feito são minhas lembranças mais nítidas. Como é difícil esquecer. Lembro dos textos que eu lia, escuto aquela música e me vem o desespero que me tomou logo em seguida. Faltou o ar. Fiquei atônita, encarando a tela que me mostrava o que eu não queria enxergar. O telefone tocando. Eu escondida no banheiro para que ninguém me visse chorar. A chuva fechando novembro, as gotas caindo pelo meu rosto, meu cabelo emaranhado pelo vento. Eu sempre tentei entender os porquês. Eu sempre tentei me convencer. Eu não conseguia falar sobre nada sem chorar, sem pensar, sem sangrar. Não conseguia me explicar. E aí, pouco tempo depois, a história se repetia. De novo. De novo. De novo. Por egoísmo ou covardia, eu resisti enquanto você me destruía. Hoje me desconheço. Carrego amargura no meu peito. Todos os nós que eu considerava fortes, foram desfeitos. E não há nada que faça mudar.

A gente sempre sabe o quanto pode ferir alguém.

É uma escolha própria machucar.

(Para K.)
Poesia é o encontro depois de uma longa despedida: é o beijo das palavras.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Que eu irradie luz e me guie pela simplicidade por onde eu for.
Que cada passo por mim dado deixe sempre marcado um sinal de amor.
Sempre foi difícil sorrir. Enquanto crescia, percebia em mim uma estranheza em mover os lábios e escancarar meus dentes. Achava o sorriso que se desenhava estranho, forçado, às vezes falso. Observavam a seriedade, a languidez que permeava meu olhar: havia um descompasso. Nunca me importei muito com o que pensavam, mas nunca gostei de sorrir nas fotos, isso é fato. A princípio, achei que era uma questão estética (também era), razão pela qual coloquei aparelho dentário. 
Resultado: passei a sorrir ainda menos devido ao aparato metálico.

Mesmo depois de ter os dentes alinhados, o sorriso não saía.
Esse texto todo, aparentemente banal e despretensioso, me veio com um pensamento: a gente mostra aquilo que a gente sente. Por mais que se ensaie um sorriso, não dá para forçar um sentimento de alegria, por exemplo.
Ainda há muito fora do lugar. Aos poucos estou fazendo a faxina de rancores e mágoas e deixando o meu jardim de dentro florescer. Eu me sinto mais leve. Quero amadurecer e ser alguém menos dura e crítica, embora seja tarefa difícil. Quero resgatar os sorrisos que eu dei na infância, quando pouco me importava a beleza na imagem estática da tela. Tudo é efêmero. Temos que valorizar as singelezas da vida. Um olhar, um abraço, um sorriso. 

Quando estamos em paz com quem somos, sorrir é sempre algo lindo.


Nosso amor não possui parâmetros
Não se compara a nada
Juntos somos melhores: eu e você 
A gente se basta.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

"É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro."
(Chico Buarque in De Tanto Amar)

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

'Apenas uma varanda'

Foi o que eu pensei antes de tentar discorrer sobre qualquer coisa. Encaro a tela em branco, faço rodeios, fujo. Criei o péssimo hábito de deixar para depois, com aquela falsa esperança de que, num ímpeto, surgirá uma ideia brilhante.
Quem sabe até consiga escrever com a fluidez de antes.
Sentada à espreita, na varanda. Era assim que me vinham os pensamentos mais urgentes, os sentimentos mais desesperados, os versos mais inéditos. Não custava nada: ela, a inspiração, sempre chegava, normalmente num fim de tarde enquanto o sol se despedia. A menina e a sacada teciam a paisagem. Ali, naquele momento preciso, a mágica  (e a rima) acontecia.
O momento é novo, o tempo é outro, falta a varanda compondo o cenário. Preservo todos os meus silêncios, dou às palavras espaço. Não me desespero, apesar da melancolia.
Respeito os meus instantes.
Só em liberdade se faz poesia.
Num mundo em que muitos apenas aparentam, mantenho minha simplicidade fazendo o melhor que posso: sendo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Onde Deus possa me ouvir (Vander Lee)

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair

Adeus...




Minha admiração, meu encantamento, minhas lágrimas que deixo escorrer enquanto ouço suas canções que afagam o peito e eriçam meus pelos.
Obrigada, obrigada, mil vezes obrigada por tocar a minha alma com sua sensibilidade exacerbada. Gratidão pela poesia cantada.
Você será eterno em suas palavras.
O amor cabe no verso, na marca de batom estampada no espelho, numa frase que se ensaia sem pretensão de ser falada, no poema pichado no muro, na fotografia em cima da mesa, no canto da sala. O amor cabe no beijo, cabe nas mãos dadas.
O amor cabe nas palavras.
O amor cabe no silêncio e no grito.
O amor cabe num vocativo.
O amor cabe em qualquer lugar.
O amor quer apenas ser visto.
Ser reparado, cuidado e sentido.
O amor mora no olhar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O Universo nos dá a oportunidade de transcender a nossa passagem pela vida. Alguns chamam de rotina, outros preferem dia a dia:  eu não, prefiro alternativa.
Há uma infinidade de caminhos que podem ser trilhados quando abrimos nossos olhos e aceitamos com otimismo a chegada de um novo amanhecer.
É passar a enxergar as chances com novas perspectivas. Nada decorre do acaso, somos tudo aquilo que a gente vibra. Somos nossas escolhas. Quando enxergamos o mundo de maneira positiva, quando vibramos luz, paz e boas energias, não há má sorte que interfira: o Universo conspira.
A maturidade é o maior presente que o tempo pode nos dar. Olho para trás com poucos arrependimentos, hoje entendo que até do que fizemos (ou nos fizeram)de mal e dos erros que cometemos, é possível extrair aprendizado e, sobretudo, crescimento.
Acredito que o verdadeiro sentido da vida consiste nas mudanças que nos permitimos enfrentar, na construção diária de quem somos e, como consequência de tudo, no nosso melhoramento.
A evolução se dá a pequenos passos, mas alcança seu principal fim: a paz de estar onde se almeja sendo honesta e completamente feliz.


terça-feira, 2 de agosto de 2016

perDOAR: entregar o melhor de mim quando o que recebi do outro não foi tão bom assim.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Abrir os olhos de manhã e ser grata pela vida, pela poesia, pela chuva batendo no vidro ou pelo sol rompendo as cortinas. Gratidão pela possibilidade de colocar os pés no chão, de lutar contra a preguiça e de amanhecer com a certeza de que não importa o que aconteça:
será sempre um bom dia.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Só pensei: posso pegar as minhas coisas e ir?
Depois de arriscar tanto e tudo, sobrou muito pouco para perder. Não perdi.
Talvez doa no início, talvez você nem sofra. Talvez atravesse as noites na companhia dos amigos nos bares ou na cama de outra pessoa. Mas eu sei: você vai lembrar sim.
O cheiro que persiste no travesseiro, o chão repleto dos fios do meu cabelo, a comida que você até aprendeu a gostar, mas que não tem meu tempero.
O vazio no lado esquerdo da cama e do peito.
Cicatrizes que marcam o que chegou ao fim. Partindo ao meio o que um dia foi inteiro.
(E você vai lembrar de mim)


Para E.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

"Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo.
Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa."

(Guimarães Rosa in Grande Sertão: Veredas)

terça-feira, 26 de julho de 2016

A lição mais importante (ou ainda há muito a aprender)

Eu não devo me comparar a ninguém. Apenas os meus próprios pés conhecem o caminho que trilharam.
Só eu sei do suor, do esforço,
do sacrifício. Das lágrimas que rolaram até que eu esboçasse um sorriso.
O que está visível é uma mera fração, um pedacinho. A rotina não é só purpurina. É céu e inferno todo santo dia.
Todos possuem uma história desconhecida, repleta de valor, beleza e poesia.
Não há nesse roteiro melhor ou pior personagem, mocinho ou vilão, anjo ou demônio. Sou de tudo um pouco, sou quem sou o tempo todo.
Sem aplausos, me fiz artista.
O papel principal já é meu: protagonista da minha vida.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ser vasta me basta.
Eu sou.

"Enquanto não alcances, não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade
."
(Miguel Torga)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Amizade é o amor sem maquiagem, sem idealização, sem rodeios, sem disfarces.
É o dia a dia de lágrimas, risadas, segredos (quase) inconfessáveis, desabafos, conselhos, cerveja gelada, papo sobre qualquer assunto, vontade de fazer nada ou tudo, desde que juntos.
Amizade é estar completamente à vontade. É a liberdade de ser quem você é sem ter vergonha, sem medo. Amizade é um espelho: a gente se mostra do nosso jeito, com vícios, qualidades, manias (in)suportáveis, erros e acertos.
Amizade é ser por inteiro. E ainda assim ser aceito.
(Aos meus, apenas gratidão. Vocês moram nos meus pensamentos, nas minhas preces, nas minhas vibrações positivas, no meu coração. Obrigada pelas mãos dadas, pelo amor irremediável, pela aceitação. Vocês são os melhores, e caso não saibam ou duvidem, reitero: vocês são!)
Meu altar é uma página em branco
Com rimas eu componho minha oração
Entrego minhas palavras em oferenda
Agradeço, confesso meus pecados, peço perdão
Toda prece eu faço com papel e caneta
A poesia é minha religião

terça-feira, 19 de julho de 2016

Amo com metáfora
Sinestesia
Reticências 
Ponto e vírgula

Amo com acento agudo
Aliteração
Vocativo
E metonímia

Amo na voz ativa
Com a vastidão na minha língua
Deixo abertas à interpretação 
Minhas infindáveis entrelinhas

Amo no tempo presente
Com verbo de ligação 
Tempo mais que perfeito
E exclamação!

Amo em português claro
E sentido literal
A narrativa não termina
É inundada de poesia

Amo sem ponto final

sábado, 16 de julho de 2016

Não sei ser de outro modo
Minha entrega não tem porquês
Sentindo, sigo me curando
Me doo a quem doer

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Quando me machuco, raramente choro
Silencio em busca de inspiração
Corre mais que sangue nas minhas veias
Busco nas palavras a minha cura
A poesia é minha salvação

Simplicidade (Pato Fu)

Vai diminuindo a cidade
Vai aumentando a simpatia
Quanto menor a casinha
Mais sincero o bom dia
Mais mole a cama em que durmo
Mais duro o chão que eu piso
Tem água limpa na pia
Tem dente a mais no sorriso
Busquei felicidade
Encontrei foi Maria
Ela, pinga e farinha
E eu sentindo alegria
Café tá quente no fogo
Barriga não tá vazia
Quanto mais simplicidade
Melhor o nascer do dia

terça-feira, 12 de julho de 2016

Escrevo de mansinho
Com cuidado, com carinho
Divago devagar
Quero manter o espírito
De só compor o que eu sinto
Quando eu transbordar.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Faz tempo e sequer me lembro  
porque acabou
Restou a lembrança mais bonita, nenhuma mágoa, tristeza desmedida
ou rancor

Só o que foi bom ficou
(Aprender a esquecer também é uma forma de amor)

sábado, 9 de julho de 2016

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Toda noite é especialmente linda quando se está abarrotado de luz e poesia


quarta-feira, 6 de julho de 2016

Estou tão habituada com certos desastres que não me choco facilmente. Falo dos pequenos infortúnios que surgem pelo caminho, e que, no alto dos meus vinte e tantos anos, me causam apenas certa apatia.
Confesso, com um quê de vergonha, que pouco me atinge na pressa dos dias. Meus pensamentos estão diluídos entre atividade acadêmica, afazeres domésticos, a maçante rotina.

*
Fui tomada, repentinamente, por suores noturnos, o sono interrompido por um pensamento ou sonho, medo de dormir sem a tv ligada, medo do silêncio, medo do escuro. Medo. Taquicardia. Um pavor que poderia ser explicado por Netuno em Peixes, choro resignado, falta de poesia.
Ausência de conexão, descompasso de sentimentos e vontades, devaneios infindáveis. Urgência em ficar debaixo do edredom e dormir: sem controle de ponteiros, sem luz do sol rompendo as cortinas. Crise de insatisfação muito bem escondida. A tal necessidade imperiosa de fugir.
Anseio por tudo, afinal de contas esse vazio já ocupa um bom espaço por aqui.
Encarei meu maior pesadelo. Pela primeira vez me encontrei, mas não me reconheci; desaprendi a me olhar no espelho. Atônita, uma única pergunta me veio: o que eu tenho feito de mim?
(Saturno me cobra essa resposta, enfim)
Nesse mundo em que todos sabem muito de tudo, escolho desaprender o pouco que sei
Quero me encantar pela vida a cada segundo
Me deslumbrar, desbravar tudo
Como se fosse a primeira vez

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Amar é mais que simplesmente estar
É vontade de permanecer
É ficar.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Vivi durante muito tempo com a tristeza ancorada em meu peito. Desconhecia o esquecimento, não sabia deixar para trás; às dores eu tinha apego. Já acostumada, achava que aquele vazio por dentro me era inerente, indissociável, fazia parte. Passei a ter pavor de infelicidade. Quanto mais eu pensava em ser feliz, menos eu sabia. 
Até que me dei conta, em meio à turbulenta rotina: quando deixei os medos de lado, sem (des)esperar, acolhi a genuína alegria.

Não sou, mas hoje estou feliz. Nada é tão efêmero que não possa simplesmente durar. Muito ou pouco, tanto faz. Eis a magia: eternizo meus momentos e agradeço a transitoriedade dos meus dias.

domingo, 26 de junho de 2016

Me (u) movimento:
Sou um punhado de momentos.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Mais chá de camomila para a minha sede imediatista.
Para todo o resto, poesia.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Se eu não desbravar esse mundo, tocar tudo com minhas mãos e palavras, de nada valerá a minha passagem.
Aprendi a admirar as paisagens, a respeitar cada um dos lugares que me acolhem como eu sou: peito abarrotado de anseios, languidez vasta no olhar.
Sem mapas ou rotas traçadas, insisto em andar. Vou marcando meus passos pela estrada, com uma única certeza na mala:

A vida é maravilhosa. E a ela sou grata.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Tenho dado os meus passos,
Ansiosos, mas não desesperados
Me basta não parar
Não tenho pressa:
O importante é chegar

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Ex -voto (Adélia Prado)

Na tarde clara de um domingo quente
surpreendi-me,
intestinos urgentes, ânsia de vômito, choro,
desejo de raspar a cabeça e me pôr nua
no centro da minha vida e uivar
até me secarem os ossos:
que queres que eu faça, Deus?
Quando parei de chorar
o homem que me aguardava disse-me:
“você é muito sensível, por isso tem falta de ar”.
Chorei de novo porque era verdade
e era também mentira,
sendo só meio consolo.
Respira fundo, insistiu, joga água fria no rosto,
vamos dar uma volta, é psicológico.
Que ex-voto levo à Aparecida,
se não tenho doença e só lhe peço a cura?
Minha amiga devota se tornou budista,
torço para que se desiluda
e volte a rezar comigo as orações católicas.
Eu nunca ia ser budista,
por medo de não sofrer, por medo de ficar zen.
Existe santo alegre ou são os biógrafos
que os põem assim felizes como bobos?
Minas tem coisas terríveis,
a Serra da Piedade me transtorna.
Em meio a tanta rocha
de tão imediata beleza,
edificações geridas pelo inferno,
pelo descriador do mundo.
O menino não consegue mais,
vai morrer, sem forças para sugar
a corda de carne preta do que seria um seio,
agora às moscas.
Meu coração é bom
mas não aceita que o seja.
O homem me presenteia,
por que tanto recebo,
quando seria justo mandarem-me à solitária?
Palavras não, eu disse, só aceito chorar.
Por que então limpei os olhos
quando avistei roseiras
e mais o que não queria,
de jeito nenhum queria àquela hora,
o poema,
meu ex-voto,
não a forma do que é doente,
mas do que é são em mim
e rejeito e rejeito,
premida pela mesma força
do que trabalha contra a beleza das rochas?
Me imploram amor Deus e o mundo,
sou pois mais rica que os dois,
só eu posso dizer à pedra:
és bela até à aflição;
o mesmo que dizer a Ele:
sois belo, belo, sois belo!
Quase entendo a razão de minha falta de ar.
Ao escolher palavras com que narrar minha
angústia,
eu já respiro melhor.
A uns Deus os quer doentes,
a outros quer escrevendo.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

"Não vou me deixar embrutecer, eu acredito nos meus ideais, podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar."
(Renato Russo in Um Dia Perfeito)

terça-feira, 31 de maio de 2016

Felicidade é, no meio do nosso beijo, o sorriso dele encontrar o meu.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Para não esquecer

Que eu não pare, mesmo quando pareço estar no mesmo lugar

Que eu não deixe de absorver a beleza de tudo o que me rodeia
Que eu não acostume o meu olhar

A vida é movimento. O caminho só se traça ao andar.
Que eu não desista. Se os meus pés ficarem cansados, que eu pare; que eu recupere o fôlego e saiba continuar

segunda-feira, 23 de maio de 2016

A gente tratou de embelezar o sofrimento, como se fosse uma tulipa regada com choro, cultivada à base de lágrimas. 
Mãos abraçando joelhos, solidão no canto escuro da sala, enquanto mastigávamos silêncios. Deixamos a dor doer calada.
A gente enfeitou o amor. Purpurina, confetes e serpentina. Carnaval repentino: invadiu, bagunçou. Do pouco que restou, ficaram as cinzas. A chama apagou. 
Enquanto a água molha os meus cabelos, me entrego à tristeza.

Sinto nossas mãos dadas. Sinto o cheiro no travesseiro. Sinto angústia no peito. Sinto a sua falta.
Você escorre pelos meus dedos, quanto mais tento contê-lo, mais você se esvai. Logo percebo: o amor acaba.

Te deixo ir- o "para sempre" não é tão definitivo quanto o "nunca mais".
Jaz aqui a tulipa do que fomos um dia.
Que descanse em paz.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Tenho em mim um sol que também brilha de madrugada, quando as luzes são escassas. 
Ilumino a escuridão externa porque mantenho a chama da inspiração acesa. As velas são palavras, raios que (con)versam por dentro. Meu sol nunca se põe: sou poeta.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Flerto com o inimigo
Encaro nos olhos o desconhecido
Brinco com fogo, não minto
Me equilibro à  beira do precipício 
A placa que me indica, profetiza
Cuidado: perigo.
O que nos torna humanos são as nossas fragilidades, inconstâncias e delicadezas.

A vida é um sopro. Perdemos toda a mágica e beleza se não atentamos à sua essência.
Quando repousamos o olhar às miudezas que estão dentro de nós e à nossa volta, aí sim é que encontramos a verdadeira grandeza.
Há o belo e o sujo. Esse nos enoja, muitas vezes pode nos chocar. Aquele causa admiração, nos prende, nos atrai.
Viramos as costas ao que não nos convém.
Mas de nenhum deles podemos desviar o olhar.
A nossa função na vida é ser. Desbravar o dia a dia, mergulhar fundo quando muitas vezes é seguro ficar na superfície.
It ain't easy. Viver é para quem tem coragem.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

"Que coisa maravilhosa, exclamar. Que mundo maravilhoso, exclamar.
Como tudo é tão belo e tão cheio de encantos!
Olhar para todos os lados, olhar para as coisas mais pequenas,
E descobrir em todas uma razão de beleza.
Agradecer a Deus, que a gente ainda não sabe amar direito,
A harmonia que a gente sente, vê e ouve.
A beleza que a gente vê saindo das rosas; a dor saindo das feridas.
Agradecer tanta coisa que a gente não pode acreditar que esteja acontecendo."


(Manoel de Barros in Poesia Completa)

quarta-feira, 4 de maio de 2016

A cada dia que passa me torno mais parecida com quem eu almejo ser. À vida sou grata.
"Sei que os meus desenhos verbais nada significam. Nada. Mas se o nada desaparecer a poesia acaba. Eu sei. Sobre o nada eu tenho profundidades."

(Manoel de Barros)

terça-feira, 3 de maio de 2016

Carrego comigo a vontade irremediável de ser pássaro - a tal liberdade de escolher um canto e mudar, num voo, toda trajetória.
Tenho essa necessidade irrefreável de não parar. O movimento me é inerente, como respirar. Antes eu me rendia ao medo, não sei porquê. O medo paralisa a gente sem que se possa compreender.
Trago comigo um bocado de anseios. Quero ser e estar na vastidão do mundo, do meu jeito. Sou nômade, mutável, eremita. Sozinha, mergulho no que há de mais profundo, desbravo tudo. Aprendi a me ter. Fiz de mim meu porto, meu refúgio. Deixo marcados meus passos, abandono caminhos, mudo minha alma de casa.
E insisto em sonhar, sempre: desenhei nas costas um par de asas.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

"E aprenda a lutar pela vida pra se prevenir
Conheça todas as maldades pra não se iludir
Espalhe amor por onde for
Quem sabe amar destrói a dor"
(Ivone Lara)

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Sobre o que fez mal, não guardo mágoas
Carrego aprendizado, apenas.
Mais nada.

V

" I remember it well, the first time that I saw your head round the door, cause mine stopped working."


Você me beijou.
Num fim de tarde nublado, em frente às barcas, sem nenhum pudor.
A mensagem que se seguiu foi: "meu coração está acelerado, estou tremendo, o que você fez comigo?"
E foi um longo caminho desde então. Muitos sorrisos e lágrimas foram necessários para que eu pudesse escrever nossas páginas. Não foi fácil. Talvez por isso eu valorize tanto o nosso compromisso, os nossos momentos mais simples: você me ajudando enquanto cozinho ou quando estou deitada no teu peito enquanto assistimos a algum filme. Eu te valorizo. Eu acredito na gente, acredito que o amor verdadeiro muda a vida de quem o sente.

Entre idas e vindas, encontros e desencontros, chegadas e partidas, estamos juntos, vivendo os altos e baixos da rotina. Com honestidade, cuidado, leveza e lucidez.  Como eu acreditei ao colocar meus olhos em você lá atrás. Como todo amor deve ser.
Ao passado, só tenho a agradecer. Em meio a tudo tive mais certeza do que eu sentia. 
Era ( e é) para ser.

Meu presente (substantivo e tempo verbal) é você.
O que sentimos a fundo é quase impossível de ser exposto. Tudo é muito denso e absolutamente vasto. Tentamos, muitas vezes por mero egoísmo, transmutar nossas aflições e angústias em (falsos) sorrisos.
A exposição desenfreada, a necessidade constante de esbanjar alegria faz com que seja reduzida a nossa capacidade de reflexão e autoconhecimento. Precisamos ser mais tolerantes e exigir menos de nós mesmos. Eis a essência da vida: buscar sentidos e desconstruir padrões, refazendo caminhos. Extrair algum aprendizado nesse processo às vezes é muito difícil.

Sejamos leais com aquilo que se sente e muito menos aquilo que esperam da gente.
Nunca senti a vibração de agosto fora de hora, em descompasso. Letargia, desestímulo, cansaço. Falta disposição, falta ânimo para abrir os olhos e recomeçar. Talvez seja a energia pesada que paira no país, os embates e conflitos constantes, a falta de tolerância e equilíbrio na escolha por um lado. Sabe, eu não compactuo com vertentes que não me representam, a minha batalha é diária e só eu sei o fardo que aguento. Faço minha parte, sou fiel às minhas convicções. Estou traçando um caminho com obstáculos, claro, mas lutando sempre pelo que eu acredito.
Enquanto isso, acordo cedo para trabalhar, preparo as refeições, tiro o pó dos móveis. Enfrento esse mundo que me deixa tão aflita, pois repito comigo: 'não desista'
Ainda espero dias melhores.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

E com essa mania de enfeitar tudo, não viu que seu mundo estava repleto de cinzas.
Ser feliz é questão de hábito.
Você tem que se permitir contagiar pela alegria. Sem medo de parecer bobo ou exageradamente otimista. É exercício diário. Deve ser praticado até que vire rotina.

domingo, 24 de abril de 2016


Sou do ler. Sabe por quê?
O papel da mulher é aquele que ela escolher.

sábado, 23 de abril de 2016

Quando não se sabe o que fazer, o melhor é não fazer nada. Quando não se sabe o que dizer, é melhor manter a boca fechada.

"Política é exercício de poder, poder é o exercício do desprezível. Desprezível é tudo aquilo que não colabora para o enriquecimento do humano, mas para a sua (ainda) maior degradação. Como se fosse possível. Pior é que sempre é."

(Caio F. in Divagações na Boca da Urna)




Não há vitória na intolerância, no extremismo, na agressão. Não há sensatez com o ataque, com o ódio gratuito, com a alienação. Há que se distinguir ato criminoso de mera opinião.
Violência, seja como for, não é argumento. A palavra de ordem é respeito.
Sejamos lúcidos, coerentes e visionários. Só assim poderemos não apenas sonhar, mas também ser a revolução que queremos.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Para J.

Eu já sabia bem antes de tudo isso: não vingaria. Sol e lua em áries, desculpa, suas mãos não segurariam por tanto tempo as minhas. Não idealizei nossa casa, não eternizei sua companhia. Acho que por isso mesmo eu fugi, sabia? Porque antes de saber, eu sentia. E eu nunca me imaginei acrescentando o seu sobrenome ao meu, que é tão forte, minha característica. 
Acho que eu só deixei a água correr por entre as pedras, fui achando brechas, essa  liberdade ninguém anula. Ninguém tira. Ela é minha. 
Sou tão vasta em mim mesma, tão inteira, que nada, repito, NADA consegue me embrutecer. Junto os cacos, recomponho meus pedaços: minha pior parte ainda é melhor que você.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Não nasci para ser contida
Sou feita de entrega, paixão e poesia
Pouco me importa além de mim
Minha liberdade grita

joie de vivre

sexta-feira, 15 de abril de 2016

15/04

Há 8 anos eu tive coragem de expor meus pensamentos e sentimentos através desse blog. Nunca havia parado para refletir sobre o início dessa jornada e coincidentemente hoje resolvi revisitar o meu primeiro post e me deparei com essa data.
Muito mudou nesse percurso, mas há algo que resiste: minha gratidão às palavras.
Foram muitas crises, mudanças, silêncios, decepções e alegrias. Em meio a tantos sentimentos provocados, consegui extrair de tudo isso o essencial: aprendizado e poesia.
Descobri o lugar em que fico mais à vontade. Fiz dele meu oásis, meu porto seguro, meu par perfeito.
Me sinto em paz, em total liberdade.

O papel em branco é meu espelho
Só me (re)conheço de verdade quando me entrego
Por isso escrevo.




Obrigada a tudo e todos que de alguma forma deram significado às palavras ditas desde então. Sou toda sentimentos;
Que haja ainda mais motivos para inspiração. 


terça-feira, 12 de abril de 2016

Maturidade é se conhecer tão profundamente a ponto de aceitar todas as virtudes e defeitos, abraçando erros e acertos. Maturidade é aprender a se perdoar.
E saber esquecer.

domingo, 10 de abril de 2016

"Pois hoje emergi calçando salto 15, ombros muito para trás, porte ereto e saia justíssima. Nariz arrebitado. Pisando duro. Pensam que vão acabar comigo?
Nunca ."

(Caio F. in Cartas)

sexta-feira, 8 de abril de 2016

"Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa eu não douro pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo o mundo podendo brilhar num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântico"


(Caetano Veloso)
O virginiano tem dentro de si um espelho; não para se admirar, acredite, mas para reparar seus defeitos.
A crítica castiga porque buscamos um ideal inatingível e chegamos, por fim, ao lugar comum mais conhecido: não somos perfeitos.


(E ainda assim insistimos)

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A cada dia estou mais distante de tudo: seletiva, absorvo apenas o que me é útil. 
Enquanto muitas pessoas são âncoras, descobri em mim a necessidade de ser porto.  Observo chegadas e partidas, acolho o essencial entre idas e vindas.
Respeito cada momento:

apenas o que é verdadeiro fica.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Quero perdoar: por terem rabiscado a minha história com tinta, matando toda a poesia, borrando minhas palavras mais bonitas.
Sei que preciso rasgá-las: as feridas, as lembranças, as páginas manchadas.
Aprendi com os livros, polisipos: pauso a dor.
(Que sejam verdadeiras as linhas do que restou)

terça-feira, 29 de março de 2016

Ao pequeno Luizinho

Meu pequeno,


A notícia de sua vinda pegou todo mundo de surpresa, enchendo nossos corações de ansiedade e alegria. Eu, particularmente, me surpreendi com o meu carinho e amor repentinos por você, sem te conhecer ainda.
Não te carreguei na barriga por 9 meses, mas te trouxe comigo, dentro do peito, dia a dia.


Quando eu soube que você chegou, na tarde nublada dessa terça-feira, tudo se iluminou. E me peguei rindo ao telefone e logo em seguida enxugando algumas lágrimas. Saiba que eu não sou tão sentimental (apesar de ter calculado teu mapa e ter bordado parte do teu enxoval). Só fiquei feliz demais com a sua chegada.
Como falei com a sua mãe (uma das minhas melhores amigas), hoje entendi o sentido da expressão  "dar a luz". Não tenho filhos, não sei se um dia terei, mas todas as sensações experimentadas me fazem crer que colocar um serzinho tão pequeno no mundo só pode ser resultado de muito amor, pois dá um medo danado, requer muita coragem. Mas tudo tem um sentido e jamais esqueça disso: você é um milagre.

Desejo que a sua vida seja inundada de experiências positivas, de carinho, confiança, sonhos realizados, encantamento, poesia. Desejo a você abraços apertados e sorrisos escancarados. E que se você tiver que chorar, que alguém esteja sempre ao seu lado. Desejo que você aprenda a ser quem você é e se ame de verdade.
Acima de tudo, te desejo fé. Para acreditar que a vida é dádiva divina e que podemos sentir, como no dia hoje, momentos de genuína alegria.
Com todo o amor que mal cabe em mim, que você seja imensamente feliz!
Você é um raio de sol na minha vida.