Carrego comigo a vontade irremediável de ser pássaro - a tal liberdade de escolher um canto e mudar, num voo, toda trajetória.
Tenho essa necessidade irrefreável de não parar. O movimento me é inerente, como respirar. Antes eu me rendia ao medo, não sei porquê. O medo paralisa a gente sem que se possa compreender.
Trago comigo um bocado de anseios. Quero ser e estar na vastidão do mundo, do meu jeito. Sou nômade, mutável, eremita. Sozinha, mergulho no que há de mais profundo, desbravo tudo. Aprendi a me ter. Fiz de mim meu porto, meu refúgio. Deixo marcados meus passos, abandono caminhos, mudo minha alma de casa.
E insisto em sonhar, sempre: desenhei nas costas um par de asas.