segunda-feira, 23 de maio de 2016

A gente tratou de embelezar o sofrimento, como se fosse uma tulipa regada com choro, cultivada à base de lágrimas. 
Mãos abraçando joelhos, solidão no canto escuro da sala, enquanto mastigávamos silêncios. Deixamos a dor doer calada.
A gente enfeitou o amor. Purpurina, confetes e serpentina. Carnaval repentino: invadiu, bagunçou. Do pouco que restou, ficaram as cinzas. A chama apagou. 
Enquanto a água molha os meus cabelos, me entrego à tristeza.

Sinto nossas mãos dadas. Sinto o cheiro no travesseiro. Sinto angústia no peito. Sinto a sua falta.
Você escorre pelos meus dedos, quanto mais tento contê-lo, mais você se esvai. Logo percebo: o amor acaba.

Te deixo ir- o "para sempre" não é tão definitivo quanto o "nunca mais".
Jaz aqui a tulipa do que fomos um dia.
Que descanse em paz.