segunda-feira, 8 de agosto de 2016

'Apenas uma varanda'

Foi o que eu pensei antes de tentar discorrer sobre qualquer coisa. Encaro a tela em branco, faço rodeios, fujo. Criei o péssimo hábito de deixar para depois, com aquela falsa esperança de que, num ímpeto, surgirá uma ideia brilhante.
Quem sabe até consiga escrever com a fluidez de antes.
Sentada à espreita, na varanda. Era assim que me vinham os pensamentos mais urgentes, os sentimentos mais desesperados, os versos mais inéditos. Não custava nada: ela, a inspiração, sempre chegava, normalmente num fim de tarde enquanto o sol se despedia. A menina e a sacada teciam a paisagem. Ali, naquele momento preciso, a mágica  (e a rima) acontecia.
O momento é novo, o tempo é outro, falta a varanda compondo o cenário. Preservo todos os meus silêncios, dou às palavras espaço. Não me desespero, apesar da melancolia.
Respeito os meus instantes.
Só em liberdade se faz poesia.