Foi o que eu pensei antes de tentar discorrer sobre qualquer coisa. Encaro a tela em branco, faço rodeios, fujo. Criei o péssimo hábito de deixar para depois, com aquela falsa esperança de que, num ímpeto, surgirá uma ideia brilhante.
Quem sabe até consiga escrever com a fluidez de antes.
Sentada à espreita, na varanda. Era assim que me vinham os pensamentos mais urgentes, os sentimentos mais desesperados, os versos mais inéditos. Não custava nada: ela, a inspiração, sempre chegava, normalmente num fim de tarde enquanto o sol se despedia. A menina e a sacada teciam a paisagem. Ali, naquele momento preciso, a mágica (e a rima) acontecia.
O momento é novo, o tempo é outro, falta a varanda compondo o cenário. Preservo todos os meus silêncios, dou às palavras espaço. Não me desespero, apesar da melancolia.
Respeito os meus instantes.
Só em liberdade se faz poesia.
Respeito os meus instantes.
Só em liberdade se faz poesia.