quarta-feira, 6 de julho de 2016

Estou tão habituada com certos desastres que não me choco facilmente. Falo dos pequenos infortúnios que surgem pelo caminho, e que, no alto dos meus vinte e tantos anos, me causam apenas certa apatia.
Confesso, com um quê de vergonha, que pouco me atinge na pressa dos dias. Meus pensamentos estão diluídos entre atividade acadêmica, afazeres domésticos, a maçante rotina.

*
Fui tomada, repentinamente, por suores noturnos, o sono interrompido por um pensamento ou sonho, medo de dormir sem a tv ligada, medo do silêncio, medo do escuro. Medo. Taquicardia. Um pavor que poderia ser explicado por Netuno em Peixes, choro resignado, falta de poesia.
Ausência de conexão, descompasso de sentimentos e vontades, devaneios infindáveis. Urgência em ficar debaixo do edredom e dormir: sem controle de ponteiros, sem luz do sol rompendo as cortinas. Crise de insatisfação muito bem escondida. A tal necessidade imperiosa de fugir.
Anseio por tudo, afinal de contas esse vazio já ocupa um bom espaço por aqui.
Encarei meu maior pesadelo. Pela primeira vez me encontrei, mas não me reconheci; desaprendi a me olhar no espelho. Atônita, uma única pergunta me veio: o que eu tenho feito de mim?
(Saturno me cobra essa resposta, enfim)