sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Aos meus




Meus porque eles simplesmente entraram na minha vida e sem que eu fizesse qualquer exigência permaneceram. Meus porque sou um pouco de cada um deles. E sei que eles tem um lado meu. Meus porque o tempo não mudou nada entre a gente, embora tenhamos mudado muito com o passar do tempo. Meus por essa sincronia no crescimento, pelas transmissões de pensamento. Meus porque sabemos quem somos e nos aceitamos. Meus porque sorrimos juntos, enxugamos as lágrimas e ajudamos a desatar alguns nós que surgiam no peito. Meus porque nunca nos abandonamos. Só quem sente algo assim entende que não trato de posse quando me refiro a eles como "meus". São meus porque não moram comigo, mas vivem no meu dia a dia, nas lembranças, nas fotografias. São meus pelas conversas intermináveis nos bares até o amanhecer do dia. São meus porque fazem parte de mim. A parte mais bonita. A minha melhor parte. Nada se compara ao que temos. À lealdade, à amizade que persiste apesar da distância, das brigas, do tempo, das mudanças. E acima de tudo ao amor, porque é esse o sentimento que define essa relação com os meus. E um amor assim, que aconteceu de graça, pode até mudar. 

Mas por ser de verdade, nunca acaba.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014


Quando o teu olhar encontra o meu, não evito, crio versos, de imediato ri(m)o.

Fico encantada com o seu lirismo, com o seu sorriso que traduz todo o nosso amor e dispensa as palavras. Porque sentimos. Sou grata pelos nossos dias, pela vida repleta de sopros e epifanias.

Gosto de te ler.


Você é o meu poema mais bonito.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

A felicidade mora no descuido. Há que se estar distraído,  não esperando absolutamente nada. O desespero atrasa bons fluidos. Não se apresse:

No inesperado a gente tece sorrisos.
Tudo o que você pensa em fazer é chorar. O pacto antigo e implícito que havia entre você e as palavras parece se romper, não há muito o que se dizer. Eu jurei. Sim, como esquecer? Até que a dor não sufoque. Até que o grito se esgote. Até que a única opção possível seja mesmo seguir em frente. Ser forte. Até que esse nó no peito desate, até que não seja tarde. Para desistir. Ou recomeçar. Até que tudo volte à estaca zero e as lembranças não machuquem mais. Até que se acabe o desespero. Até que eu não tenha mais medo. Então escolho transbordar. Até a última lágrima rolar. 

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"And with words unspoken
A silent devotion
I know you know what I mean
And the end is unknown
But I think I'm ready
As long as you're with me

Being as in love with you as I am
Being as in love with you as I am
Being as in love with you as I am
Being as in love, love, love"


(The XX)


Ser inundada de felicidade apenas pelo fato de você estar. Faltam palavras para descrever cada sensação de encantamento, de completude, o tal estado de graça por ser amada e por amar. Na simplicidade dos dias, na cumplicidade da rotina, na medida exata dos sorrisos quando anoitecemos e amanhecemos, quando esbanjamos paz e alegria. O segredo de tudo isso está no tempo, que suaviza feridas e abre os nossos olhos para o que realmente interessa: o que nós somos para o outro. É um deleite viver para compartilhar as lutas, cada vitória, entender que somos um, que as lágrimas, os prazeres, as angústias e anseios são os mesmos, estamos juntos para fazer cada projeto acontecer, cada sonho se realizar. Nada importa além de nós. Nossa entrega está no olhar.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"He is one of those who has had the wilderness for a pillow, and called a star his brother. Alone. But loneliness can be a communion." (Dag Hammarskjöld)

Sufoco o grito que aperta o meu peito porque escolhi o silêncio e já não sei se eu suportaria me ouvir.


Transbordo aos poucos, enquanto tento encontrar palavras que expliquem o que eu sequer entendo. Desaprendi a falar para começar a sentir. E muito pouco faz sentido pra mim: até os textos que eu mesma escrevi já não me dizem nada. 

Permito que o caos faça de mim sua morada enquanto deixo a minha própria casa desarrumada. Já não pretendo alinhar idéias e organizar pensamentos enquanto faço uma limpeza geral em armários e gavetas, enquanto rearranjo os móveis da sala. 

E no meio disso tudo eu me perdi. Essa busca por mim mesma me deixa exausta.

Só quero acender um cigarro na sacada. Fazer mil perguntas ao tempo e, sem respostas, deixá-lo seguir.

Dessa confusão sairei mais lúcida. E as coisas nebulosas certamente ficarão mais claras, basta eu me permitir.


Tudo passa.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Tudo, absolutamente tudo acontece no momento certo, na hora adequada. Não adianta apressar os passos ou os ponteiros, há que se esperar, sem desespero, sua chegada. 
A vida é sublime porque pouco é certo e cada dia é inédito: o imprevisível mora nos caminhos; surpreender-se é a melhor parte da jornada.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Guardar

"Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar."


(Antonio Cícero)

terça-feira, 25 de novembro de 2014



"Baby, você não precisa
De um salão de beleza
Há menos beleza
Num salão de beleza
A sua beleza é bem maior
Do que qualquer beleza
De qualquer salão..."

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Ao te escrever eu me compreendia. Tem sido dias cheios de sentimentos e pensamentos em demasia. Apenas passo por eles e pouco parece ter sentido. E eu me doo. Por tudo. E eu me pergunto, por que tão pouco? Quanto a mim, vivo contendo o que sinto, contendo cada sentimento mais intenso, tenho medo de deixar a barreira romper. Tenho medo de jorrar pra todos os lados, se me descuido um pouco, veja, deixo a lágrima rolar. Por tudo o que passou, por tudo o que eu sei, por tudo o que poderia ter sido e não foi. Certas pessoas não nasceram para águas mais rasas e calmas. Gosto dos pingos de chuva e do barulho do vento. Logo eu, que não temo tempestades, abrigo um mar aberto por dentro.
Menos pelos livros não lidos, pelos filmes interrompidos pelo sono, pelas músicas que toco e não escuto. Na verdade, nada dialoga comigo. A solidão cria tantas possibilidades mas eu insisto em seguir dizendo não na maior parte do tempo. É o meu ato de liberdade extremo. Sou quem sou. Mesmo não sendo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tenho essa mania de ficar em silêncio, entende? Não gosto de desperdiçar a poesia. Então tento ignorar a maior parte de tudo o que acontece por aí, por autoproteção, para não exagerar na sensibilidade, quando são muitos os demônios que vivem dentro de mim, afinal todo o dia é dia para se ter um pouco de paz. 
E eu não dou a mínima se você alcança o que tento dizer, passei tanto tempo ensinando os outros a me ler, que só agora consigo entender que sou repleta de entrelinhas. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Escrevo apenas para traduzir meus silêncios.
Quando descobrimos quem somos de verdade, tudo ao redor passa a ter menor importância. Sou o que me permito sentir e viver, por isso não me afeto como antes. Sou coerente comigo, não exijo demais de mim, e isso tem que ser o bastante. 


Não devo nada a ninguém, me basto em sendo feliz. Isso eu devo a mim mesma. Esqueço o passado. E sigo sempre adiante.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"Tudo é tão pouco para os que sentem demais."

(Pe. Fábio de Melo)

domingo, 19 de outubro de 2014

Virgem e Peixes

Eu nunca soube pedir desculpas e você nunca soube ouvir. Partilhamos o silêncio do que não foi dito, e agora já nem sei mais se era realmente preciso. Nunca fomos de muitas palavras, é verdade. Até que um dia falamos demais, jogamos tanta raiva contida, tanto rancor, tanto, que penso, com certa resignação: a gente falou mais do que deveria. E aí sobrou um vazio dentro de mim pra me fazer companhia e algumas frases que tento elaborar quando estou sozinha " não foi por mal", "já passou", "entendi tudo errado". Penso que às vezes é ilógico se deixar afetar por tantas coisas sem fundamento e que sequer nos diziam respeito. Não é estranho? Conhecer alguém há tanto, tanto tempo e não saber o momento certo de dizer algo. Já nem sei se é necessário. Ou se quero chegar a algum ponto com tudo isso. Lá no fundo eu sei que você ouviu e aceitou meu pedido de desculpas, embora eu nada tenha dito. Eu sei que lá no seu íntimo você riu de tudo isso e achou que já se passou tempo demais desde quê. Porque eu sempre fui louca e você idiota. Uma amizade não dura tanto tempo assim à toa. Mesmo sem dizer as tais palavras, sei que a gente se perdoa.
Vagueio sem destino, sou composta de (des)caminhos. A estrada é meu lugar. Faço de qualquer canto abrigo. A maior riqueza que possuo é a minha vastidão, pois estou em paz comigo. Ela permite que eu cultive em mim o amor livre, os silêncios, os (des)encontros e a solidão. Fico à vontade com as minhas dúvidas e certezas, com essa lua que dentro de mim parece ser sempre cheia. Vivo num estado de inconstância e eterna mutação. Sou um paradoxo sem fim.

Entre as placas de aviso e o desconhecido eu escolho o sim.

 (por que não?)
As algemas ou grilhões não são a pior forma de prisão: tudo o que te impede de ir em frente porque você não está em equilíbrio consigo mesmo é autoflagelo. A maior(e melhor) liberdade está em fazer suas próprias escolhas e não temer suas consequências. A carta de alforria só se dá num estado de paz com o mundo. E em perfeita harmonia com sua consciência. 

Obrigada, Charlie Kaufman

"Everything is more complicated than you think. You only see a tenth of what is true. There are a million little strings attached to every choice you make; you can destroy your life every time you choose. But maybe you won't know for twenty years. And you'll never ever trace it to its source. And you only get one chance to play it out. Just try and figure out your own divorce. And they say there is no fate, but there is: it's what you create. Even though the world goes on for eons and eons, you are here for a fraction of a fraction of a second. Most of your time is spent being dead or not yet born. But while alive, you wait in vain, wasting years, for a phone call or a letter or a look from someone or something to make it all right. And it never comes or it seems to but doesn't really. And so you spend your time in vague regret or vaguer hope for something good to come along. Something to make you feel connected, to make you feel whole, to make you feel loved.
And the truth is I feel so angry, and the truth is I feel so fucking sad, and the truth is I've felt so fucking hurt for so fucking long and for just as long I've been pretending I'm OK, just to get along, just for, I don't know why, maybe because no one wants to hear about my misery, because they have their own. Well, fuck everybody. Amen."

(Synecdoque, New York)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Sempre foi muito difícil para mim tratar da ausência, ainda mais quando ela é tão repentina. E definitiva. Foi e ainda é muito difícil pra mim pensar nisso, talvez eu não seja tão evoluída espiritualmente para entender a dinâmica das coisas aqui  na Terra. A Jô foi embora sem despedidas, e eu não tive chance de agradecer pela inspiração que ela me deu, pelo sopro de vida, mesmo depois da sua morte. Foram muitos os silêncios e as reflexões e as lágrimas, até que eu entendi que esse luto tinha que se transformar em algo bonito, algo que desse algum sentido aos meus dias. Tenho certeza que era isso que ela queria de todos que ficaram aqui: alegria. Porque ela era a felicidade sem fim. Solar, obstinada, livre, extravagante e poética. De uma doçura e carisma incomparáveis. De uma beleza ímpar. 

A compreensão estava distante demais de mim, e eu, que sempre racionalizei tudo, inclusive os meus sentimentos, me recusava a aceitar qualquer explicação. Porque não havia respostas. Tudo se resumia a um aperto no peito forte demais e a um ponto de interrogação.


Foi aí então que eu descobri o blog que ela tinha criado naquele ano. Ler seus pensamentos e anseios me deu coragem de fazer o mesmo. Criei o blog não com o intuito de ser popular ou algo parecido, pelo contrário. Fiz desse lugar uma forma de abrigo, uma fuga desse mundo tão caótico e difícil através das palavras. Eu, que estava completamente perdida, achei meu lugar.

Esse texto é um agradecimento. Hoje ela completaria 25 anos e eu me pego pensando como seria se. Infelizmente não é. Então tento lidar com tudo isso , pois o que posso fazer por mim é viver da melhor maneira possível. Os clichês existem, embora os despreze, mas realmente não sabemos nada  e o tempo passa. O amanhã é apenas uma ilusão.

Jô, você que amou a vida ,  a liberdade e as borboletas, sempre teve um par se asas e foi chamada a voar. Os desígnios são desconhecidos por nós mas estou certa que existe um lugar para pessoas boas e iluminadas. Carrego você comigo sempre. Pela sua vida tão linda e inspiradora serei sempre grata.


Menina, é preciso correr sempre, passar pelos dias, beber aos litros a vida, sem culpa, sem mágoa. Não doi quase nada. Se doer, te garanto, você se cura. Não é impressão sua, a vida é mesmo rara. Não se assuste, sempre que tiver a chance, pule.

Você tem um par de asas.

Bagagem

Quase não sofro e não é por estar acostumada. Já nasci de partida, aprendi muito e tanto com a vida que a minha bagagem não me deixa sobrecarregada. Levo comigo apenas o que me é vital: amor. É o que me basta nessa jornada.


Dispenso o que não é essencial: a dor restou abandonada.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Não me defino com palavras emprestadas.
Não me encaixo em definições alheias.
Abro e fecho minhas próprias aspas:

eu não caibo em frases feitas.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

É que eu tenho um jeito meu de me curar. Só me sinto completa quando transbordo, quando não me contenho. É o meu modo de suportar. Minha mãe dizia que a febre só melhora se a gente suar. É o nosso corpo procurando manter o equilíbrio.
E se a dor me corrói por dentro, não há jeito, deixo a m'água rolar: alcanço a minha leveza porque me permito expurgar o que faz mal, não contenho as lágrimas. 

Às vezes me basta chorar.



domingo, 21 de setembro de 2014

...

Talvez eu não precise me entregar à dor, talvez não seja mesmo necessário. Mas nesse momento de percepção sobre o que sinto, de contato íntimo comigo, nem que seja apenas para dormir, dormir, dormir e acordar no meio da madrugada com a sensação de que tudo é vago, embora vasto, é fundamental. Preciso abraçar a solidão e mergulhar nos vazios. É o meu jeito de seguir em frente. Meu arcano já previra essa minha necessidade de esclarecer tudo, o receio de escassez. 

Sou apenas alguém que sente.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014




O maior dom dele é consertar minha asa quebrada, curar com sorrisos a minha alma.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Para Kamille, Danilo e todas as pessoas de bom coração que ainda restam.

"Fizeram-me tanto, mas tanto mal, que só restou o melhor de mim." 


Nunca tive medo das decepções. Prefiro que a verdade venha logo, atinja, doa e permaneça, para que eu possa me olhar com dignidade no espelho.
Falsidade, mentiras e ilusões se esvaem, hora ou outra. Não tenho medo do que chamam comumente de "quebrar a cara". Sou boa juntando os cacos do que sobrou. Meu rosto pode até ter os remendos e cicatrizes. Sou o que sou. Dispenso as máscaras.

"Aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto." (Caio F.)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Nota de agradecimento

Ao Universo por me permitir viver todos os dias em abundância de mim mesma, repleta de paz e equilíbrio. Pelo aniversário em Vênus, pela completude e pelos ciclos que se fecham, dando abertura ao que é novo. Pelo passado que me deu grandes lições de aprendizado e lembranças maravilhosas. Pelos dias de sol, pelas energias positivas, pelas novas chances e tentativas. Pela minha família, meu alicerce, meu valor maior. Pelas amizades, minha melhor parte, que fazem de mim mais forte e que me conhecem melhor do que eu. Pelo amor que sinto, que me mantem firme nos meus propósitos, que não me deixa desistir e que me dá a real dimensão do que é ser feliz. Pela poesia, pelas palavras, pelo silêncio, pela calma, pela dor e pela alegria. Por estar aqui. 

Pela vida, enfim.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Você (por mim e por Chico)

Às vezes me faltam palavras para explicar, então deixo ele cantar. Ouço a voz de Chico antes de dormir, falando baixinho aquilo que desejo fazer você sentir, "eu sou sua menina, viu?" Você é meu rapaz. O mundo é testemunha desse sentimento, "do bem que você me faz". Ele, como homem, conseguiu entender a alma feminina e toda a sua profundidade, as nuances, os paradoxos que não consigo expor por maior que seja a minha sensibilidade. Pego emprestado o seu eu lírico para explicar o meu sentimento. E sua intensidade.  "Se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu..." Somos apenas um. Você é meu. Minha casa é o seu abraço, onde posso "repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço". Estamos um no outro feito nó, feito laço. "Feito tatuagem". Saiba você, tão desacreditado de tudo, que se alguém duvidar, "consta nos astros, nos signos, nos búzios(...) garantem os orixás, serás o meu amor, serás a minha paz". E essa declaração é apenas uma das minhas maneiras de viver você, "eu, que te vejo e nem quase respiro". São as palavras que me acolhem se você não está pois "na tua presença, palavras são brutas". Me envolvo em teu corpo, me aninho no teu peito. " Eu, que não digo, mas ardo de desejo, te olho, te guardo, te sigo, te vejo dormir."
Eu te amo. E se nada disso for suficiente para explicar ao mundo esse encontro da gente, digo: simplesmente aconteceu.

 "Porque era ele. Porque era eu."

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O caos me fez renascer: ardi e queimei. Criei forças das cinzas. Desintegrada, redescobri meu par de asas e nada me preocupa quanto ao pouso.

Pular é a única saída. Quero apenas a paz num vôo.
Tenho medo de me entregar às palavras e encarar novamente esse vazio que ignoro, mas sempre me acompanha. Tenho medo de parar no meu dia e deixar passar pelo filtro do tempo cada pensamento que eu tenho tentado evitar. Algo sobre saudade. Ou solidão, quem sabe. Sou mais uma apaixonada pelo passado e sei o quanto foi (e é) difícil deixar tanta coisa para trás. Vezenquando uma lembrança escapa e me permito deixar uma lágrima escorrer. Às vezes sorrio à toa. Às vezes nem sei porquê. O quanto eu mudei. O quanto eu me esforcei para passar por cima das mágoas e curar as feridas. O quanto estou paralisada nessa cidade em que sobra tudo e ainda há escassez de palavras.

É tudo tão vago. Tudo se resume a quase nada. Passo pelos dias exausta. Sinto sono, quase morro.

E não descanso.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Que eu te acho tão lindo de tantas e de todas as formas possíveis que mal consigo prestar atenção nos nossos filmes, te olho o tempo todo e quando você percebe, começa a reclamar. Que eu amo o meu riso contigo, quando você me enche de cócegas, não consigo evitar. Que eu te acho tão divertido, o seu jeito de brincar comigo, de me provocar e quase sempre conseguir me irritar. Que eu amo o seu sorriso, amo os seus olhos abertos a me encarar ou mesmo fechados, quando você está dormindo... me dá uma  vontade incontrolável de te beijar e te fazer carinho. Que eu amo o seu cabelo molhado, que eu amo ver você todo ensaboado debaixo do chuveiro, que eu amo a sua paranoia para não sujar os pés, sempre me pedindo a toalha e o seu chinelo. Que eu amo dividir com você meu travesseiro. Que eu amo as nossas conversas na cama ou no bar, que eu amo a sua companhia em qualquer lugar.

Que eu amo o seu abraço, dentro dele eu não preciso de mais nada desse mundo.
Que eu amo viver com você. E te amo.
Se estou ao seu lado, estou no lugar mais seguro.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Love, Marilyn

Marilyn Monroe



"From time to time 
I make it rhyme 
But don’t hold that kind of 
Thing against me 
Oh, well, what the hell 
So it won’t sell.
What I want to tell 
Is what’s on my mind 
Tain’t dishes 
Tain’t wishes 
It’s thoughts 
Flinging by
Before I die 
And to think
In ink"

(Norma Jeane Baker aka Marilyn Monroe)


P.S.: Sempre tive grande admiração e curiosidade pela figura emblemática da Marilyn Monroe, sex symbol e atriz. Agora que descobri seus escritos, estou encantada com a sensibilidade da poeta.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014





"Adoro esse olhar blasé
Que não só
Já viu quase tudo
Mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver.

(...)

Adoro, sei lá por que,
Esse olhar
Meio escudo
Que em vez de qualquer álcool forte pede água perrier."

(Adriana Calcanhotto)

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Tão bem
Muito de tudo que há em mim é alegria
Só te desejo o melhor também
Paz de espírito, desapego, poesia
Que os seus olhos vejam além
Que haja amor nos seus dias



(Amém) 


Mudo muito, pouco em mim permanece igual. Estou numa constante mutação, me adequando a cada ambiente, tentando ser mais gente nesse mundo tão animal. E me doo, me entrego, choro, sinto raiva, amor, desespero. Sou toda sentimentos. Não nasci para a apatia. Meu sorriso não é frouxo, minhas lágrimas não caem à toa, mas mantenho em mim o olhar que resgata a poesia. Endureci um pouco depois que enlouqueci. Compreendo o significado dos sopros e epifanias, não fui feita para me entregar pela metade ou para plantar minhas sementes em terrenos estéreis. Não, sou fiel às minhas verdades. 

Nem todos merecem as minhas delicadezas. De tanto me cortar, criei forças para me manter inteira. Aprendi a guardar as palavras e a maturar meus pensamentos. Aprendi a ser sofrendo. Colho os meus frutos. E se hoje eu só ofereço o meu melhor é porque descartei o que havia de ruim por dentro.

Estou só. Nos fins de tarde, nas noites dessa cidade desconhecida. Estou só, acolho os silêncios, ouço apenas o barulho da taquicardia.  Estou só na sala, me perco em memórias que não são mais minhas. Estou só nas fotografias. Aproveito o ensejo e me olho no espelho ao som de Marina: "Às vezes eu quero demais e eu nunca sei se eu mereço". Estou só, tão à vontade comigo, por quase um segundo te esqueço. Estou só na cama vazia. Estou só, a luz do poste lá fora nada ilumina. Estou só no escuro. Estou só na minha. Estou só. A solidão preenche os vazios que você deixou na minha vida. Estou só, juntei os cacos. E a liberdade de me ter inteira me faz companhia.



segunda-feira, 4 de agosto de 2014


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Minha



Há alguns dias tenho tentado escrever na página em branco e o resultado, adivinhe: vários rascunhos. Começo os textos e não termino, parece que nada que escrevo acompanha de fato o que sinto. 


A poesia não acontece só no papel, acontece no dia a dia, no cotidiano, na vida. É mais uma questão de sensibilidade do que de inspiração. É de dentro para fora. 



Nunca tive a pretensão de ser a pessoa mais bonita, ou mais inteligente, ou qualquer coisa que não tivesse alguma relação com ser "mais feliz". Ser quem você é, apesar dos defeitos, e gostar do que se vê, enxergando muito além do espelho é o que todos precisam fazer para alcançar a felicidade. Sou coerente com o que vejo e sinto, diariamente me perdoo e faço as pazes comigo. Esse é o verdadeiro estado de liberdade. E isso me basta.


O sentido da vida é olhar para si mesmo e se enxergar de verdade. Não ser perfeito e se aceitar exatamente desse jeito é poético. É uma dádiva.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Mergulhar fundo nos abismos, naufragar por dentro, reconhecer a escassez e respeitá-la, abraçar a solidão, ficar a sós com o nada.  Intensidade. Sinto tudo por inteiro. Não nasci para as margens: eu, que já me segurei tanto nas bordas, vivo em profundidade. 




(a única salvação possível é a liberdade)









As palavras me aceitam como sou. Escrever é a minha forma de retribuição. Componho porque me doo. E me faço completa. Na dor, no amor: poesia é entrega.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Lindeza

Coisa linda, é mais que uma ideia louca
Ver-te ao alcance da boca
Eu nem posso acreditar

Coisa linda, minha humanidade cresce
Quando o mundo te oferece
e enfim te dás, tens lugar

Promessa e felicidade, festa da vontade
nítido farol, sinal novo sob o sol, vida mais real

Coisa linda, lua, lua, lua, lua
Sol, palavra, dança, nua, pluma, tela, pétala
Coisa linda, desejar-te desde sempre
ter-te agora um dia e sempre, uma alegria pra sempre

(Caetano Veloso)

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O encontro das palavras é sempre inédito.
Não são apenas versos e rimas criando melodia.
A poesia é a busca por sentido
As letras são meu placebo, minha terapia.
Escrevo para suportar a vida.
Mas sou poeta (além de hipocondríaca).
As palavras me deixam em êxtase,
Com os nervos à flor da poesia
Paixão em punho, caneta e papel na mão
E o encanto surge: à primeira vista.

(escrevo mesmo é pelo frio na barriga)

Eat Pray Love



Attraversiamo

(Let's cross over)
Sou uma mulher em busca de sentido. Não tenho a pretensão de me definir com clichês, nem sou atormentada pelas crises de identidade. Sei quem sou. Não finjo. Choro, emudeço, grito. E aprendi tanto e de tantas formas a me respeitar que não fujo mais da dor. Disseco-a até o limite; aquele momento em que não há no mundo descrição adequada, que não há no vocabulário um termo que expresse o sentimento, quando apenas o silêncio é a resposta exata.


Sou uma mulher de abismos, de silêncios, de gritos. Sou uma mulher dos livros, dos pensamentos, dos signos do zodíaco. Sou uma mulher da terra, dos risos e das lágrimas. Sou uma mulher. Ponto. Porque sinto.



Sou uma mulher de (re)versos. 
Sou uma mulher de palavra(s).



segunda-feira, 30 de junho de 2014

"E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma hora da madrugada ainda em desespero - eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. e você é você. É vasto, vai durar.

O que te escrevo é um “isto”. Não vai parar: continua.
Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.

O que te escrevo continua e estou enfeitiçada."

(Clarice Lispector in Água Viva)

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sol da minha vida,
O seu olhar melhora minha retina
Quando você diz que meus olhos brilham, claros pela luz do dia
É porque te olho. E gosto.
Você me ilumina.

O que irradio não é nada menos que alegria.



you live inside of me like poetry
(você vive dentro de mim como poesia)

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Em vez de lágrimas, palavras.


Quanto a mim, acolho os silêncios e teço por dentro as minhas melhores palavras. Guardo-as comigo até o momento em que me sinto completamente à vontade. Escrever exige da alma cuidado:

A poesia só acontece em liberdade.

(Então me calo).

segunda-feira, 2 de junho de 2014

"Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença. Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude. Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase. Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala. Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo. Faça com que a solidão não me destrua. Faça com que minha solidão me sirva de companhia. Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar. Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços meu pecado de pensar."

(Clarice Lispector in Um Sopro de Vida)

sexta-feira, 30 de maio de 2014


A minha mudança é de estado
O meu instante é já

De lá



Pôr -do - sol do melhor lugar do mundo . São Gonçalo - RJ.
Luz do sol. Rio de Janeiro - RJ.





"Sou livre para o silêncio das formas e das cores.

Só quem está em estado de palavra pode enxergar as coisas sem feitio. 

A poesia não existe para comunicar, mas para comungar. 
A palavra é o nascedouro que acaba compondo a gente. 

A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela
Melhor ser as coisas do que entendê-las."

(Manoel de Barros)

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Rascunhos

Quando eu escrevo, minhas ideias criam força, sou capaz de crer. A escrita é meu ato de fé.

*

Nada é definitivo. Sou mutável como o meu signo. Rompo barreiras, desmorono. Mas me edifico.
Não posso condenar os últimos anos, não vou remoer os desenganos. Sou forte agora. Consigo olhar para o passado e extrair algo bom dos danos. Não foram poucos. Mas fazendo um balanço, embora eu tenha sofrido tanto, não me entreguei em vão, mergulhei fundo até o limite do naufrágio, mas aprendi a nadar. É longo o percurso até a linha do horizonte. Mas é lá onde quero chegar.

*

Talvez seja cedo demais para tecer previsões sobre o futuro. Só quero crescer. Não causar sofrimento. Ser feliz. No fim das contas é por isso que a gente não tenta se matar todos os dias: porque lá no fundo a gente espera o melhor. A gente acredita.

domingo, 13 de abril de 2014

A poesia me veste melhor que qualquer roupa.

Não há nudez quando há palavras.

sábado, 12 de abril de 2014

Cuidar do coração  como se fosse uma encomenda frágil: deve estar em perfeito estado até chegar ao destinatário.

*

E se o coração se perder no caminho, lembrar que o amor não é estrada.
É labirinto.






Quando você foi embora restaram vazios o quarto, a sala, o meu peito tão cheio de nós e exausto de mim mesma por tentar reescrever a nossa história. Cabia a mim recomeçar. Meu coração doía discretamente; chorava (se chorava) algumas lágrimas contidas, as poucas que sobraram depois de tanta (m)água rolar. Não havia mais desespero, embora cada dia fosse tão pesado quanto a própria despedida. Senti a inadequação de estar num lugar que, embora repleto de móveis e livros e arranjos e cores, possuia ainda muitos espaços vazios. Os espaços: esses sim me incomodavam. Eu não tinha mais do que desviar. Dos seus sapatos esquecidos no meio do corredor. Ou da sua caneca no canto direito ali no chão, perto do sofá. Caso eu tropeçasse por descuido, não haveria mais cacos para limpar. Os cabides sem suas roupas, o armário sem os discos, o colchão que tem o contorno do seu corpo, sinais recentes de que você estava aqui há tão pouco. Não está mais. Compartilho meus dias com o silêncio. Quase não ouço a minha voz, mas devaneio em meus pensamentos. Tento lidar com a sua ausência definitiva, já que a falta que você fazia sempre foi minha companhia. Com você eu estava acompanhada, mas sozinha. Você foi embora; cá estou com as lembranças e a solidão, além de um entendimento que só foi possível agora. Às perguntas, só uma resposta: numa vida tão irregular e transitória apenas as perdas são definitivas. Em meio a tantas mentiras, sou grata por não ter me poupado da maior verdade. Por ter compreendido antes de mim que não dá pra sobreviver com migalhas, não podemos esperar uma relação completa se oferecemos apenas a metade. Aos pedaços, junto os meus próprios cacos. E com os nossos retalhos eu bordo uma imensa saudade.


Pra todos os corações partidos que transformam tristeza em arte: obrigada por inspirar beleza.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O que aprendi com Sarah Kane

“I am an emotional plagiarist, stealing other people's pain, subsuming it into my own until I can't remember whose it is any more.” (Sarah Kane)


Além da literatura, passei a buscar inspiração em outras fontes. A mais recorrente vem sendo o cinema, pelo qual sou completamente apaixonada. Deparei-me com um curta chamado Reflections of a Skyline, cujas críticas eram excelentes, e não vi outra alternativa a não ser assisti-lo. Vi incontáveis vezes, me emocionei em todas elas e, curiosa que sou, procurei saber quem tinha elaborado um roteiro tão poético e sensível. Descobri que o curta é, na verdade, uma adaptação da peça teatral Crave, de Sarah Kane. A história dessa mulher é completamente triste, ela reproduzia nos seus escritos todo o seu desespero, angústia e, sobretudo, seu amor dilacerante. A escritora cometeu suicídio em 1999, aos 28 anos, tendo sido internada algumas vezes em clínicas psiquiátricas com o diagnóstico de depressão.

Passei a não exigir tanto de mim. Alguma vezes escrevi aqui no blog sobre a dificuldade de transformar tudo o que sinto em palavras . Não se trata de mero bloqueio criativo ou a ausência de algo que me inspire, pelo contrário: as palavras não conseguem alcançar o que sinto no momento.

Aprendi a respeitar o meu tempo, a traduzir o que vejo e sinto em reflexões e pensamentos. Estou amadurecendo os meus textos, embora eu viva a poesia no meu cotidiano. Estou crescendo como pessoa também. Os silêncios, sobre os quais já discorri, são eloquentes. Respeito -os em demasia. E sinto. Essa aparente reclusão é, na verdade, aprimoramento. O caos também gera coisas incríveis.  E o resultado final certamente será belo.






quinta-feira, 3 de abril de 2014

Poderia dizer algo assim como "lembrei de você", mas sequer é verdade. Para lembrar é preciso esquecer e isso jamais me ocorreu. A verdade é que penso, mil, um milhão de vezes, seja lá qual for a medida exata do pensamento. E te sinto. Na mesma vibração e sequência das batidas dentro do meu peito. Na exata extensão das minhas veias no trajeto que leva sangue ao coração. O sentimento dispensa a matemática da medida. A lógica da razão. Só há sentido se é profundamente sentido. Não cabe em mim o amor que sinto. O amor que dedico não possui dimensão.

domingo, 30 de março de 2014

Interesses

A poesia de peito aberto e cara limpa. A relação honesta com os livros. A paz e a verdade que eu só encontro na escrita. E inspiração. Sempre. Para transformar o caos do que sinto no entendimento que só é possível com as palavras: escrevendo eu faço as pazes comigo.
"A vida é apenas uma ponte entre dois nadas e tenho pressa." (Caio F. in Pela Noite)



As setas não indicam avisos; sigo apenas o que sinto. Meus pés acompanham as marcas que foram deixadas no chão. O mundo já não me apavora. Os destinos são meus conhecidos. Pareço ter os mapas desenhados nas mãos, conheço as estradas lá fora por mera intuição. Pelas rotas tortuosas eu transito. Sou a minha própria direção. Como os sentimentos me habitam, sou também um lugar. Desconfortável, caótico e difícil. É árduo o percurso até mim. As placas nada avisam. Sou eu que digo: é no caminho de dentro que mora o perigo.

sábado, 22 de março de 2014

Tempo


Atravesso a manhã que mal começou com pressa. Ela está prestes a acabar. Sinto que os ponteiros estão cada vez mais velozes. Eu não caibo nesse dia. Apenas vejo o tempo passar. Há tempos não me olho no espelho. Quando isso acontece, percebo a presença de fios brancos ornando meus cabelos, rugas emoldurando meus olhos. 'Em vez de poetizar a velhice, preciso mesmo parar de fumar'. Penso, num rompante. Sequer consigo saber se pensei realmente ou se disse em voz alta. Preciso escrever. Preciso dormir. Há tempo? Tudo é frágil demais e desaparece conforme a vida segue. A vida abrange todas as pessoas. Eu não pertenço. Sinto aos poucos que estou me perdendo. Estou divagando, preciso correr sem tropeçar nas coisas, sem esbarrar nas pessoas. Minhas pernas parecem mais fracas. Um trago. Sinto que vou desmaiar. A cabeça pesa e os meus membros estão dormentes. Não posso cair. Não posso perder tempo. O que está acontecendo? Estou suando. Minhas mãos tremendo. Desapareço no meio do dia. Não há porque sonhar, afinal. Se há vida bastante em mim, sobra nos ponteiros. Eles me atingem. Abro os olhos: acabou o tempo.

domingo, 16 de março de 2014

Vista da Baía de Guanabara. Niterói - RJ.





"Lutei toda a minha vida contra a tendência ao devaneio, sempre sem jamais deixar que ele me levasse até as últimas águas. Mas o esforço de nadar contra a doce corrente tira parte de minha força vital. E, se lutando contra o devaneio, ganho no domínio da ação, perco interiormente uma coisa muito suave de se ser e que nada substitui. Mas um dia ainda hei de ir, sem me importar para onde o ir me levará."

(Clarice Lispector)

sábado, 15 de março de 2014

Irmão

Príncipe. São Gonçalo - RJ.


A melhor pessoa que conheci no mundo tem o mesmo sangue que eu correndo nas veias, o que me me faz acreditar que boas coisas podem acontecer e que eu posso sempre melhorar. Há 22 anos eu convivo com o meu irmão e uma das coisas mais bonitas desse relacionamento é a admiração que eu tenho. Não conheço e jamais conhecerei alguém tão próximo da perfeição como ser humano. Não é exagero dizer que ele é o melhor irmão do mundo. Tenho muito orgulho de dizer isso porque é mesmo verdade.


Escrevo isso porque somos parecidos e temos dificuldades em enxergar quem somos, por inúmeros motivos. Queria dizer apenas que fico feliz por ser alguém com quem você pode contar. Seja para dar conselhos sobre músicas ou sobre a vida. E que você esteja se tornando o homem que eu sempre imaginei que você seria. Essa é a minha visão sobre você. Obrigada por me fazer sentir importante. Estar com você só melhora o meu dia. Eu amo você. Você me enche de orgulho e alegria.




Para o meu irmão, Caio.

domingo, 2 de março de 2014

My man

Meu. Manaus - AM.



"My home is my man, try as hard as you can, I ain't gonna leave him."
(Mallu Magalhães)

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Aquela mulher


Não sei o que os próximos dias me reservam e tenho medo. De me doer. De enlouquecer.  De desistir. Sequer consigo chorar. Ou rir. Não sei precisar o que sinto. Agora sinto um pouco de frio. E estou infeliz.


Não tinha cicatrizes aparentes pelo corpo, mas quando a chuva ameaçava cair ela toda se doía. Latejava por dentro e os pêlos eriçavam com o soprar do vento. Nenhum agasalho lhe servia. Caminhando pelas ruas acompanhada dos pingos de chuva se sentia mais aquecida.
Aquela mulher tinha a marca de quem possui nos olhos abismos e um vazio descomunal por dentro. Aquela mulher tinha um coração que não batia, mas sangrava pelas incertezas da vida. Aquela mulher não era exatamente triste. Apenas acordava com a forte impressão de que aquele não era o seu dia. Nenhum deles foi feito pra ela, pensaria, mas aquela mulher resistia, resiliente e compassiva. Aquela mulher sentia. E, embora despedaçada, possuía o sinal de quem não desiste. Frágil, suas cicatrizes eram tentativas.

Perdoando Deus

"Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."
(Clarice Lispector)

Insight ou inside (sobre depressão)


Sou muito pequena e a minha grandeza, se há alguma, consiste em transformar sentimentos em algo palpável. Então me entrego às palavras, num exercício quase débil de fazer sentido. Estou só na noite. Sou só, há noite. E quando o silêncio rompe a madrugada e percebo gotas escorrendo pelo meu corpo, divago sobre a solidão que me abarca e que, num paradoxo, sempre foi a melhor companhia. O mundo é vasto. E também vazio. O que me torna tão distante? Talvez as cartas expliquem, IX, o Eremita. Talvez seja uma fase. Talvez seja simplesmente o que faz de mim exatamente assim: o que sou. O escritor tenta extrair das palavras um significado e o seu mal é encontrar o que nunca foi procurado. Arquiteto histórias e pinto poesias, porque essa é a minha expressão. Caneta em punho, papel na mão. Deep impression. Não sou triste, acredite. Minha loucura  é- lúcida. Há razão: minhas impressões é que são profundas.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Carta aberta

Escrevo essas palavras como se fizesse uma oração. Tenho sangue e lágrimas nas mãos, tenho inspiração correndo nas veias e poesia batendo no coração. Não preciso sorrir pra demonstrar minhas alegrias, mas não contenho o choro se algo me entristece. Nunca peço atenção.  A dor me enternece e desatina. Eu me abraço toda encolhida. Eu me curo nos livros. Nos versos encontro uma saída.  Sou composta de intensidades, minha transparência é característica.  Não uso disfarces. Não gosto de maquiagem. Não quero os holofotes. Minha discrição fala mais alto. A coerência é minha rotina. Eu me basto. Vivi algum tempo suportando tristezas e perdi, dentre tantas coisas, a fé. Mas eu sou quem sou. Da melhor forma que posso ser. Exatamente assim. Poeta, menina. Escritora do meu papel, protagonista da minha vida. 

Essa é a verdadeira beleza pra mim.

Carta de Amor

"Se choro, quando choro, e minha lágrima cai
É pra regar o capim que alimenta a vida
Chorando eu refaço as nascentes que você secou
Se desejo, o meu desejo faz subir marés de sal e sortilégio
Vivo de cara pra o vento na chuva, e quero me molhar
O terço de Fátima e o cordão de Gandhi cruzam o meu peito
Sou como a haste fina, que qualquer brisa verga, mas nenhuma espada corta

Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só
Não mexe não!
Não mexe comigo, que eu não ando só
Eu não ando só, que eu não ando só"


(Maria Bethânia in Carta de Amor)

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Partindo

Aos pedaços, não me enxergo no reflexo
Então eu quebro o espelho.
Nos cacos espalhados pelo chão me reconheço.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

"Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. 


Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente."

(Roberto Pompeu de Toledo)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

"Para onde eu vou, vai-me o coração também, que ainda não arranjei modo de o largar pelo chão." (Valter Hugo Mãe)


O coração é um fardo pesado. Difícil de ser carregado. Mas não importa o quanto doa, não vou abandoná-lo.