Mudo muito, pouco em mim permanece igual. Estou numa constante mutação, me adequando a cada ambiente, tentando ser mais gente nesse mundo tão animal. E me doo, me entrego, choro, sinto raiva, amor, desespero. Sou toda sentimentos. Não nasci para a apatia. Meu sorriso não é frouxo, minhas lágrimas não caem à toa, mas mantenho em mim o olhar que resgata a poesia. Endureci um pouco depois que enlouqueci. Compreendo o significado dos sopros e epifanias, não fui feita para me entregar pela metade ou para plantar minhas sementes em terrenos estéreis. Não, sou fiel às minhas verdades.
Nem todos merecem as minhas delicadezas. De tanto me cortar, criei forças para me manter inteira. Aprendi a guardar as palavras e a maturar meus pensamentos. Aprendi a ser sofrendo. Colho os meus frutos. E se hoje eu só ofereço o meu melhor é porque descartei o que havia de ruim por dentro.