terça-feira, 30 de outubro de 2018

Todo dia eu choro um pouco.
Às vezes é de raiva, desespero, medo.
Dá uma dor no coração, um aperto no peito
Voz que quer falar, gritar
Mas não sabe se dá jeito
Porque tudo em volta insiste em calar

Um nó na garganta que machuca
Não desata
Só me rasga e sangra
Mas que eu não quero manter preso
Porque me impede de respirar

De vez em quando as lágrimas vem sem esse peso
Pois apesar de tudo o que vejo
Há um resquício qualquer de tolerância
Tento me apegar com força a ela
Ao muito pouco que resta
Porque ainda não perdi a esperança.

domingo, 28 de outubro de 2018

Sobre as eleições: moderei o discurso, tentei compreender o que motivou algumas pessoas a votarem num projeto sem debate ou propostas relevantes, calcado apenas em mentiras, autoritarismo e violência. Essas pessoas, em principio, me pareciam ignorantes ou manipuladas. Tentei dialogar, em vão: elas querem mesmo é permanecer vendadas. Há uma linha tênue entre o mau caratismo e a desinformação. Quem quer combater corrupção e violência não propaga mentiras. O nome disso é ética. 
E vale pra todos.

Depois de tudo que li, vi e ouvi, estou ainda mais orgulhosa de ter me posicionado. O ódio, o preconceito e a intolerância foram desmascarados. O discurso foi legitimado e pessoas foram agredidas e mortas de ambos os lados. Essas eleições não foram apenas sobre um partido ou candidato. Foram sobre humanidade. 
E quando ouço esses fogos de artifício, sinto um alívio: dessa farsa eu não fiz parte.
Lembro até hoje de uma aula de MPB (sim, música popular brasileira) ministrada na minha oitava série. Eu tinha 13 anos. Meu professor escrevia a letra no quadro, explicava do que se tratava, o contexto histórico, o seu significado. Eu entendi o que significava Sampa, de Caetano, Cálice, de Chico Buarque, Fotografia 3x4, do Belchior. Sempre gostei das músicas de rock dos anos 80 (trago Renato Russo tatuado) e poder cantar numa sala de aula junto com o professor era algo que até hoje eu penso ter imaginado.
Mas foi real de um jeito que transformou o meu olhar, mudou meu pensamento. 
Eu passei por todos os estágios nesse processo eleitoral. Frustração, ira, tristeza, desolação, descontentamento. Tive crise de ansiedade após o primeiro turno, me dei conta do quão emocionalmente abalada eu estava com todo o panorama que estava sendo traçado. Conversei com pessoas de quem muito gosto e tive uma epifania. Percebi que as eleições estavam contaminadas. A falta de informação imperou graças à disseminação de fake news aliada ao profundo ódio a uma ideologia. Numa modernidade líquida, como escreveu Bauman, tudo é rápido demais. Tudo se dispersa. Há quem seja mau caráter, há quem seja ignorante. Há quem esteja puto. E há quem simplesmente não sabe o que fazer e não enxerga outro rumo. 
Reconheço que estou numa posição privilegiada, porque tive a oportunidade de ler, indagar, procurar, aprender. Não dá para levantar a bandeira do Estado Democrático de Direito e fazer conjecturas, impondo-as a quem quer que seja, se muitos dão duro para simplesmente ter o que colocar na mesa. 
Ser crítico é fundamental numa democracia. E isso só é possível com educação de qualidade, com oportunidades, com respeito e apreço à coisa pública e às instituições democráticas. 
Perdi um pouco a fé, mas anseio por dias melhores. E espero poder colaborar mais ativamente para que eu veja um Brasil grande e evoluído mais pra frente. Como cantou Renato Russo, "O Brasil é o país do futuro".
Anseio pelo dia que será o país do presente.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

"O meu olhar é nítido como um girassol." (Alberto Caeiro)
Ainda não dormi.
Mil pensamentos, angústia no peito, mas me pego lendo e lendo e lendo e só me resta afastar o medo.
Então eu escrevo.
Esperança é mais que uma palavra. É uma força involuntária. Ela parece perdida, até meio escondida, mas não falha. Esperança enche os nossos olhos de lágrimas. 
Esperança é o nome de um bichinho, que embora verde e pequenininho, provoca na gente a vontade de fechar os olhos e fazer um pedido.
Porque sonhar é mágico e bonito. Seria de um mal gosto terrível o Universo não conspirar.

Apesar da falta de ar e do descompasso dos batimentos cardíacos, é esperança mesmo o que sinto.
Enquanto houver o mínimo de luz no fim do túnel, insistirei na caminhada, a ela vou me apegar.
O mundo não é fácil para quem sonha, mas não desisto. 
Eu vivo por acreditar.

5:35

São 5:35 de uma madrugada sem sono e sem sonhos. Já tinha esquecido a sensação de amanhecer sóbria. Álcool e cigarro me acompanhavam noite a dentro, a escuridão era um bom argumento. Então o sol anunciava um novo dia e com ele vinha o desespero. Eu me rendia. Abraçava o travesseiro e encarava o pesadelo (que não terminava quando eu adormecia). 
Tenho fugido dos meus pensamentos. Tento me ocupar, vejo documentários e ouço músicas e leio tanto que quase me esqueço. Nada captura a minha atenção: quase sempre me perco. Nem lembro a última vez em que me olhei no espelho. Estar a sós comigo começou a ser um martírio. Crises de ansiedade, taquicardia, medo. E eu não tenho certeza do momento em que eu desaprendi o jeito. Me desacostumei ao silêncio. 
De tudo o que já escrevi sobre escassez, solitude e estar pleno, muito pouco faz sentido. No aqui e agora, talvez soe como pessimismo, mas eu me sinto o copo meio vazio.
Talvez seja um processo. 
Doloroso, já que interno.
Reaprender a ser o copo meio cheio.

Mas nem era sobre isso que eu queria falar.
São 5:51 e os galos cantam lá fora.
Há mais uma chance de recomeçar.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Alma mater

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Grama verde
Olhos fechados
Mato recém-molhado
Pés descalços
Cheiro de orvalho
Sol atravessando o céu
Desfilando seus primeiros raios
Cheiro de café e poesia
Rubel na trilha
E um violão
Sua mão na minha
Feliz aqui
Feliz enfim

(Com você é sempre um bom dia)

domingo, 21 de outubro de 2018

"Your sailor eyes
The water in the well
A thirst to fill
Let down your arms
The purging of this dark
The fall to free"

(William Fitzsimmons)

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Aos mestres, com carinho

O dia de hoje é tão cheio de significados que a reflexão é inevitável. Educação é a única arma capaz de transformar a realidade. Sou extremamente grata por ter a oportunidade de aprender (ainda hoje) com verdadeiros mestres, cujos ensinamentos não se encerram na metodologia das disciplinas. Fui ensinada a ter pensamento crítico, a dialogar com as diferenças e a olhar (e entender)  o mundo com mais humanidade. Se hoje eu sou quem eu sou, certamente é por ter estado na presença de cada um deles.
A revolução se faz com o ensino. Com lápis, caderno e livro. É assim que o mundo se transforma.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Panic

"I wonder to myself could life ever be sane again."

Mentally ill
My head is aching
The air I try so hard to take
Seems poisoned when I breathe in

My thoughts scare me
I can't control
My heart is a ticking bomb
About to explode

sábado, 6 de outubro de 2018

Em meio a tanta fuga que aprisiona, escolho a liberdade do enfrentamento.

(vai dar certo)

Depressão

Eu me perdi de mim mesma
Achei que ia morrer de tanta tristeza
Me sentia em mar aberto, entregue à correnteza
Sem saber nadar.
Todo dia é uma batalha para bater os braços
Forçar o nado
 E respirar
Todo dia travo uma luta diferente para não naufragar.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

"Eu solto o ar
No fim do dia
Perdi a vida
Eu já não sei se sei
De nada ou quase nada
Eu só sei de mim
Só sei de mim
Só sei de mim"

(Secos e Molhados)
Eu não preciso inventar histórias ou justificar escolhas porque lá fora muito pouco me importa.
Eu sou o meu próprio centro.
A cada dia que passa me vejo mais só nessa trajetória, mas isso não me apavora.
Eu sou uma fortaleza por dentro.