quinta-feira, 25 de outubro de 2018

5:35

São 5:35 de uma madrugada sem sono e sem sonhos. Já tinha esquecido a sensação de amanhecer sóbria. Álcool e cigarro me acompanhavam noite a dentro, a escuridão era um bom argumento. Então o sol anunciava um novo dia e com ele vinha o desespero. Eu me rendia. Abraçava o travesseiro e encarava o pesadelo (que não terminava quando eu adormecia). 
Tenho fugido dos meus pensamentos. Tento me ocupar, vejo documentários e ouço músicas e leio tanto que quase me esqueço. Nada captura a minha atenção: quase sempre me perco. Nem lembro a última vez em que me olhei no espelho. Estar a sós comigo começou a ser um martírio. Crises de ansiedade, taquicardia, medo. E eu não tenho certeza do momento em que eu desaprendi o jeito. Me desacostumei ao silêncio. 
De tudo o que já escrevi sobre escassez, solitude e estar pleno, muito pouco faz sentido. No aqui e agora, talvez soe como pessimismo, mas eu me sinto o copo meio vazio.
Talvez seja um processo. 
Doloroso, já que interno.
Reaprender a ser o copo meio cheio.

Mas nem era sobre isso que eu queria falar.
São 5:51 e os galos cantam lá fora.
Há mais uma chance de recomeçar.

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