Lembro até hoje de uma aula de MPB (sim, música popular brasileira) ministrada na minha oitava série. Eu tinha 13 anos. Meu professor escrevia a letra no quadro, explicava do que se tratava, o contexto histórico, o seu significado. Eu entendi o que significava Sampa, de Caetano, Cálice, de Chico Buarque, Fotografia 3x4, do Belchior. Sempre gostei das músicas de rock dos anos 80 (trago Renato Russo tatuado) e poder cantar numa sala de aula junto com o professor era algo que até hoje eu penso ter imaginado.
Mas foi real de um jeito que transformou o meu olhar, mudou meu pensamento.
Eu passei por todos os estágios nesse processo eleitoral. Frustração, ira, tristeza, desolação, descontentamento. Tive crise de ansiedade após o primeiro turno, me dei conta do quão emocionalmente abalada eu estava com todo o panorama que estava sendo traçado. Conversei com pessoas de quem muito gosto e tive uma epifania. Percebi que as eleições estavam contaminadas. A falta de informação imperou graças à disseminação de fake news aliada ao profundo ódio a uma ideologia. Numa modernidade líquida, como escreveu Bauman, tudo é rápido demais. Tudo se dispersa. Há quem seja mau caráter, há quem seja ignorante. Há quem esteja puto. E há quem simplesmente não sabe o que fazer e não enxerga outro rumo.
Reconheço que estou numa posição privilegiada, porque tive a oportunidade de ler, indagar, procurar, aprender. Não dá para levantar a bandeira do Estado Democrático de Direito e fazer conjecturas, impondo-as a quem quer que seja, se muitos dão duro para simplesmente ter o que colocar na mesa.
Ser crítico é fundamental numa democracia. E isso só é possível com educação de qualidade, com oportunidades, com respeito e apreço à coisa pública e às instituições democráticas.
Perdi um pouco a fé, mas anseio por dias melhores. E espero poder colaborar mais ativamente para que eu veja um Brasil grande e evoluído mais pra frente. Como cantou Renato Russo, "O Brasil é o país do futuro".
Anseio pelo dia que será o país do presente.
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