segunda-feira, 27 de junho de 2011

Acrilic on Canvas

É saudade, então
E mais uma vez
De você fiz o desenho mais perfeito que se fez
Os traços copiei do que não aconteceu
As cores que escolhi entre as tintas que inventei
Misturei com a promessa que nós dois nunca fizemos
De um dia sermos três
Trabalhei você em luz e sombra
E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que nunca quis deixar você tão triste
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras
Quase nunca são
Preparei a minha tela
Com pedaços de lençóis que não chegamos a sujar
A armação fiz com madeira
Da janela do seu quarto
Do portão da sua casa
Fiz paleta e cavalete
E com lágrimas que não brincaram com você
Destilei óleo de linhaça
Da sua cama arranquei pedaços
Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes
E fiz, então, pincéis com seus cabelos
Fiz carvão do batom que roubei de você
E com ele marquei dois pontos de fuga
E rabisquei meu horizonte
E era sempre, Não foi por mal
Eu juro que não foi por mal
Eu não queria machucar você
Prometo que isso nunca vai acontecer mais uma vez
E era sempre, sempre o mesmo novamente
A mesma traição
Às vezes é difícil esquecer:
"Sinto muito, ela não mora mais aqui"
Mas então, por que eu finjo
Que acredito no que invento?
Nada disso aconteceu assim
Não foi desse jeito
Ninguém sofreu
É só você que me provoca essa saudade vazia
Tentando pintar essas flores com o nome
De "amor-perfeito"
E "não-te-esqueças-de-mim"

(Legião Urbana)

O cinza da estação anoitece nossos dias
A iluminação é escassa, as cores se entristecem
A ausência de calor traz uma languidez incontida
Uma persistente dor, uma irreparável melancolia

Quando o frio penetra a casa inteira
Um mero abraço não mais basta para aquecer
Nem taças de vinho, meias de lã, colchas de retalhos
Nem mesmo o repouso perto da lareira

O que flameja em mim são as ideias
O que me arde e sustenta são sentimentos
A arte, forma mais bela de entender a vida:
eis o fogo que me queima, o meu alento.

Só a poesia abriga.


quinta-feira, 23 de junho de 2011

Carta pra alguém do lado

Há tempos não me sentia tão confortável na minha pele, sabia? Um saco isso, pra quem adora dramatizar como eu. Você, você, meu amigo, me conhece melhor do que ninguém no mundo e sabendo das coisas que eu tenho passado, deve ter pensado que eu iria desistir. Ou, no mínimo, chorar bastante, abraçada com o  travesseiro. 'Para de ouvir essas músicas depressivas', você diria. 
Meu dia não foi dos melhores. Acordei de ressaca, e eu nem bebi, acredita? Eu estava desnorteada, o corpo lasso, queria ficar ali, imóvel, encarando o branco do meu teto e pensando, pensando nas palavras que eu tenho ouvido, nas situações que tenho vivido, no que eu tenho sentido, enfim. Ou dormindo, pra sempre, o que não seria ruim. Não pude me dar ao luxo, então fui à luta. Fiz todas as coisas que eu deveria fazer, eu com aquela paranoia de que a bagunça dos cômodos  é um retrato da minha confusão mental. Incomodada, coloquei tudo no lugar. Pus meu cd antiquíssimo do Bon Jovi pra tocar, eu sei, acordei não só acabada como brega. Enquanto conversava com meu irmão, interrompi o curso das palavras por um instante e meus olhos se encheram d'água assim, repentinamente. Ele, claro, não entendeu nada. Eu ficava repetindo: essa música é tão linda, tão linda (Bed of Roses, naquela parte do " About all of the things that I long to believe, about love, the truth and what you mean to me and the truth is, baby, you're all that I need"). Aí fui me esconder de vergonha por me sentir assim e, juro, foi só um projeto de, sequer chorei. Eu perdi o controle sobre as minhas reações, cara. A pior parte é essa: a agonia e a angústia que não saem daqui de dentro de maneira alguma, e você fica de um jeito tão triste, tão miserável que, por pouco, não sente pena de si mesmo. Tem coisa mais patética do que sentir pena de si mesmo? Foi com esse pensamento que eu decidi mudar o meu estado de espírito. Ok, tá uma merda, mas o que eu posso fazer pra que as coisas fiquem mais suportáveis? Exatamente isso: nada. Fiquei no meu canto, fazendo alguns resumos, ouvindo algumas músicas, revendo algumas fotos, lembrando, porque lembrando de outras coisas eu esqueço do agora. 

Tá todo mundo muito preocupado. Sinto que as pessoas falam comigo como se fosse pela última vez, como se a qualquer instante eu fosse embora. Eu sei que tenho exagerado, tá, talvez não tenha exagerado, mas eu estou num exílio - do mundo e de mim. Então quem se importa quer saber porque diabos eu não estou saindo com meus amigos, porque eu não atendo o celular e porque de vez em quando eu sumo (alguns pensaram mesmo que eu tinha morrido). Como eu li uma vez e sempre rio quando penso nisso: bom, se eu tivesse realmente sumido, você não estaria aqui falando comigo. Não estou nem aí se vão sentir falta de mim, eu estou me afastando pra tentar pôr as coisas em ordem. Deve ser mais uma dessas crises de identidade, de fé, de tudo. A Má diz que eu sou uma pensadora e, mais do que isso, uma inconformada, que eu analiso tudo, que eu sinto tudo e, por conta disso, sofro muito e amo muito, tudo assim, com advérbio de intensidade. Ela insiste que eu tenho que largar tudo o que não me apraz e sair correndo desesperada atrás daquelas coisas que certamente me farão feliz. "Veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara.” Tenho lido tanto Caio e ouvido tanto Damien Rice que parece que a melancolia fez de mim sua morada e não quer mais sair daqui. Até que ela tem um certo charme, um pouco Greta Garbo, a única coisa que eu quero no momento é ficar só. Com meus livros, com meus textos, com meus dramas repetidos e sentindo amor, e saudade, e uma tristeza que traz consigo a certeza (não mais esperança, Vinicius), de um dia não ser mais triste não.

Então, meu querido amigo,  a você que me lê agora, se perguntando onde está a minha vida, digo que está aqui, sendo vivida tranquilamente, sendo sentida intensamente, porque eu vou chorar muito ainda, e vou morrer de tanta alegria, porque as coisas são assim. Eu tenho o meu tempo, tenho essas crises, essa sou eu, até o fim. E a vocês que estão achando que eu sumi (e até morri), digo que essa é uma fase, que, inclusive, na minha idade ela é bem comum. Pareço perdida, mas sei muito bem onde estou. E eu não irei a lugar nenhum.

terça-feira, 21 de junho de 2011

"My dearest friend, if you don't mind.
I'd like to join you by your side,
where we can gaze into the stars.
And sit together,
now and forever.
For it is plain as anyone can see,
we're simply meant to be
..."

"We can live like Jack and Sally if we want..."

domingo, 19 de junho de 2011

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres - Trecho

"Lóri quis transmitir isso para Ulisses mas não tinha o dom da palavra e não podia explicar o que sentia ou o que pensava, além de que pensava quase sem palavras.
Ela adivinhou que ele quase adormecia, e então despregou devagar sua mão da dele. Ele sentiu logo a falta de contato e disse entre acordado e dormindo:
— É porque eu te amo.
Então ela, em voz baixa para não despertá-lo de todo, disse pela primeira vez na sua vida:
— É porque te amo.
Grande paz tomou-a por ter enfim dito. Sem medo de acordá-lo e sem medo da resposta, perguntou:
— Escute, você ainda vai me querer?
— Mais do que nunca, respondeu ele com voz calma e controlada. A verdade, Lóri, é que no fundo andei toda a minha vida em busca da embriaguez da santidade. Nunca havia pensado que o que eu iria atingir era a santidade do corpo.
Quanto a ela, lutara toda a sua vida contra a tendência ao devaneio, nunca deixando que ele a levasse até as últimas águas. Mas o esforço de nadar contra a corrente doce havia tirado parte de sua força vital. Agora, no silêncio em que ambos estavam, ela abriu suas portas, relaxou a alma e o corpo, e não soube quanto tempo se passara pois tinha-se entregue a um profundo e cego devaneio que o relógio da Glória não interrompia."

(Clarice Lispector)
"Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente."
(Clarice Lispector)

É tão pouco. Foi isso que ela dissera e que eu ouvi, atenta e pacientemente. Amigos são bons pra essas coisas. Eles não querem saber se você está caminhando nas nuvens ou se, aparentemente, você está feliz. Eles te trazem de volta ao mundo real, quando você corre o sério risco de passar da fase estou-feliz-pra-caralho-acho-que-vou-morrer-de-tanta-alegria para a estou-desesperadamente-infeliz-quero-me-jogar-dessa-janela. Amigos são assim.

Então a amiga disse coisas duríssimas de se ouvir. Coisas daquelas que saem da boca e entram na gente como se fossem um soco no estômago, as tais doses puras de realidade. Ouvi, chorei. Pensei. Fiquei em silêncio. O que há pra se falar quando você está ouvindo supostas verdades? Não há como refutar, nem argumentar, nem coisa alguma.  'Olha, sempre faça o que te faz bem. Não deixe que te firam, não se fira. É tão pouco, minha amiga.'

Ok. Pausa pra respirar. É tão pouco. É tão pouco...Essas três palavras ficaram dando voltas na minha cabeça e eu esperava respostas e definições, mas a única coisa que me ocorreu foi uma pergunta, essa: é tão pouco? 

Se é tão pouco, por que esse brilho nos meus olhos? Nunca vi  e nunca viram nada parecido. Falam por aí que estou, inclusive, mais bonita. E a mais surpreendente de todas as observações, feita por um amigo próximo: nunca te vi tão feliz nessa vida. Talvez seja loucura, talvez eu devesse analisar com cautela as palavras da minha amiga. Só eu sei o que eu sinto. E sei que não é pouco, quanto a isso não me iludo. Não pode ser e não é pouco. 
Porque pra mim esse amor é tudo.


Eu não me sinto mais sozinha. A propósito, estou-feliz-pra-caralho-acho-que-vou-morrer-de-tanta-alegria.

sábado, 18 de junho de 2011

Lost

"On a cobweb afternoon/In a room full of emptiness/By a freeway I confess/I was lost in the pages." 
(Chris Cornell/ Tom Morello)


I don't know where else to go
I've just forgot the way back home
Here I am, staring at my feet
Secretly wishing not to be alone

Then I get down on my knees
Put my hands together and start to pray
I don't think anyone is gonna listen 
But at least I'm trying anyway

There are no maps, not even some signs
I don't remember how to begin
The steps I take are fading away
There's no place to stay, nobody to miss

I've got nothing here but memories
And a suitcase full of pain
I wish I could left all this behind
I wish I could stop this pouring rain

I try, I cry, I fall, I keep on going 
Here I am, walking again, on my own
By myself, facing hell, time and time again
Because sometimes you just can't go home.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Você

"Eu queria solidão, para não ferir os outros nem ser machucada".
(Lya Luft)

Google Imagens



Você não diz, mas sei que não está tão bem quanto vem tentando aparentar. Sorri, disfarça, pega o celular e sai porque é difícil demais estar. Aqui, ali, em qualquer lugar. E procura por nomes, números, numa busca incessante por um pouco de atenção. Uma migalha qualquer serviria, porque você está sozinha e sabe muito bem como é desconfortável essa sensação. O incômodo de não se adequar na própria pele. E anda como quem está perdida, acende um cigarro, respira, inspira, solta a fumaça, olha pro relógio. E não há mais nada além. Essa é você. Só, no meio de tanta gente desconhecida, de tanta agitação, num frio desses que é mais interior do que externo, próprio da estação. Você, tão pacífica e equilibrada, tão sem ressentimentos, ok, beleza, vai passar, sempre passa, é só mais um dia ruim, amanhã eu acordo, tomo um banho e torço pra que isso não se repita, é um saco, eu quase infarto, sempre morta, sempre morta. Tão boa atriz que ninguém nota.

E você procura algum sentido, dramatiza, entra naquele restaurante, é mais uma garota sozinha sem nada mais apropriado pra fazer. Sozinha não apenas por falta de companhia, pois a solidão lhe é inerente. Estivesse ela num estádio superlotado: da mesma forma se sentiria.

Você é uma personagem num enredo patético e sem sentido. Você perdeu, no exercício débil de fazer de conta, a noção da realidade. Tirando os pés do chão você caiu e perdeu, inclusive, a sua identidade. Uma personagem que não tem o texto decorado.  Nunca poderia ocupar o papel principal, sequer atua em improviso. E improvisar era a melhor saída, afinal. Você, mais uma atriz amargurada e ferida.


Você, uma estrangeira na sua própria vida.


domingo, 12 de junho de 2011

Eu te amo

"Se entornaste a nossa sorte pelo chão/Se na bagunça do teu coração/Meu sangue errou de veia e se perdeu..."
(Chico Buarque)

Concordo com Caio Fernando quando ele escreve em uma de suas cartas que Chico é bom pra essas coisas. Sentimentos, ressentimentos. De certo modo o invejo e admiro, porque  apesar do muito que sinto, mal consigo expor com palavras o que pulsa no meu coração, o que lateja no meu peito sempre que você não está. Fiquei alguns minutos encarando a tela branca, na esperança de que surgisse alguma frase de efeito, uma rima completa, uma poesia inédita que representasse o meu estado de espírito. Eu ouvia falar sobre isso, pensava, errônea e estranhamente, tê-lo sentido em algum momento. Mas tudo é tão novo, tão insuspeitado, tão diferente...O que eu sinto vai além. É bem maior (e melhor)do que isso que chamam de amor.

Faz frio, junho, dia dos namorados. Deixei a janela aberta, com a esperança de que o vento levasse até você alguns dos meus pensamentos mais ternos. Então, ele, atento aos meus anseios e solidário com a minha quase tristeza,  me presenteia com o seu cheiro. Eis que meu coração taquicárdico mostra que só há equilíbrio se você está. Não há nada que habite com mais frequência os meus pensamentos. Não há nada mais importante. Eu quero essa leveza que apenas você me traz. Os meus dias de sol,  os meus sopros de inspiração, tudo o que há de melhor em mim, eu devo a você. Só você me completa. Só você me satisfaz.

Na falta de algo mais apropriado e menos clichê, digo que te amo com urgência, ansiando, a cada dia, que se acabem todas as ausências e que nossas carências sejam preenchidas. 

Porque sem você eu apenas sobrevivo.

sábado, 11 de junho de 2011

Todo o sentimento

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Metade


Já nem consigo mais distinguir onde eu termino e você começa. Porque a minha mão na sua é uma coisa só. Quando estou com você, esqueço a minha identidade; nome, signo, história e lembranças perdem o sentido de tal forma que eu realmente sinto como se tivesse nascido no segundo em que te encontrei. E, de quebra, passei a conhecer aquilo que chamam felicidade.Eu não sou eu sem você. Acabo me perdendo nos meus passos, tropeço, titubeio, fico sem rumo. Você é o meu norte. É, sem sombra de dúvidas, a coisa mais certa que eu poderia fazer. Com você, eu tenho muito mais do que apenas sorte.

Porque o seu abraço não é só um abraço, é abrigo.
Porque o seu beijo não é apenas um beijo, é alívio.
O seu sorriso e seu olhar, meu bem, valem arte.
Sem você por perto não sobra nada além de um enorme vazio.


(A verdade é que você é a minha melhor parte).


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Inventário do Ir- remediável - Trecho

"Que espécie de coisa o cigarro queimou, além dos cabelos? Não queria, desde o começo eu não quis. Desde que senti que ia cair e me quebrar inteiro na queda para depois restar incompleto, destruído talvez, as mãos desertas, o corpo lasso. Fugi. Eu não buscaria porque conhecia a queda, porque já caíra muitas vezes, e em cada vez restara mais morto, mais indefinido - e seria preciso reestruturar verdades, seria preciso ir construindo tudo aos poucos, eu temia que meus instrumentos se revelassem precários, e que nada eu pudesse fazer além de ceder. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero.Sei que foi mais fundo, mais dentro, que nessa ignorada dimensão rompeu alguma coisa que estava em marcha. Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. A noite ultrapassou a si mesma, encontrou a madrugada, se desfez em manhã, em dia claro, em tarde verde, em anoitecer e em noite outra vez. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo. Que aceitei a queda, que aceitei a morte. Que nessa aceitação, caí. Que nessa queda, morri. Tenho me carregado tão perdido e pesado pelos dias afora. E ninguém vê que estou morto."

(Caio Fernando Abreu)

sábado, 4 de junho de 2011

Brilho Eterno

Eternal Sunshine. As paredes estão caindo, a água está  tomando todos os espaços, não há como fugir, não há como correr. Você sabe que vai acabar a qualquer momento, então você aproveita. Aproveita enquanto ainda é possível respirar, enquanto é possível sorrir, enquanto você ainda sente. Até ficar sem fôlego.

O problema é que estou me afogando. Eu, que nem nadar sei, resolvi me arriscar nesse mar impossível de ser navegado e eu, logo eu, me permiti ser tragada. Só que eu não posso, não quero e não preciso ser salva. Não sei se é possível alguma compreensão. Nem eu compreendo, tudo passa pela mente quando o fim é próximo, talvez certo. Por que dói, então? It's sink or swim, like it's always been.

E eu continuo te amando.



'   "Wish me Happy Valentine's Day when you call. That would be...nice!"

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Simplicidade em gostar

Tem algo a ver com o seu cheiro que insiste em ficar grudado no meu olfato. É assim:  lavo pratos, passo shampoo no cabelo, tiro o pó dos móveis, olho pro relógio e seus ponteiros.  Coisas desconexas, coisas desprovidas de sentido, qualquer coisa. Todas as coisas. Tudo me lembra você de um modo quase doentio, como se eu precisasse com uma urgência louca da sua presença. O seu cheiro. Que me pega de surpresa quando eu faço o meu chá ou leio meu livro. Seu cheiro invade a minha casa e me deixa com o coração taquicárdico, dá vontade de te encontrar e de falar todas aquelas coisas que a gente só fala quando ensaia um diálogo, sozinho no banheiro, trancado no quarto ou olhando pro espelho. A saudade é um combustível e tanto para a minha inspiração. A falta que você me faz me obriga a preencher os vazios, a  criar mecanismos para desvencilhar  da solidão. Eu ensaio as frases mais perfeitas para te falar e quando estou ali, cara a cara, eu simplesmente perco a capacidade de me expressar porque, juro, me basta simplesmente te olhar.O mundo para quando você sorri. É como se a minha felicidade tivesse a medida do seu sorriso. Felicidade...é o que eu sinto quer você perto, quer longe. Você é tudo o que eu preciso.

"E gosto das tuas histórias. E gosto da tua pessoa. Dá um certo trabalho decodificar todas as emoções contraditórias, confusas, somá-las, diminuí-las e tirar essa síntese numa palavra só, esta: gosto." (Caio Fernando Abreu)

Eu gosto de você.

Eu te quero

"I can't say anymore than 'I love you'
Everything else is a waste of breath..."
(Elvis Costello)

 
Eu sinto a sua falta. Eu te quero bem aqui. Perto dos meus lábios, das minhas mãos, no meu abraço.
Quero ficar ouvindo a sua voz, quero os meus dedos dançando com os seus, quero olhar bem dentro dos seus olhos e depois sorrir em agradecimento pelo simples fato de você existir. A minha vida passou a ser incrivelmente maravilhosa depois que você passou a  fazer parte dela. Você já faz parte de mim. Cá estou, faltando um pedaço. Eu preciso de você pra existir.
Amar deve ser algo como estar na presença da pessoa amada e, ainda assim, sentir sua falta. Amar deve ser algo tão etéreo que faz você sentir a outra pessoa mesmo na distância. Amar deve ser uma espécie de tempestade que persiste na solidão, mas cessa imediatamente quando a outra pessoa está.

"O amor tirou de mim tudo o que era falta". Eu te quero e a única falta que ainda me aflige é você.