Você me indagava sobre entrelinhas e eu respondia, do meu jeito torto e inseguro, que elas representam tudo o que é sentido e, por não fazerem sentido, impossíveis de serem expressas com meras palavras, por mais bem arranjadas, por mais adequadas. Falávamos das nossas fugas de nós mesmos, e, quando tudo parecia ainda mais nebuloso, voltávamos ao início da jornada, a um tal recomeço: porque o caminho é dentro, lembra? Não há setas indicando avisos. Há apenas escolhas. E nós escolhemos ser ostras. Na nossa reclusão, tentamos construir algo magnífico, talvez mais precioso que uma pérola, pois sentimento não é adorno.
É impressão minha ou parece mais frio por aqui? É verdade, o vento que chega anuncia a chuva que está por vir. E como gostamos dos pingos de chuva batendo insistentemente na nossa janela. Para que possamos vê - la, nos convida a sair. Rejeitamos o convite. Na verdade, meu bem, nós fomos feitos para sentir.
(Embora haja a embriaguez...na minha ressaca, agradeço pela lucidez).
Para a minha amada Amanda.