sábado, 11 de fevereiro de 2012

Fim da linha

Eu queria fechar as portas. Juro, queria. Mas uma parte de mim ainda insiste em deixar uma brecha, justifico essa atitude com a esperança de que alguma luz possa entrar. Eu sei, você sabe. Ainda te espero voltar. 
Dá um certo trabalho acostumar meus olhos à mudança em volta, quando tudo é nada agora que você não está. Pensei em trocar as cortinas e em colocar alguma música para tocar. Mas ouvir qualquer coisa é muito difícil depois de tudo o que você decidiu falar. O silêncio que permeia essa sala me mata e não há ninguém no mundo capaz de me salvar. 

Não me reconheço ao me olhar no espelho. Encaro nossos fantasmas e tenho medo. Fico apavorada quando, ao tentar responsabilizar alguém pela culpa, percebo que eram todos meus: você , a culpa, os erros. Na tentativa vã e inábil de nos consertar, acabei perdendo algumas partes, tentando remendar o que não se costura. Não há linha que suporte tanta fissura. Nós rompemos. Não há mais laços, há muito não havia, e, por egoísmo, fui incapaz de te deixar enquanto você, sem discrição alguma, saia da minha vida. Enquanto eu puxava seus braços, enquanto eu me agarrava à ideia que eu tinha de um amor, veja só, um amor que não existia. 

Agora eu te entendo. Sim, eu entendo. Por maior que seja a dor que ainda lateja no meu peito, mais em dias cinzas, quando a chuva cai triste e fina, não dá para amar por dois e solidão não se compartilha. Embora a saudade persista e o amor resista, te garanto, eu também sei viver sozinha.


Para Sarah.

2 comentários:

  1. Nathália Amorim (amiga da Sarah)13/02/2012, 22:00

    Muito lindo, muito foda!!! Parabéns!! Vc escreve muito e disse tudo!!!

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