Tantas palavras foram desperdiçadas nesse nosso embate. Escolhi com atenção cada uma que eu iria empregar para botar pra fora os desaforos, a angústia e a raiva que não era pouca.
Você também soube fazer o seu discurso, fugindo do lugar comum e tentando explicar o inexplicável. Sequer chegamos ao cerne de tudo. Você fugiu, eu hesitei, ficamos dando voltas e voltas, jogando palavras boca a fora. E guardando o fundamental por dentro. Que você queria falar e não o fez. Eu também me calei. E foram muitos os silêncios. Sobre eles me recuso a dissertar pois fiquei alienada. Sim, eu concordo, tudo ficou muito estranho. Nós, mudos, compartilhando suspiros e murmúrios. Onde você ria e eu te escutava, inverteram-se os papéis: eu falava, te interrompia e não houve sequer esboço de um sorriso. Por banalidades, coisas sólidas e fortes se estremecem. Talvez não fossem tão firmes assim. Talvez os silêncios tenham mesmo falado mais alto. E nós não soubemos ouvir.
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