Cá estou pensando muito sobre mais uma palavra que tem um peso significativo na minha vida: o perdão. Lembro de uma apresentação em que usei uma blusa cuja inscrição era a de um sentimento. Eu tinha a liberdade de escolher o que eu quisesse: amor, alegria, amizade, paz. Eu escolhi perdão. Essa foi uma das minhas melhores escolhas...
Perdoar e pedir perdão. O que é mais simples? Há simplicidade em qualquer uma dessas ações?
Não. Creio que ambas tem algo em comum: ao se transformarem de sentimento a pedido/decisão, há uma dose grande de altruísmo envolvida. Digo isso pois tais atos estão mais relacionados ao outro do que a si mesmo. Essa capacidade de se mostrar, se despir diante da outra pessoa, se mostrando frágil, falho e arrependido não é das atitudes mais fáceis...Requer coragem. E, muitas vezes, as pessoas se deixam tomar pelo medo e esquecem do quão libertador é assumir seus erros e mudar, se tornando um ser humano mais forte e melhor. Ou, por outro lado, algumas pessoas simplesmente não se importam. Tenho para mim que isso é o que dói mais. Imagine, ver o outro sangrando por você, por ações suas, e você fechar os olhos, não admitir, não assumir, deixar pra lá. Dói, meu caro. Dói muito.
Proporcionalmente, eu peço desculpas mais vezes do que esse pedido me é feito. E não, não é porque eu erre mais ou seja melhor pessoa do que os outros. Aprendi a analisar meus erros e aprender com eles. Aprendi a sentir culpa por magoar alguém, mesmo quando isso ocorre de forma não-intencional. Mas, aprendi também que não posso exigir dos outros a mesma postura que eu tenho. Como eu disse lá atrás, algumas pessoas simplesmente não se importam. E, quanto a isso, há muito pouco a se fazer.
Para mim, perdoar é atividade mais árdua. Mais difícil. A primeira oportunidade de perdão sempre é válida. E quanto aos erros que se sucedem progressivamente? Quanto a eles? Fechar olhos, enxugar as lágrimas, abrir o coração deixando escapar ressentimentos e mágoas e dizer o tão esperado: "- Eu te perdôo." Há tantos 'mas' envolvidos...há os olhares posteriores, o estranhamento, a confiança (ou a falta dela), o medo. Quem não tem medo de deixar de lado o orgulho e acabar sendo magoado novamente? Quem não sente receio de, após tentar hercúleamente reconstruir aquela parte do seu coração que foi quebrada, se ver novamente tendo que juntar os cacos? Ora, perdoar dói também... nunca sabemos qual será o valor do nosso perdão para quem nos machucou.
Às vezes, o perdão é tudo. Para alguns, ele não vale nada.
P.S.: Castelo de cartas...uma a uma caindo e sendo levadas pelo vento. Não, eu não vou me ressentir quanto a isso. Aprendi a perdoar, a pedir perdão e a esperar tudo em resposta, inclusive nada. São riscos que nós corremos todos os dias para sermos melhores.