segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Good Riddance

Quando escrevi sobre a sua perda em março, o sentimento que norteou cada palavra foi raiva e inconformismo. Eu me via numa espiral de dor da qual eu não conseguia sair. Não foi o meu melhor momento, reconheço. E eu sei que você ficaria puto de me ver assim.  De alguma forma você conseguiu se despedir fazendo com que eu aprendesse mais sobre mim. Sobre amizade, sobre luto, sobre a vida. Hoje falo e penso em você sem me doer tanto, mas às vezes vem aquela sensação de que não é real. Mas o tempo, o tempo cura mesmo tudo. Ficam as boas lembranças, mas fica também a falta. A falta do meu amigo que me deu abrigo, que dava aos outros os melhores apelidos e que amava reunir a galera pra ver um filme ou comer. O amigo para quem eu podia ligar no meio de uma crise de ansiedade porque eu sabia que além de me atender, ele iria entender. 

O amigo que me pedia pra fazer o mapa astral de gente que eu nem conhecia no meio do rolê. O amigo dedicado ao trabalho, o amigo estressante e estressado, como um dia escrevi pra você. O amigo generoso, sensível, leal, engraçado, solidário. O amigo que, quando contei que iria me mudar, me disse: 'não vai pra tão longe, porque fica mais difícil de te ajudar'. 

O amigo que todo mundo deveria ter. O amigo que, mesmo depois de ter partido, ainda dá um jeito de me encontrar nos meus sonhos e me dizer que vai ficar tudo bem.

"O luto, tenho aprendido, é apenas amor. É todo o amor que você quer dar mas não pode. Todo aquele amor não dado se acumula nos cantos dos seus olhos, faz um nó na garganta, dá um aperto no seu peito.
Luto é só amor sem ter pra onde ir. "

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