domingo, 24 de dezembro de 2023

Penso em 2024 sem expectativas. Talvez pela primeira vez na vida. Nunca fui de fazer muitos planos ou de imaginar grandes projetos, mas fins de ciclos sempre me trazem reflexões profundas. E esse ano, especialmente, não poderia ser diferente.
Eu não sou a mesma pessoa de janeiro. A maior diferença talvez seja o fato de eu estar muito consciente dessas mudanças, que não são apenas uma tentativa de convencimento, uma história que a gente conta para se alienar. Não estou me dando um tapinha nas costas até porque não acho que as transformações foram necessariamente positivas. 
Elas só foram urgentes.

Duas palavras me invadem enquanto escrevo. Consciência e presença. Talvez esses sentimentos aprendidos na marra tenham me ajudado a atravessar com alguma leveza todos os desafios impostos (e não foram poucos).

Além disso, compreendi a importância do outro. Seja pela falta, seja pela presença. Toda a dor e toda a alegria que tive esse ano foram pelos meus amigos. E pela generosidade de cada um que me estendeu a mão no meu momento mais difícil, deixando de lado o seu próprio sofrimento para ofertar amparo. Eu sou melhor porque carrego cada um deles comigo.

Sou grata pelo amor que me move diariamente, pelas conversas que temos, pelas dificuldades que enfrentamos juntos, pelos momentos mais triviais que compartilhamos e que, para mim, são tudo. O amor é gigante porque cabe nos detalhes, nas pequenas conquistas, na solidez da rotina.

Em vez de pensar sobre o que o próximo ano trará, penso nos pequenos grandes privilégios de viver 365 dias me encarando sem medo e com o suporte de pessoas maravilhosas, que romperam as barreiras de distância e tempo para se tornarem presença.

Espero viver um dia de cada vez ainda mais presente e comprometida com as minhas escolhas. Espero permanecer atenta, aberta e disposta a mudar o meu olhar. Pensei em escrever sobre me reinventar, mas não é sobre isso. É sobre reconhecer quem eu sou e, sobretudo, me respeitar.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Good Riddance

Quando escrevi sobre a sua perda em março, o sentimento que norteou cada palavra foi raiva e inconformismo. Eu me via numa espiral de dor da qual eu não conseguia sair. Não foi o meu melhor momento, reconheço. E eu sei que você ficaria puto de me ver assim.  De alguma forma você conseguiu se despedir fazendo com que eu aprendesse mais sobre mim. Sobre amizade, sobre luto, sobre a vida. Hoje falo e penso em você sem me doer tanto, mas às vezes vem aquela sensação de que não é real. Mas o tempo, o tempo cura mesmo tudo. Ficam as boas lembranças, mas fica também a falta. A falta do meu amigo que me deu abrigo, que dava aos outros os melhores apelidos e que amava reunir a galera pra ver um filme ou comer. O amigo para quem eu podia ligar no meio de uma crise de ansiedade porque eu sabia que além de me atender, ele iria entender. 

O amigo que me pedia pra fazer o mapa astral de gente que eu nem conhecia no meio do rolê. O amigo dedicado ao trabalho, o amigo estressante e estressado, como um dia escrevi pra você. O amigo generoso, sensível, leal, engraçado, solidário. O amigo que, quando contei que iria me mudar, me disse: 'não vai pra tão longe, porque fica mais difícil de te ajudar'. 

O amigo que todo mundo deveria ter. O amigo que, mesmo depois de ter partido, ainda dá um jeito de me encontrar nos meus sonhos e me dizer que vai ficar tudo bem.

"O luto, tenho aprendido, é apenas amor. É todo o amor que você quer dar mas não pode. Todo aquele amor não dado se acumula nos cantos dos seus olhos, faz um nó na garganta, dá um aperto no seu peito.
Luto é só amor sem ter pra onde ir. "

sábado, 2 de dezembro de 2023

Não há nada melhor que atravessar os dias sabendo que você está aqui
É simplesmente me aninhar no seu peito, encontrar sossego
E dormir
É acordar primeiro, te ver amanhecendo
E perceber a sua mão me puxando pra mais perto
É te encher de beijos, bagunçar seu cabelo
Te fazer sorrir

É te ver 
É te ter
É mais do que saber 

É, há 12 anos, sentir