sábado, 28 de março de 2020

É madrugada. Acabo de desativar minha conta no twitter, depois de ler uma carta do Caio Fernando de que sempre gostei. Talvez não haja conexão entre uma coisa e outra, mas lá no fundo do fundo do fundo, aquelas palavras me despertaram. 
Passei a viver num estado de constante alerta, tensão, medo. O medo de estar perdendo. A urgência de ter o controle. 
Quando comecei a leitura, fui transportada para outra época.
2010, para ser mais exata.
E senti um alívio tão intenso quanto incômodo.
Em tempos de incertezas, é muito difícil olhar pra frente sem se angustiar. Estar no presente é uma tarefa árdua, porque o desespero parece iminente e o trágico muito perto de chegar.
Por isso decidi me desconectar. Para me permitir experimentar a vida real com todas as suas nuances. Sem análises, sem filtros, sem escapes. Eu não quero fincar bandeiras, não quero mais convencer ninguém, nem quero buscar nos outros um endosso para o que eu penso. Eu sei quem sou e eu sou o que acredito. E precisei da literatura (ela, tão esquecida) pra me lembrar disso.

Aí meus olhos se permitiram chorar. Pela beleza do texto, pela transitoriedade da vida, pela reflexão inusitada. 

Nada é. Tudo está.
E isso também vai passar.





terça-feira, 24 de março de 2020

Ter todo o tempo do mundo. E não poder ter tudo. Isso coloca as coisas em perspectiva.

terça-feira, 17 de março de 2020

Hoje, repentinamente, meus pensamentos me levaram a você.
Entrei no seu blog, cujo endereço não esqueço. É uma espécie de refúgio. Recorro a ele quando preciso me reconectar. Olhar pra dentro.
A fragilidade das suas palavras até hoje me desconcerta. O seu otimismo pé no chão, sua transparência quase brutal, a sua essência, sua verdade, seu jeito de viver a vida em estado de graça. 
Você sempre teve asas, Jô. A liberdade era o seu lugar.
Sempre te vi destemida, autêntica, sem papas na língua. E admirava essa coragem que eu não tinha. Não sei se algum dia terei essa audácia de romper amarras (quase todas, admito, criadas para me proteger).
Ouço aquela música da Cássia e lembro de você. Calça jeans, havaianas, camiseta, uma bolsa enorme, argolas gigantes e coque lá no alto. As unhas vermelhas que você não conseguia parar de roer. A tatuagem de borboleta no pescoço. E um sorriso que ensolarava qualquer dia ruim.
Tudo mudou depois da sua perda. Jamais superei. Tento não pensar muito sobre isso para não mergulhar no pessimismo e na amargura, porque nada disso tem a sua cara.
Você foi a responsável pela existência desse blog, me inspirando a colocar na página em branco os meus pensamentos desconexos. O quanto eu aprendi, o quanto você ainda me ensina.
Saiba que te carrego comigo onde quer que vá.
Eu, aquela flor amarela do poema que você escreveu.
Você, a borboleta mais magnífica que já pousou nos meus dedos,
Como bem sabemos, é da natureza das borboletas voar.