terça-feira, 30 de julho de 2019

Os dias cinzas vem sendo um fardo pra quem tem um pé no passado. A nostalgia grita. Dá vontade de desacelerar alguns passos.

O futuro parece cada vez mais incerto. E pesado. Falta leveza.
A esperança quase se perde na rotina, é muito difícil encontrar qualquer resquício de beleza.

No teatro, antes mesmo do espetáculo, sem qualquer cerimônia, comecei a chorar. 

Ainda estou aqui, sou vulnerável, a sensibilidade não me envergonha. Sou grata por não ter embrutecido, viver não vale nada se não nos deixamos tocar.

Aos tropeços, enxugo as lágrimas e busco todos os dias algo que faça sentido, algo que me motive a continuar.
Insisto em fazer poesia porque há vida e não podemos parar.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

É inevitável pensar em tudo que atravessei enquanto escrevi boa parte dos meus textos. A memória não vacila: as palavras me entregam.
Venho resistindo. Porque a página em branco sempre foi meu abrigo. E ultimamente o silêncio toma lugar.
Não é fácil. Queria poder transmutar o sentimento, torná-lo eloquente, palpável. Queria, quem sabe, exorcizá-lo. Retomar a beleza da escrita.
Tem sido difícil. Os ares pesados me contaminam. E às vezes (muitas vezes), me pergunto se há sentido. Se há saída.
Escrevo com os olhos cheios de lágrimas.
A poesia me salvou inúmeras vezes, me acompanhou quando me senti desamparada.
Impossível dissociar a sensibilidade do meu contexto.
Impossível inventar um roteiro. A realidade já é dramática.
Eu tento. Por teimosia, como um manifesto.
A dor às vezes abafa, mas há uma voz inquieta, que jamais cala.
Escrevo também como forma de resistência. 
É o meu enfrentamento.

sábado, 20 de julho de 2019

Todo ano dedico um texto a essa data. A reflexão quase sempre vem fácil. Mas é fato que tem sido difícil expressar o que sinto sem deixar de lado a influência de tudo o que me paira. 
Acredito sinceramente que a amizade deve ser celebrada todos os dias. E assim como os demais afetos, prescinde de uma data específica. Meus amigos - os poucos remanescentes, resistiram. E até a palavra resistir é abundante enquanto signo, repleta de significado. Porque os obstáculos são reais. Há as mudanças que são naturais com o atravessar dos dias. Há a distância, a falta de tempo, a rotina exaustiva. E nada disso foi suficiente para quebrar esse elo, para separar as nossas mãos dadas. Podendo ir, meus amigos decidiram trilhar comigo essa jornada. 
Amizade é essa escolha genuína.
É uma espécie de liberdade: não há nada que nos prenda, a não ser essa vontade imensa de ficar.

sexta-feira, 5 de julho de 2019


A imensidão do rio me ensinou a não temer o que desconheço
As águas turvas não alcançam o meu olhar
Nada sei de profundidades
Mas ainda que meus pés não sintam a terra firme
Por não me bastar a superfície
Escolho nele adentrar