"Aí está ele, o mar, a mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar." (Clarice Lispector in Felicidade Clandestina)
sexta-feira, 24 de maio de 2019
sexta-feira, 17 de maio de 2019
Interrompi a leitura. Adio o final, não quero apressar as páginas. Às vezes (muitas das vezes), um livro não é só um livro. Às vezes ele ordena lembranças, traz de volta algum sentido. De tão bem guardado, parecia perdido. O pensamento ancorado. O começo irretocável. Aquela ideia quase ingênua na varanda inundando a noite, o cigarro aceso, o copo meio cheio. E uma vontade louca de transmutar a sensação em palavras, de eternizar a brevidade do momento. Adriana Calcanhotto dando o tom ao que eu sentia. Um torpor agridoce daquilo que fui um dia. A gente atravessa os dias tentando repetir a dose, dar concretude ao que é nostalgia.
É por isso que escrevo.
Na beira mar o texto vem fácil.
Viver é menos pesado quando se tem os pés na areia.
Na madrugada da cidade que não dorme teci uma paisagem. Sem solidão, sem remorso, em silêncio.
Sentada na varanda, cigarro aceso, compus o meu enredo.
Eu, minha personagem.
quinta-feira, 16 de maio de 2019
sábado, 11 de maio de 2019
domingo, 5 de maio de 2019
Medo é uma palavra arriscada. Porque traz à superfície todas as fragilidades ancoradas. Petrifico. Às vezes fujo da realidade.
Sozinha na casa, ainda me incomodo com as luzes apagadas. Preciso deixar as portas fechadas (na literalidade das palavras e na metáfora).
Medo é uma força que aprisiona e paralisa.
Medo só se combate com punhos em riste, olhos nos olhos.
Com enfrentamento.
O trabalho é árduo.
Cada dia é uma luta diferente, quase me deixo vencer pelo cansaço. Na maioria das vezes, sou eu quem sai com as mãos suadas, respiração ofegante e peito taquicárdico.
Mas não desisto. Não me detenho.
Nessa batalha contra o medo eu não me rendo.
sexta-feira, 3 de maio de 2019
A energia da cidade me arrebata. Quase consigo tocá-la. A luz do sol que ilumina mais dentro que fora; o céu tão azul que é quase impossível distingui-lo, no horizonte infinito, da imensidão do mar. Ah, o mar...Peço permissão à sua rainha para nele adentrar. A Bahia tem cor e movimento, sotaque, cheiro, tempero. A Bahia tem seu próprio tempo. E, sem a pressa dos ponteiros, nos aninha em seu peito.
A Bahia faz a gente querer ficar.
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