sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Eu conheço a minha essência. Sempre fui intensa, apesar de comedida. Durante muito tempo calei meus anseios, engoli meu choro e me escondi atrás de uma timidez que hoje eu mal reconheço.  Um vulcão à beira da erupção.Talvez por isso tenha começado a escrever. Pra me entender. Pra falar aquilo que eu sentia porque ninguém iria ler. 
Eu precisava transbordar.
Sofri. Me resignei. E o tempo foi maturando tudo por dentro. Então eu me rebelei.

Não vou me desculpar por absolutamente nada do que eu sinto.
Eu respeito cada silêncio da menina que um dia eu fui.
Mas hoje eu sou uma mulher.
E como escreveu Clarice, eu tenho direito ao grito.

Então eu grito.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

"Nuvens me cruzam de arribação.
Tenho uma dor de concha extraviada.
Uma dor de pedaços que não voltam.
Eu sou muitas pessoas destroçadas."
(Manoel de Barros)

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Save Me

Loving you like I never have before
I'm needing you just to open up that door
If begging you might somehow turn the tides
Then tell me too I've got to get this off my mind

I never thought I'd be speaking these words
I never thought I'd need to say
Another day alone is more than I can take

Won't you save me?
Saving is what I need
I just wanna be by your side
Won't you save me?
I don't wanna to be
Just drifting through the sea of life

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Porto Murtinho

Todas as lembranças me invadem com clareza. Ainda estou sentada na varanda, observando o correr raro dos carros na estrada de barro,  à espreita. 
Fazia longas caminhadas margeando o rio, contemplando os pores de sol, guardando para sempre a paisagem. Eram outros tempos, mais simples, repletos de leveza e verdade.
Consigo sentir o frio de julho, o cinza daqueles dias não me entristecia. Eu amava a cidade, suas nuances, suas cores, seu clima. A praça, a escola, as festas, o fim de infância mais bem vivido que eu poderia desejar. Tinha amigos, uma bicicleta, tereré e a melhor trilha sonora para embalar.
Eu sabia que uma história de amor iria começar no segundo que coloquei meus pés ali. 
Eu senti:
Era impossível ser menos que feliz.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

"Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto." (Caio Fernando Abreu in A Morte dos Girassóis)
A lente não captura nosso avesso
Nos mostramos incompletos
O lado de dentro é invisível ao espelho
Só nós nos sabemos
Fragmentos de um todo
Inteiros

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Amor é pra ser leve
Sem amarras, sem preconceito, sem medo
Amor só nasce em liberdade
Transcende quando se é verdadeiro
Amor não é busca pela metade
É estar tão completamente à vontade
Que só te resta ser inteiro

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

"Resistimos, aos trancos, já nem sei se foi escolha ou solavanco. Difícil arrancar uma certa lucidez disso tudo." (Caio F.)

Não sei dizer como nem o porquê, mas tive notícias de você. Você, cujo nome até pouco tempo eu me recusava a dizer.
Porque havia mágoa ainda e, sendo bem honesta, ela não estava bem resolvida. Era tão mais fácil odiar que entender. E eu fiz a minha escolha. 
Até pouco tempo as fotos ainda me assombravam. Consigo sentir a vertigem, a náusea, o desespero quando me vi encarando a tela rosa a sós no meu quarto. Mil punhais atravessaram meu peito e não houve jeito: a semente do rancor foi plantada. E ao custo de muitas lágrimas derramadas, ela cresceu. Ficou ali, criando galhos e raízes dentro de mim. A raiva é fácil demais de ser cultivada. Difícil mesmo é perdoar. E nem sei se essa é a palavra mais adequada.
Até hoje não compreendo os detalhes, mas houve uma escolha. Eu não sei de você. Não conheço a sua história, mas acreditei em tudo aquilo que me convinha. A gente faz de tudo para não se doer. Se convence, se consola com pequenas mentiras, depois se martiriza. A gente suporta para sobreviver aos dias. Eu enfeitei o sofrimento daquela escolha. Uma escolha tomada por duas pessoas. Uma escolha que não foi minha. E que me feriu profundamente pelo tanto de amor que havia.("Eu inventava uma beleza de artifícios para espera-lo e prendê-lo para sempre junto a mim.")
Nossos caminhos se cruzaram e durante muito tempo apontei dedos e insisti em achar culpados. 
As tais fotos sempre vinham sem aviso, como fantasmas, trazendo à tona aquele novembro arrastado.
Mas hoje eu vi uma foto sua e me surpreendi: não tive um pensamento ruim. 
Você passou de presença a passado.
Decidi, de uma vez por todas, cortar essa árvore de ressentimentos que crescia em mim.
Durante muito tempo você morou nos meus medos, inseguranças e anseios. 
De tudo o que ainda lembro, só uma não posso esquecer: o presente também é uma escolha. 
E a minha, assim como a sua, é ser feliz.

sábado, 4 de agosto de 2018

Eu me entrego por inteiro
Não há outro jeito
Não sei ser pela metade

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Eu sei mais de mim quando escrevo.