"Estou todo perdido, todo enrolado nos meus “adentros”, E não acredito que você pudesse melhorar a situação. São coisas muito minhas, incomunicáveis."
(Caio F. in Cartas)
E tento. Não por você ou pelo que aconteceu, e que interrompeu os tantos caminhos que a gente tinha começado a tecer. Escrevo para organizar as ideias, digeri-las. Para esquecer. Veja bem, apenas esquecer. Não usei nenhum pronome, não te inclui nesse meu intento porque você me machucou, mas o depois, toda a situação por mim experimentada...isso você sequer imaginou. Você jamais poderia se colocar no meu lugar. E confesso que fiquei surpresa quando você decidiu interromper os silêncios que atravessaram meus dias para falar. E até agora não sei o que dizer. Ou o que pensar. Você não suspeitou das noites insones, das lágrimas contidas, da dor que eu tentava disfarçar com sorrisos, da saudade que persistia, da falta de coisas que eu jamais imaginaria, das palavras que eu ensaiei te dizer, temendo não ser ouvida. Não pensei que sentiria tudo tão profundamente, que me sentiria tão ferida ao ponto de me perguntar se eu seria capaz de amar novamente nessa vida. Por pavor de me entregar, de me doer e ficar sozinha. Que amor é esse, me explica? Que me encheu de luz, de paz, de tanta alegria e que no fim das contas me deixou vazia? Onde aprender a não odiar esse lado seu que desconheço? Como reacender esse brilho nos meus olhos até então visto apenas enquanto estive com você? Como me perdoar por achar que eu quero sempre demais? E estragar tudo por pensar que eu não mereço? Como recomeçar?
Como esquecer?
Para Beth, Kamille e Danielle. Por fomentarem o meu desejo de escrever com os sentimentos de vocês, tão únicos e universais. Por permitirem mergulhar nessas sensações e traduzi-las em palavras. Todo o meu amor pra vocês. Pra sempre serei grata.