segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Amor






Por terem aguentado crises, pelas mensagens diárias só para saber do meu estado, pela companhia, pelas conversas por email, nos bares, na madrugada antes de dormir, pelas orações de joelho, por dividirem o maço, o choro, a conta, o abraço, pelas risadas, pelas histórias, pelas lembranças, pelas descobertas absurdas, pelas mudanças, pelos segredos, pelas fotografias, pelo encontro de sempre na rua e na vida.

Por terem se conhecido e se amado, pela parte essencial que se tornaram.

Obrigada por terem me resgatado de mim.


"O amor é coragem, é feitiço da sorte
Mas o ponto mais forte é saber se amar."


(Rodrigo Amarante)

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Daniel



Daniel Vasquez Zuazo, pelo seu dia.

No dia que eu colocaria meus olhos em você pela primeira vez, tive que esperar. Era fim de expediente de uma terça - feira de abril, eu tinha sido informada que você não iria demorar. Fiquei ali, sentada, mexendo nos curativos que escondiam cicatrizes recentes, tinha medo de causar uma má impressão, afinal de contas, era o meu primeiro dia naquele lugar.

Até que a sala foi invadida pelo cheiro de charuto e você passou pela porta. Com aquela gravata mostarda  e com uma seriedade que por pouco não me deixou assustada. Mas não é disso que eu quero falar. O que mais me impressionou (e reitero mais vezes, caso necessário) foi o seu olhar. Tudo o que envolve seus olhos me encanta. O jeito como os cílios se tocam, como eles fecham quando você sorri ou quando ficam mais claros sob a luz do sol. Eles são expressivos, enigmáticos, sedutores. Retratam com maestria o seu jeito de ser.

Na verdade, tudo que diz respeito a você me encanta. O timbre da sua voz que me acalma e excita, seja falando amenidades, seja melhorando todas as canções que você canta. O seu sorriso, que merecia uma pintura em tela, o seu jeito de gargalhar, que põe um sorriso no meu rosto só por lembrar.

O jeito como você corta o cabelo, que eu odeio, porque não dá para fazer carinho com meus dedos. O cavanhaque que você usa há tanto tempo.

O jeito como você dorme, tão cheio de preguiça. O jeito como você abraça, pois o seu abraço é o mais próximo que alcancei de um lar. O seu beijo, que abarca tantas sensações incríveis, sendo o maior exemplo do que chamam sinestesia. Você passou a ser o meu melhor lugar.

O jeito como você corta palmito, toda vez que me sirvo, é quase impossível não lembrar. O fato de você gostar de figo com queijo e eu odiar misturar. O seu incrível poder de persuasão que me fez ver filme de terror e, pasme, gostar.

O seu gosto musical impecável, o seu jeito de vestir o terno, que eu acho tão engraçado.

O seu vocabulário, a sua história, o seu signo, o seu ronco, o seu humor, o seu ciúme, o seu sinal no canto da boca, o seu jeito de fumar o cigarro, o seu jeito de dirigir o carro, o seu desempenho no trabalho, o seu filho, o seu carinho, o seu descaso, o seu tempo, o que você é.

Viver próximo a você é ter mil motivos para se encantar. E agradecer.

Para o futuro, quero que você seja muito, muito, muito feliz. E te desejo muitos motivos para amar.

Então espero.

(Foi pela espera que pude te encontrar).




quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Açude

Há tanto tempo venho represando meus sentimentos, que a barreira, aos poucos, vai rompendo: tudo por dentro é água; os meus olhos jorram lágrimas.
  

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Gratidão (ou o que vi aos 23)


Sou grata pela poesia, que me resgatou de mim mesma inúmeras vezes. Pelas palavras, que me possibilitam um melhor entendimento sobre aquilo que sinto e vejo. Pelo Deus que não se encerra nas religiões, mas que abraça todos aqueles que, assim como eu, acreditam. Pela fé que me faz acordar e dormir todos os dias com esperanças de ter uma vida sempre boa. Pelas mudanças: de humor, de casa, de emprego; minha suposta instabilidade me faz querer sempre o melhor. Pelos meus amigos, responsáveis pelo meu equilíbrio, sem eles eu não poderia agradecer por nada disso. Pela minha mãe, meu exemplo de dedicação e generosidade, não estou pronta para a maternidade e talvez nunca esteja, mas quero ser um modelo assim para alguém, um dia. Por ter apreendido o verdadeiro significado de família, ohana, nunca abandonar ou esquecer. Pelo Amor, sentimento e vocativo, sem amor eu andaria sem rumo, só o amor faz suportar, sofrer, cicatrizar e reamar. Por amar, simplesmente, sem óbices. A distância separa corpos, não ideais.

Aos 23 anos sou grata por ter aprendido a nunca deixar de agradecer. Muito e de tantas formas. Estou envelhecendo e sou imensamente grata à vida por me transformar a cada dia na pessoa que eu gostaria de ser.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013


O vento me ajuda a andar. Balança os galhos das árvores numa despedida do inverno. Faz frio nos dias de setembro. Ouço ruídos através dos vidros, às vezes pressinto que todas as paredes vão desmoronar. A gosto. Estamos deixando muito para trás. Transição, dê boas vindas à nova estação: prima ver o que há. Caminho pelo tapete de folhas espalhadas pelo chão. Não ouso acender um cigarro nessa cidade-solidão, tenho andado muito distraída, pode ser que eu deixe escapar pelos meus dedos as cinzas. Resquícios do que pegou fogo um dia. E apagou em vão.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

De repente o tempo passou e faltam apenas 4 meses para um recomeço. Essa ideia de novo ano é atrativa, embora esqueçamos que cada dia traz consigo outras chances. Novas tentativas. Essa pseudopoesia com um quê de autoajuda é direcionada a você que parece sem rumo. Que acredita ter desaprendido o caminho, achando que a vida confundiu as setas, mudando a direção. As placas sinalizam, a escolha é simplesmente seguir. Ou não. Mas os melhores percursos que trilhei e as maiores lições que tirei nessa estrada, te garanto, foram possíveis porque rejeitei o óbvio. Porque decidi seguir na contramão.

(Em 28/08/2013)