sexta-feira, 8 de junho de 2012

A menina da janela (ou uma autobiografia)


Ela tem um jeito único de encarar tudo em volta para capturar a essência das coisas. Ela olha todo mundo nos olhos para saber com quem está lidando, para saber onde a verdade repousa. Ela acorda de madrugada para passar para o papel seus pensamentos, pois uma ideia depois de perdida quase nunca é alcançada. Escrever é o seu alento.  Escrever é a sua morada. Às vezes ela se agita porque o sentimento é mutável, nunca para, e o jeito dela de lidar com essa efervescência de emoções só se dá através das palavras. Escrever a ampara. 

Ela tem um jeito tímido de sorrir, sua postura é quase sempre séria. Ela não gosta de outdoors, tenta ao máximo ser discreta. Poucas pessoas tem o privilégio da sua descompostura. Se você quer saber onde ela realmente perde o juízo, te digo, é na literatura. Ela é transparente ao máximo com quem pode ser, mas sabe mentir como ninguém quando encara gente mesquinha. Ela gosta mesmo é de abraços apertados, de beijos demorados, de mãos dadas com carinho, de um bom vinho acompanhado com poesia. Ela gosta da simplicidade nas coisas mais verdadeiras. Na cerveja com os amigos, nas conversas inusitadas, no feng shui e nos incensos que trazem bons fluidos, no estudo dos signos, no amor pelos livros.  Ela é observadora como ninguém, então não ouse enganá-la, talvez você não saiba, mas ela vai saber. E vai sair da sua vida discretamente, sem você perceber. E embora tenha sido tarde, o tempo não terá corrido em vão: ela aprendeu muito bem a esquecer, ela sabe lidar com nãos.  Ela se sensibiliza com o belo, sempre rejeita quem tem vazios a mente e coração, embora cheios de preconceito e intolerância.  Ela admira o que é singelo. À imbecilidade ela tem repugnância.
Ela tem a pior crítica do zodíaco. Ela se atem aos detalhes, ao modo de se comportar, à maneira de se expressar. Ela é virginiana. Em tentando acertar, muitas vezes acaba errando, afinal, ela é humana. Mas se age de maneira estúpida, muitas das vezes é pelo seu prazer, afinal, todo mundo tem um lado b.
Ela gosta mesmo de jeans e camiseta, quando acorda não penteia os cabelos e  vezenquando fala um palavrão. Venera o silêncio, ama tulipas e adora o som que emana do violão. Ela poderia até ser considerada romântica, mas é cética demais para tal denominação. Na sua aparente fragilidade e candura, existem sentimentos em turbilhão. Em meio à  suposta ordem, sim, existe  uma grande confusão. Dizem que ela é uma musa, uma poetisa, uma pequena afrodite, uma flor de lótus, um floco de neve, uma bruxa e até uma fada.
De fato, ela é tudo isso e mais; ela é uma apaixonada.


(A menina da janela é Carla, carioca, 21 anos, é bacharelanda em Direito pela Universidade Federal Fluminense nas horas vagas, mas vive a poesia no dia-a-dia. É fã do Renato Russo e as borboletas tem um significado especial, o que explica as duas tatuagens recém-adquiridas. A literatura é, simplesmente, a motriz da sua vida.)

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