segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sem título (porque esse é o melhor título, afinal)

"My dreams are a cruel joke. They taunt me."
(Vanilla Sky)


É como se eu me perguntasse a cada instante "quem sou eu" e nunca encontrasse uma resposta certa. Eu sou uma piada de mau gosto. E eu nem sei ao certo quem sou. Ao abrir meus olhos, quando o sol insiste em romper as cortinas, me coagindo a levantar, me faço essa pergunta reiteradas vezes. À noite, por volta das seis horas da tarde, quando você não consegue precisar se ainda é dia ou noite, as cores se misturam, e você sente uma espécie de melancolia, que se agrava quando se trata de um dia de domingo, você encara o céu e tenta encontrar nas nuvens as respostas dos seus milhares de porquês. E, de algum modo, continuo esperando. Para que eu não sonhe, para que eu encontre essas respostas, se é que elas existem realmente. Porque talvez viver seja simplesmente esse conjunto de ações e sentimentos encadeados que culminam na única certeza que nos é dada desde o principio: a morte. E o momento de maior epifania que teríamos durante a vida, paradoxalmente falando, seria morrendo. Em escrevendo eu morro todos os dias. E ainda não   presenciei minha aleluia.

Não sei se perdi a melhor parte da história dedicando muito mais tempo e esforço expressando tudo em palavras. Às vezes me questiono se ainda tenho a capacidade de sentir. Meus olhos filtram situações que, por sua vez, são filtradas pelos meus pensamentos, se transformando, por fim,  em palavras, desperdiçadas, creio agora. Porque ninguém me lê. Eu não me leio. Eu não me compreendo. E depois de divagações absolutamente dispensáveis e irrelevantes, volto ao cerne de tudo: acho que perdi minha identidade no processo de me encontrar. Cá entre nós, essa coisa da busca por autoconhecimento é quase mítica. Uns percorrem o caminho de Santiago de Compostela a pé, outros exploram todos os estados alterados de consciência para reconhecer (ou desconhecer) as suas várias faces, muitos rezam, alguns leem livros de autoajuda. Tem gente que escreve para tentar se conhecer. Se há um mínimo de eficácia nisso tudo eu não sei. Mas tento, há exatos 8 anos. E, de alguma forma, sinto que a minha verdade está justamente nessas palavras mal-ditas. Porque, não me engano, escrever também é maldição. 

Então eu espero. Sentido, fé, reflexão.  Espero não mais encarar um estranho ao me olhar no espelho. Ou ter, ao menos, a capacidade de me conhecer o bastante para que eu possa, quem sabe, me autobiografar. E se isso não acontecer, continuarei a minha prece diária:

Que minha inspiração não cesse e que haja sempre criatividade. Porque assim eu posso me (re) inventar.




Ela sente muito e tudo o que é sentido fica armazenado lá no fundo do fundo do fundo. Ela só consegue esvaziar a sua alma torturada assim: regurgitando as palavras. Não, nem sempre é bonito. Muitas vezes não é. Às vezes é cru e seco. Quase sempre é doído.



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