quarta-feira, 27 de abril de 2011

Silêncios

" O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais."
(Guimarães Rosa)

Silencio porque a voz que está aqui dentro de mim precisa de descanso. Um repouso constante se faz necessário. Assim, me perco nos outros sentidos, deixo o egoísmo da fala de lado, sorrio. Ouço e mentalmente analiso as palavras que ecoam por aí, ora com motivos, ora sem sentido algum. Nesses momentos únicos de silêncio, eu sinto. E sentir hoje em dia é tão mais raro, tão mais difícil. Um estado geral de acomodação se instaurou por aí. E falam, falam, falam, falam...quando muito pouco precisa ser dito. E sou daquelas pessoas que acreditam com veemência que um simples olhar pode ser muito mais eloquente. Há coisa mais incrível do que dizer tudo o que se deseja sem que se perceba qualquer som sendo emitido?
O silêncio não pode ser assustador. O silêncio representa tudo o que nós somos. O silêncio sai e chega em lugares inalcançáveis por meras palavras. O silêncio é o máximo da realidade. É, talvez, a melhor maneira de mostrar a (nossa) verdade.
E o silêncio aproxima porque faz efervescer sentimentos. Pensamentos se transformam em sensações e palavra nenhuma precisa ser dispensada. Pra que se expressar verbalmente sobre algo que pode ser sentido? Palavras são importantes, elas tem sua hora adequada. O silêncio é surpreendente, surge inesperado. Como flores deixadas no escuro, sem bilhete, numa fria madrugada. Nada escrito, nada foi dito. Os sentimentos, entretanto, ficaram muito claros. O silêncio é eloquente, repito.


Silencio. Em dissertando sobre o silêncio me contradigo...Eis que não paro de escrever sobre algo que eu deveria estar sentindo...Então, paro. 



E, como brinde ao silêncio, me calo.


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