"Don't question why she needs to be so free
She'll tell you it's the only way to be
She just can't be chained
To a life where nothing's gained
And nothing's lost
At such a cost..."
(Mick Jagger/ Keith Richards)
Ela entrou no mesmo bar de costume, como sempre, sem se perder em conversas evasivas. Ela só queria se perder. Ela entra, pede sua bebida, dá um gole, olha para os dois lados, não compreendendo aquela monotonia, não entendendo se era algo interno ou o ambiente é que a trazia, acende seu cigarro, afinal, com um trago, qualquer dúvida é respondida.
Olha para o homem que está sentado numa mesa bem distante de onde ela está. Ele é velho. Bem mais velho. Uma barba espessa e branca cobre boa parte do seu rosto marcado por grandes sulcos. O tempo deixa marcas, ela pensa. E, de algum modo, aquele rosto lhe parecia familiar. Ela impulsiona seu corpo para a frente, deixando de apoiar um dos cotovelos na mesa, força o olhar mas não consegue enxergá-lo com clareza. Há fumaça em todo o ambiente, um forte cheiro de cerveja, o som da jukebox se confunde com os gritos de alguns rapazes jogando sinuca numa outra mesa.
Observar a vida dos outros era atividade interessante, fazia com que ela tirasse um pouco o foco de tudo que dizia respeito a si mesma. Bastava de egoísmo. E, por uma questão de ego, ela buscava um sentido qualquer, porque nenhuma filosofia lhe satisfazia. Sentido , direção. Ela estava perdida.
Naquele tempo em que ficou ali, não conseguia tirar da cabeça a idéia de que aquele homem fazia parte da sua vida. Deja vu. Já esteve naquele exato momento, exatamente assim, em algum lugar no passado.
Louca, pensava consigo mesma se ele sentia a mesma coisa, como se esse encontro houvesse acontecido antes. Mas ele não respondia aos seus olhares investigativos.
Sua cabeça já parecia não funcionar corretamente. As luzes do bar pareciam cegar seus olhos, a cada passo que dava sem direção, ela já não sabia mais se estava sobre os próprios pés ou se já tinha passado das oito doses de whisky.
O único pensamento lúcido que lhe ocorria naquele momento era de que ela só encontraria as respostas que tanto procurava se falasse com aquele homem.
Quanto mais ela se aproximava dele, estranhamente, mais ele se distanciava. So fucking high. Bêbada, tentando entender alguma coisa, tentando ter controle. Tentando não chorar no meio de tantos homens e mulheres sem destino, mas cheios de ilusão. Bem como ela.
Fumaça cada vez mais densa, passos cada vez mais tortuosos e trôpegos, cigarro manchando seus dedos, e a ansiedade, a angústia, a dúvida. A certeza de que não havia nada ali que fosse mudar a sua vida. Ou fazê-la encontrar sua identidade, perdida em alguma esquina.
Então, ela começava a ouvir um som familiar. Uma velha canção dos Stones. Sua preferida. Com uma das mãos agitava seu cigarro, com a outra tentava trazer mais nitidez ao seu caminho, dissipando aquela nuvem que se formava em sua frente.
Encontrara um espelho. Mirava seu olhar, com certo receio e muita surpresa, sobre si mesma. Observava seus lábios se moverem acompanhando aquela melodia. Não se sentia mais tão perdida. Literal e ironicamente, ela se encontrara. Ela se sentia estranha, talvez. Mas não somos todos estranhos a nós mesmos?
Um espelho, obviamente; em que todas as perguntas são respondidas, onde a verdade é desvendada. Um espelho: ali a gente encontra uma saída.
"Goodbye, Ruby Tuesday, who could hang a name on you, when you change with every new day, still I'm gonna miss you..."
She'll tell you it's the only way to be
She just can't be chained
To a life where nothing's gained
And nothing's lost
At such a cost..."
(Mick Jagger/ Keith Richards)
Ela entrou no mesmo bar de costume, como sempre, sem se perder em conversas evasivas. Ela só queria se perder. Ela entra, pede sua bebida, dá um gole, olha para os dois lados, não compreendendo aquela monotonia, não entendendo se era algo interno ou o ambiente é que a trazia, acende seu cigarro, afinal, com um trago, qualquer dúvida é respondida.
Olha para o homem que está sentado numa mesa bem distante de onde ela está. Ele é velho. Bem mais velho. Uma barba espessa e branca cobre boa parte do seu rosto marcado por grandes sulcos. O tempo deixa marcas, ela pensa. E, de algum modo, aquele rosto lhe parecia familiar. Ela impulsiona seu corpo para a frente, deixando de apoiar um dos cotovelos na mesa, força o olhar mas não consegue enxergá-lo com clareza. Há fumaça em todo o ambiente, um forte cheiro de cerveja, o som da jukebox se confunde com os gritos de alguns rapazes jogando sinuca numa outra mesa.
Observar a vida dos outros era atividade interessante, fazia com que ela tirasse um pouco o foco de tudo que dizia respeito a si mesma. Bastava de egoísmo. E, por uma questão de ego, ela buscava um sentido qualquer, porque nenhuma filosofia lhe satisfazia. Sentido , direção. Ela estava perdida.
Naquele tempo em que ficou ali, não conseguia tirar da cabeça a idéia de que aquele homem fazia parte da sua vida. Deja vu. Já esteve naquele exato momento, exatamente assim, em algum lugar no passado.
Louca, pensava consigo mesma se ele sentia a mesma coisa, como se esse encontro houvesse acontecido antes. Mas ele não respondia aos seus olhares investigativos.
Sua cabeça já parecia não funcionar corretamente. As luzes do bar pareciam cegar seus olhos, a cada passo que dava sem direção, ela já não sabia mais se estava sobre os próprios pés ou se já tinha passado das oito doses de whisky.
O único pensamento lúcido que lhe ocorria naquele momento era de que ela só encontraria as respostas que tanto procurava se falasse com aquele homem.
Quanto mais ela se aproximava dele, estranhamente, mais ele se distanciava. So fucking high. Bêbada, tentando entender alguma coisa, tentando ter controle. Tentando não chorar no meio de tantos homens e mulheres sem destino, mas cheios de ilusão. Bem como ela.
Fumaça cada vez mais densa, passos cada vez mais tortuosos e trôpegos, cigarro manchando seus dedos, e a ansiedade, a angústia, a dúvida. A certeza de que não havia nada ali que fosse mudar a sua vida. Ou fazê-la encontrar sua identidade, perdida em alguma esquina.
Então, ela começava a ouvir um som familiar. Uma velha canção dos Stones. Sua preferida. Com uma das mãos agitava seu cigarro, com a outra tentava trazer mais nitidez ao seu caminho, dissipando aquela nuvem que se formava em sua frente.
Encontrara um espelho. Mirava seu olhar, com certo receio e muita surpresa, sobre si mesma. Observava seus lábios se moverem acompanhando aquela melodia. Não se sentia mais tão perdida. Literal e ironicamente, ela se encontrara. Ela se sentia estranha, talvez. Mas não somos todos estranhos a nós mesmos?
Um espelho, obviamente; em que todas as perguntas são respondidas, onde a verdade é desvendada. Um espelho: ali a gente encontra uma saída.
"Goodbye, Ruby Tuesday, who could hang a name on you, when you change with every new day, still I'm gonna miss you..."
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