domingo, 16 de novembro de 2008

Um vício chamado Literatura

Faz um tempo que eu não posto por aqui...Talvez essa ausência, essa falta de contato, como que a saudade sentida de um amigo distante, tenha realmente me afetado muito.
De fato, não tardaria que esse encontro adiado acontecesse uma hora ou outra. Precisava do momento exato. Chegou.
A gente precisa se afastar para poder enxergar tudo de uma maneira melhor e mais clara.
Fazendo uma adaptação do que uma amiga um dia escreveu, sou a estudante de Direito que queria fazer Letras. Então, essa paixão, mesmo que pareça acabada, continua viva, como uma chama em uma vela...Pode até diminuir, mas permanece sempre. É amor, e em se tratando de amor não é possível falar em término repentino, sem grandes despedidas, sem uma boa dose de drama. Confesso que esse amor não pode acabar nunca. É um amor etéreo e eterno. Esse vício chamado Literatura.

Eu sempre adorei recomeçar. Parece a palavra ideal para todos aqueles momentos em que se tem vontade de parar tudo e retroceder, uma, duas, mil vezes. Aí você corta o cabelo, faz as unhas, decide parar de beber, promete que não vai faltar as aulas e nem vai deixar o estudo para depois. Nossa, é muito difícil. Existem coisas que realmente estão fora do nosso domínio. Não são nossas, nunca serão. Por conta de tantas atividades que não me dão prazer de modo algum, resolvi voltar meu olhar para o que realmente fazia todo o sentido do mundo para mim. Os meus livros, meus discos, meu refúgio. Estou tentando adequar meus olhos, como escreveu Martha Medeiros na coluna do Globo de hoje, à poesia viva que passa por nós todos os dias e que pelo tempo corrido, pelo cansaço ou simplesmente por displicência, não nos permitimos admirar.

É a poesia, meu caro, que dá sentido e cor à vida.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Perfil

Sou imediatista.Sou virginiana.Odeio atrasos.Sou chata, egoísta, boba.Erro bastante.Peço muitas desculpas.Imploro por sorrisos e abraços.Sou parceira do que é estranho.Tenho plena consciência dos meus defeitos, mas nem por isso subestimo minhas qualidades.A maior delas é ser livre.Para amar, para odiar, para mudar e para ser quem eu sou sem arrependimentos.Sou confusa, cética, romântica, apaixonada.Sou mais Renato que Cazuza.Duas faces, mesma moeda.Às vezes feliz, às vezes triste.Talvez a garota de 17 anos mais velha que exista por aí.E a mais infantil também.Já mudei bastante, já fiz muita babaquice achando que eu sabia de tudo.E o pouco que eu sabia, tive que reaprender.Eu pensava que tinha todas as respostas , e acabei percebendo que o fundamental mesmo está nas perguntas que fazemos e que nos são feitas.Não sou perfeita, nem devaneio sobre esta possibilidade.Não sou uma definição pois não é questão de lógica.Bati cabeça para tentar me entender e encontrar algo que descrevesse quem eu sou mas, honestamente, não gosto de me explicar.

domingo, 6 de julho de 2008

O que você faria?

O que você faria se pudesse apagar algumas lembranças ?
Não seria tão ruim assim, ao passo que há muitas coisas na vida que deveriam, para o bem estar dos nossos egos inflados, serem esquecidas.
O amor não esquecido, a carta não respondida, a despedida inevitável, a decisão errada, a escolha mais fácil...
E dizem que não é possível se arrepender.
Mas eu converso, sabe?
Converso comigo mesma, e creio que deveríamos ter um cronograma de mudanças...Quando eu passei a ser o que eu sou hoje?
Como eu queria ter um gravador na minha memória e poder reproduzir para cada um que eu tenho histórias, tenho momentos, tenho uma coleção de erros que me tornaram a pessoa que sou hoje.
Não melhor, nem pior.Única.
Mesmo com essa consciência clara de que "o passado é uma lição para se meditar e não para se reproduzir", às vezes é difícil lidar com as coisas que deram errado na sua vida.Muitas vezes por sua culpa, poucas vezes não.
Então é só utopia.
Quando eu quiser lembrar abro aquela caixa de lembranças, ouço as músicas, sinto o cheiro...Nada melhor do que o nosso porão mental.Tudo é guardado, fica empoeirado, mas não é esquecido.
(Falando em apagar algumas lembranças, estas habitam minha mente com mais força e clareza.Como sempre).

sábado, 28 de junho de 2008

"Quando se tem 17 anos, um mês equivale a uma vida"

Frase simplória, mas profundamente verdadeira, citada na série Anos Incríveis, cujo roteiro surpreendentemente fala sobre MUDANÇAS, em especial na adolescência.
Encontrei essa frase, seguidas de muitas outras que de algum modo retratam o que eu tenho passado.
Dúvidas, decepções, crescimento e uma única certeza: tudo muda, de um jeito ou de outro.
E na minha cabeça por vezes pessimista, mudar era o pior que podia acontecer.Mas não é.
Temos que lidar com situações das mais inesperadas e surpreendentes.Situações que nunca voltam a ser as mesmas, ou situações que te trazem de volta para um lugar em que tudo parecia não mudar.
E há a nostalgia(quem nunca sentiu isso?) de uma conversa que há tempos você não tinha, e quando teve, mudou tudo.Simplificou tudo.Alegrou tudo.
E de novamente, você cair na tentação e encher a cara, ligar para o melhor amigo e desesperadamente chorar.Como costumava acontecer.
De aumentar o som , usar o controle remoto como microfone e cantar bem alto: "If it makes you happyyyyyyyyyyyyyyyy, it can't be that baaaaaaad..."Porque assim, a gente se sente mais vivo.
Os pensamentos da série vieram a calhar.Eu precisa olhar de forma diferente para aquilo que eu sempre tive medo...Ou para o fato de que esperar e idealizar o modo como as coisas devem ser, faz com que percamos aquilo que realmente é importante: viver.
A verdade é que existem coisas que estão fora do nosso alcance.Crescer e mudar representam isso.E o bom dessas duas coisas é que elas trazem o novo, que apesar de assustador, é, ao mesmo tempo, fascinante.
No momento, as idéias estão confusas dentro de mim.Provavelmente, eu esteja a caminho de mudanças.
Com toda certeza, estou crescendo.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sobre ele

Sinto-me obrigada a falar sobre...Ele.
E de como, da maneira mais simples, ele mudou minha vida.
Ele é o tipo de pessoa que todos deveriam ter por perto.A maneira como ele se aproxima de todos e deixa um espaço para que cada um se acomode e se sinta a vontade.Ele é um excelente amigo, e quem vive perto, às vezes nem tão perto assim, sabe que ele é muito especial.A preocupação que ele tem com os amigos, o cuidado, a presença, chega a ser invejável. Poucas pessoas são capazes de agir da maneira que a palavra amigo exige.Mas ele...ele consegue.
Cada momento com ele é o máximo.Ele faz com que tudo seja inesquecível.Como um chute na carteira na sala de aula quando nem nos falávamos.Como o dia em que saí correndo atrás dele pela escola e, quando chegamos na sala de aula, ele me pendurou de cabeça para baixo.Ou o dia em que só ficávamos conversando nos intervalos, inventando um monte de besteira, falando sacanagem.
Não seria incomum se eu me apaixonasse por ele.Até porque é impossível não olhar para ele e se sentir mais vivo.Mais livre.Mais feliz.
Pisciano, desorganizado, consegue alterar o timbre da voz em 5 segundos, irritante, inteligente (consegue resolver questões de matemática que eu acho super ultra mega difíceis pelo telefone em 2 minutos), carinhoso, companheiro, sensível, dramático, estressado e estressante(viver no ritmo dele cansa!), Amigo, honesto,criativo (até hoje lembro de um trabalho de Radioatividade que ele fez no computador, ficou maravilhoso), bobo, engraçado (demais, demais...), lindo (do modo que a palavra tinha antigamente), justo, sincero, único.
O que faz dele ser único, se muitas das características citadas muitas pessoas possuem?
Só ele consegue fazer comparações esdrúxulas das pessoas .Um exemplo: 'Aquele menino parece uma maleta dobrável'...
Só ele consegue comer muita, muita, muita besteira sempre e não passar mal e nem ter problemas de saúde.
Só ele tem aquele sorriso.
Só ele tem aqueles olhos.
Só ele consegue esquecer das coisas que acabamos de falar.
Só ele sabe cozinhar as coisas que eu mais gosto.
Só ele fica bonito com qualquer roupa, de qualquer jeito.
Só ele consegue falar frases que na boca de qualquer pessoa são banais, mas que na dele, são leis.
Só ele tem o melhor cheiro do mundo.
Só ele me agüenta de TPM.
Só ele acordava cedo e colocava meu leite na geladeira para eu tomar quando acordasse.
Só ele me deixa sem graça.
Só ele me deixa com raiva.
Só ele anda de cueca pela rua.
Só ele é sensato.
Só ele é coerente.
Só ele perde para mim no totó( ganhou uma vez só...)
Só ele quer que eu aprenda a mexer no computador.
Só ele me espera quase 3 horas numa consulta.
Só ele reclama dos meus hábitos alimentares.
Só ele me faz entrar numa sessão de cinema sem pagar...
Só ele me faz parar de beber.
Só ele sabe matemática.
Só ele é abstrato.
Só ele consegue mexer no Excel.
Só ele consegue me prender numa ligação durante 7 horas.
Só ele tem uns sonhos, digamos, malucos.
Só ele me levou para a praça vazia, num dia de chuva, sem guarda- chuva e ficou lá comigo durante um bom tempo.
Só ele faz o melhor alfajor do mundo!
Só ele me carrega no colo quando vamos passar por uma poça.
Só ele fala:'Vai pro canto'quando estamos andando na rua.
Só ele é lindo enquanto dorme.
Só ele é lindo quando está acordado.
Só ele faz vários planos para o nosso futuro.
Só ele me deixa com muito ciúme.
Só ele faz tudo ficar bem.
Só ele faz dar certo.
Só ele me abraça enquanto eu durmo.
Só ele consegue falar mil palavrões com um olhar.
Só ele compra doces para mim.
Só ele me ouve falar sobre Clarice Lispector e Dawson's Creek.
Só ele usa o aparelho de anos atrás só porque eu gosto.
Só ele emagreceu quase 20 quilos em um ano.
Só ele esteve ao meu lado quando eu precisei.
Só ele consegue escrever muito bem.
Só ele é capaz de transformar o comum em algo sensacional.
Só ele conseguiu me fazer escrever tudo isso.
Só ele me dá os melhores presentes.
Só ele me faz rir.
Só ele me faz chorar.
Só ele é a pessoa certa para mim.
Só ele conseguiu mudar a minha vida.
Só ele é o meu oposto.
Só ele é meu melhor amigo.
Só ele é minha inspiração.
Só ele é minha alma-gêmea.
Só ele, só ele.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Sobre as decisões

Naquele momento parecia tão certo.Quem me dera saber as consequências.Não há placa indicando retorno.Não há possibilidade de voltar atrás.Tentativas vãs de reparo.Será que a tão esperada mudança foi tanta ao ponto de questionar atitudes antes consideradas corretas e sensatas ?A nossa mente é traidora.Pega e peca fundo na sensibilidade que não podemos ter em momentos como esse.Ela emoldura pinturas de um passado longíquo, mas perfeito.Nem o olhar mais atento ousaria prever um futuro difuso, agora presente.
Não era esse o papel que eu queria.O papel da dor, da corte, da vítima.O papel que muitos almejam por ser difícil, complexo, amargo, decisivo.Odeio dificuldades ( ela gostava de desafios).Detesto decisões (ela era taxativa).Mesmo assim, matei minha personagem.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A gente precisa, nos dias de hoje, se sentir vivo.
Ainda não aprendi completamente como é sentir isso.Às vezes, é mais cômodo passar pela vida e não deixar nada, não levar nada, não aproveitar nada.Preguiça de viver é foda.
Quantas vezes não dá vontade de ficar debaixo do edredom, curtindo a maior solidão, do que encarar o frio e a chuva lá fora ?É tentador.É cômodo.Mas é desperdício de tempo.
Claro que tem o outro lado.Dependendo da situação, realmente é bem melhor ficar em casa, sem mover um dedo do pé, para evitar que alguma catástrofe aconteça.Porém, esse receio constante, o medo de arriscar, nos prende num mundo de impossibilidades.Conceito oposto ao de vida, na minha opinião.Viver é uma sucessão de tentativas que ora dão certo, ora não.Isso é lindo na teoria.Viver, às vezes, cansa.
Ainda mais quando parece que a hora de dar certo nunca chega.Faz com que tudo pareça uma conspiração do universo contra você resultando em uma série de sentimentos não muito agradáveis.
Estou escrevendo isso porque me deu vontade de entender o porquê de eu estar vivendo tão pouco, sendo que eu tenho bons motivos para viver.Apesar de odiar frases exageradamente otimistas que idealizam inúmeros sentimentos, acredito que a força da vida está mesmo dentro de nós.Naqueles momentos em que sentimos "borboletas no estômago" ou nos sentimos incrivelmente felizes ou incrivelmente tristes pois "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Se é algo genuíno e está ligado ao "eu", não deve ser tão ruim assim.
Não compreendi tudo ainda, mas estou a caminho.

domingo, 1 de junho de 2008

Carta de retorno a uma amiga

Em 25/05/2008
Parece até que você estava prevendo o que iria acontecer hoje.Da mesma maneira que você, eu não consegui dormir.Sinto, quem sabe, a mesma solidão que você.Sinto a mesma vontade de ligar para uma grande amiga e desabafar.E chorar.'Mas não dá, já é tarde', faço das suas palavras as minhas.
Novamente estamos naquela situação desconfortável em que a dor, a tristeza e a a raiva, muitas vezes, falam mais alto do que aquele único momento em que por um instante a vida pareceu boa, perfeita e válida. O momento em que estávamos bem e esperançosas.
Mudo de um lado para o outro na cama, tento conter meus pensamentos, assim como você tentou.Em vão.Penso em tudo e percebo que se eu não agir de maneira impulsiva, nunca sairei do mesmo lugar.Você concorda comigo?
Se você teve vontade de mandar tudo para o inferno, de agir conforme os teus instintos, de não pensar nas consequências, então você há de confirmar o que eu sinto.
Como eu disse, são apenas vontades.E vontades não são nada se você não torná-las realidade.
O que eu posso dizer, amiga?A única realidade que eu conheço é que já está amanhecndo e eu não dormi.Que eu virei as costas para o homem que eu amo.Que o meu estômago está doendo e o meu peito está apertado.Que, na verdade, nada mudou e continuamos esperando dias melhores.Você e eu.
A única vontade que tenho no momento é de te encontrar, de te ver, para juntas dissecarmos cada problema, chorarmos até e depois morrer de rir de nós mesmas.Como sempre fizemos.E são coisas assim, cotidianas, que dão sossego e segurança.Dão certeza de que eu posso me sentir um pouco bem. Agora estou tão triste...
Mas é só uma vontade...
Estou com saudades de você.

P.S.:Para D., por todas as noites que que sentimos um vazio e precisávamos de colo.E por todos os nossos "pés atrás", inconstâncias que de vez em quando são seguidos por coisas boas...A vida é mesmo assim...Dias bons, dias nem tão bons assim....mas só é possível seguir quando um amigo nos acompanha.Obrigada por estar perto, mesmo distante.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Não dá para brincar com felicidade...

...não dá.
Ontem eu tive uma conversa muito boa com um amigo que me fez pensar sobre o que nos faz felizes e como podemos alcançar a felicidade.Acima de tudo, saber que ela existe.
Se durante a nossa vida nós provarmos um pouco da felicidade já é o bastante para viver bem, para fazer com que cada momento seja vivido intensamente.E para que a vida no fim/começo tenha valido a pena.
Felicidade é coisa séria.É algo muito valioso, para ser esquecido.Como uma amiga minha diz:"Cada um de nós chega no mundo com um pote de ouro dentro de si.De que adianta chegarmos no fim da vida com esse pote intacto...?O negócio é dividir para multiplicar.Para ser feliz".
Fazer com que cada segundo que respiramos valha a pena talvez seja meio difícil às vezes, pois a obscuridade dos problemas, quaisquer que sejam, cegam nossos olhos para as coisas boas, fazendo com que tudo pareça uma infindável conspiração do universo contra nós.E não é bem assim...
A questão nessas horas é não ficar sozinho...É ter alguém com quem contar, ter um grande amigo que simplesmente te abrace enquanto você chora ou que te ponha para cima e te levante do poço de amargura.Como isso muda tudo! Não precisamos de alguém que fale: "A vida é perfeita!" ou "Ahh, vai ficar tudo bem!" , "Tem problemas piores do que o teu !"Precisamos de alguém que nos fale a verdade e que te mostre que você é responsável pela tua vida e NINGUÉM tem o direito de se meter nela.Ninguém.Ou então que fique em silêncio...Isso já é de grande ajuda.

MAKE IT COUNT

terça-feira, 6 de maio de 2008

anJÔ

Em 19/02/2008

Ainda acho que é apenas um sonho ruim.Olho para o teto e acredito que logo vou acordar.Infelizmente, nem eu mesma consigo me convencer disso.A certeza da morte abre uma porta de mistérios, de perguntas sem respostas,de sensações desconhecidas,de pensamentos incertos.
E como dói.Conviver com a idéia de que alguém tão querido, simplesmente se foi,não está mais por aqui,nos encantando,nos desafiando e nos amando, como Jordana.A única palavra que consigo empregar para definir tal fato é incoerente. Ela parecia imortal, uma espécie única, um prototótipo de deusa, como na mitologia.Sua beleza e extravagância, sua fortaleza vão fazer falta por aqui.
Talvez isso me abale por esgoísmo.Por não saber lidar com a morte com tamanha proximidade,pelo pavor repentino,pelo choque instantâneo,pela saudade em demasia.Sinto uma explosão por dentro, dúvidas e desencanto seguidas por uma imensa vontade de chorar.
Tento me conformar pensando que esse mundo não se encaixava na imensidão que ela por si só possuía.Um mar cujas leis eram delas, cujo curso ela decidia.Conformo-me em acreditar que o lugar que ela está agora é mais seguro e sereno.E que ela, como sempre, estará ao lado de todos com seu sorriso aberto e coração profundo.Conformo-me em saber que ela era um anjo, e como todos nós sabemos, anjos não são daqui.


À minha pequena amiga Jordana, que foi poetisa e amou a vida.



Jordana Fernandes Sahib. 15/10/1989 - 06/02/2008
P.S.:Hoje faz 3 meses que ela se foi...E eu estou com muita saudade!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Passado(não estou maluca, só não estou bem)

É a primeira vez que escrevo algo direto no blog...sem metáforas ou algo parecido...
Eu não estou muito bem, e às vezes parece que é o mundo rindo da minha cara e me dizendo que as coisas estão e sempre estarão erradas.
Até quando o passado começou a ser tão presente?Começou a ser tão relevante?Por que parece que todo o possível e impossível relacionado às coisas que aconteceram, e que na minha cabeça(apenas na minha cabeça)passaram, sempre voltam, como um fantasma para me assombrar quando tudo está bem?Ou não está, e faz tudo piorar.
Erros...Bom, eu refleti muito sobre eles e pensei que não há um castigo pior para os erros que cometemos do que o fato de que eles ocorreram.No momento que a gente erra,quem tem um mínimo de bom senso se sente mal por ter errado.E essa sensação, por mais que o tempo passe, continua ali.E ninguém tem o direito de apontá-los(sempre volta contra você)
Verdades...Existem coisas que não suportamos saber, mesmo quando sabemos que é certo.Verdades são verdades, temos que aprender a conviver pacificamente com certas verdades.Os nossos defeitos e fraquezas são verdades.Nós temos conhecimento delas.E do nosso jeito tentamos chegar à perfeição.Mesmo que demore um pouco.
Desculpas...Só tenho que concordar que "desculpas nem sempre são sinceras".
Às vezes passamos muito tempo em determinada situação achando que há necessidade de nos conformarmos.Eu sempre bati de frente com isso, porque eu não consigo me conformar.Se há um pingo de qualquer coisa me incomodando eu estarei insatisfeita, por mais que eu queira acreditar que possa mudar.Existe uma diferença sutil entre conformismo e esperança.Uma coisa é ficar parado vendo a vida passar, outra muito diferente é fazer o possível para que isso mude, e quando não há resultados,você acredita como uma forma de não-conformismo.Acredita em resposta a tudo o que não está bom.
E eu tenho acreditado, apesar de doer muito.Apesar de no fim das contas escutar que os seus amigos não são quem você pensa, que a sua família não é o que você pensa, que o seu namorado não é o que você pensa e a pior parte: que você não é o que você pensava.
De qualquer modo, já estou há três dias remoendo tudo isso.Não sei como e se vai passar.O que sobra mesmo é acreditar, como disse Clarice Lispector.Acreditar chorando.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Amar, verbo intransitivo

Este é um título de um livro de Mário de Andrade.Nunca tive a oportunidade de lê-lo, mas realmente achei uma colocação interessante.Conhecemos o verbo amar como sendo transitivo, ou seja, subentende-se que é necessário um complemento para que a oração faça sentido(penso comigo que amar muitas vezes não faz muito sentido...contudo...).Aprendemos gramática nas escola, mas às vezes, não aprendemos realmente como empregar o amor na nossa vida.Acabamos criando a necessidade de que amor, para ser amor, precisa estar relacionado a uma pessoa, a uma situação, a alguma coisa.O amor tem que estar ligado consigo mesmo.Amar deve ser um verbo que indica estado e não ação.Deve ser uma sensação e não atitude.O amor foi feito para ser sentido e por isso mesmo ser mais do que suficiente para que de alguma forma nos sintamos vivos.
Pensei muito tempo sobre isso e fazendo uma reflexão, amar é e tem que ser verbo intransitivo.Apenas se ama,não importa o que ou quem.Apenas se sente.Pura, completa e docemente.Amar por si só se basta.Amar por si só vale a pena.

E eu amo.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Devaneios

Devaneios...Nessa madrugada fria, vento sussurrando em meu ouvido palavras que eu quase nem ouço e me arrepiando por dentro.Mudança de outono para inverno.De quarta para quinta, e já nem lembro em que dia quis rasgar o calendário e me esquecer por um breve instante que estou envelhecendo.Minha memória então perfeita já não é tão certa como antes.Por vezes entro no quarto com algum intuito...Qual?Não mais sei.Meu andar é menos apressado, vez ou outra tropeço em meus passos...Correr para quê?Não quero chegar antes...não quero chegar logo.Tropeço nas palavras,tropeço em meus sentidos.Sinto um vazio gélido no peito.Sinto uma navalha cortar funda e profundamente minha carne para que os instantes de dor sejam aproveitados assim,com deleite.Como se a fina linha de sangue fosse o limite entre prazer e agonia.De certo modo, crescer consiste nesta escolha.E eu não sei.Experimentei-os como um elixir da juventude(não há desejo mais intenso e secreto ).Bebi do prazer para me sentir eterno.Saboreei da angústia para me sentir real.E nada me satisfez pois estou vivo.Estou vivo: sob inconstância.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

O bicho


"No hipersupermercado aberto de detritos, ao barulhar de caixotes em pressa de suor, mulheres magras e crianças rápidas catam a maior laranja podre, a mais bela batata refugada, juntam no passeio seu estoque de riquezas, entre risos e gritos."


Não pude me conter em relatar um fato por vezes comum para muitos, banal para tantos outros...Estava voltando de ônibus para casa hoje e observei pela janela várias mulheres e algumas crianças revirando caixotes com restos de legumes e frutas.
Carlos Drummond de Andrade, ao descrever esta cena, me comoveu muito.Mas nada se compara a observá-la.Acima de tudo, olhar de forma crítica e não apenas cômoda ao que acontece ao nosso redor.Talvez perguntemos:'No que isso me afeta?'Uma situação como essa quando não nos causa indignação, significa que algo realmente está errado.E mais, significa que estaremos sempre despreparados para lidar com algo mais amplo e mais direto, como a corrupção e a violência.Brasileiro tem que criticar mais, tem que tomar atitude. E essa atitude não consiste em dar esmola(como vejo sempre por aí...).Consiste em ser cidadão no modo mais arcaico da palavra.Consiste realmente, por mais que pareça clichê, em cumprir deveres e EXIGIR direitos.Só assim não seremos obrigados a ver uma situação tão mísera e triste.Até porque somos humanos. Somos iguais.



O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)


terça-feira, 15 de abril de 2008

Do começo

Escrever...
Formar palavras de sentimento
Palavras de sentidos
De dor, devaneios, delícias

Escrever...
Buscar num papel em branco o sagrado
Transformá-lo num relicário
E porque não o melhor divã?