domingo, 24 de março de 2024

Houve um tempo em que as palavras me invadiam até mesmo nos meus sonhos. Num ímpeto desesperado, eu inaugurava mais uma folha em branco. 
As palavras estavam sempre à espera, prontas para a estreia. Eu era apenas o veículo, o meio pelo qual elas tomavam vida. A escrita já existia, cabia a mim apenas abrir as cortinas. 

Escrever sempre foi meu espetáculo. 
Pronta para a entrega, agora me encaro.

Escrevo para despertar.


Que eu possa me olhar nos olhos
E me reconhecer
Que eu saiba abraçar meu corpo inteiro
Complexo, marcado, imperfeito
E me ter
Que eu consiga rememorar o passado sem mágoas
Só para me compreender
Que eu saiba me entregar às palavras
Sem artíficios ou máscaras
Para que eu aprenda a me ler