terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Ando afastada das páginas em branco.
Mas a palavra é chama que há muito me habita.
Ainda que as rimas pareçam distantes
A verdade é que tenho vivido a minha poesia

"Convive com teus poemas, antes de escrevê-los", disse Drummond.
É o que tenho feito.

2025

Sou grata por ter me permitido descobrir coisas inéditas sobre mim. 
Creio que isso resume o sentimento que quero carregar comigo.
Não pensava que seria possível desbravar o desconhecido, aceitar novos desafios e ser surpreendida com os resultados. 
Foram muitas as novas trilhas (sonoras, inclusive).
Mudanças urgentes encontraram em mim resistência, mas, por intuição ou instinto, acabei deixando que me invadissem.
Foi a melhor decisão não me conter
E me abrir para o que ainda está por vir.
A cada passo dado em direção às novas rotas
Não perdi a capacidade de me reconhecer.

Abandonei a fuga constante
E, no meio do caminho,
Eu me (re) encontrei.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Ontem, numa conversa, ele se surpreendeu quando usei o verbo 'flanar'.
Riu, incrédulo, achando que eu tinha inventado essa palavra.
Todos os dias eu aprendo com ele.
E, por causa dele, também acabo aprendendo mais sobre mim.

Tem muita gente por aí tentando dar dicas para um relacionamento de sucesso.
Para mim não tem muito segredo.
Eu fico feliz todas as vezes que ele abre a porta de casa
A gente dá muita risada.
E é nele em quem eu me espelho.

domingo, 8 de setembro de 2024

34

"Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir
Vamos precisar de todo mundo
Pra banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver"

Calculei minha revolução solar desse novo ciclo e, não surpreendentemente, será em Aquário, meu ascendente.

Há dias estou com essa música na cabeça e agora entendo bem o porquê. 

Ao me olhar no espelho quero sempre me reconhecer. 
Não falo do tempo que marca minha pele e tinge de cinza alguns (muitos) fios dos meus cabelos.

O processo não é fácil, mas a revolução está acontecendo onde mais importa: dentro de mim.

Tenho me desafiado e descoberto coisas inéditas.
Tenho me enfrentado e me libertado de muitas limitações às quais, inconscientemente, me prendi.
Tenho me fortalecido nas conexões de amor e amizade, na arte, no trabalho.
Tenho observado em silêncio.
Tenho deixado ir.

Tenho, principalmente, me encantado.
Apesar da dor.
Apesar das frustrações e perdas.
Talvez o grande propósito seja justamente esse: não endurecer, apesar de.
É estar sempre aberto ao que vem.
Compreendendo que tudo é temporário.
Aceitando as incertezas.
Escolhendo atravessar a vida com integridade e inteireza.
Sendo fiel aos seus principios, renovando todos os dias os próprios compromissos.

Acolhendo, com gratidão, as belezas que sempre surgem no caminho.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

"O fim do termo saudade como um charme brasileiroDe alguém sozinho a cismar..."


Sul-americana,
Brasileira
Mas mais que isso 
Carioca com sangue nordestino nas veias
O coração fértil
De mar e sertão
Que vibra ao som do cavaquinho
E do acordeon
Que chora ao ouvir Belchior
Em plena quinta-feira
Pela saudade
Pelo sotaque
Pela força da canção
Porque a sensibilidade é da minha natureza
Nasci com o olhar encantado do poeta:
Em tudo há beleza.

domingo, 12 de maio de 2024

Saudades do Rio, de Manaus, da minha mãe, do meu irmão, dos meus amigos.
Pensei no Brasil, em cada canto que meus pés desbravaram, cada paisagem que foi capturada pelo meu olhar e eternizada na memória, nas palavras.

Lembrei de alguns detalhes bem específicos... a rua da minha casa, os bares, as árvores.
O som do silêncio de um fim de tarde de domingo. 
O caminho de ida ao trabalho. 
O vento.
A língua portuguesa me invadindo 24 horas por dia.
Os encontros inusitados.
Gargalhar alto.
Os abraços apertados.
Falar e sempre ser compreendida. 

Tem algo diferente nas terras no hemisfério sul. As frutas tem mais sabor, as águas são mais pacíficas e as pessoas são mais genuínas.
Uma multidão de corações pulsantes de fúria e paixão.

América Latina.


terça-feira, 16 de abril de 2024

Ode à Roseana Murray

"Mesmo nos piores cenários há que buscar beleza. É o nosso ofício." (Roseana Murray)


Não encontro as palavras precisas para definir a grandeza dessa mulher em meio à dor, encontrando forças no sofrimento e fazendo de si mesma sua mais bela obra de arte... Há tempos não me comovia tanto. Com a barbárie, mas, sobretudo, com a resiliência. Ouvir sua voz repleta de paz, suas palavras preenchidas de esperança, sua fala inundada de poesia...Tamanha potência me trouxe inúmeras reflexões. Mais que isso: me fez olhar para dentro e reconhecer diversos momentos em que a expressão artistica foi a minha única alternativa. A minha salvação.
Roseana perdeu seu braço direito e, com ele, a mão com que escrevia. 
Garantiu que vai aprender a escrever com a mão esquerda, sem hesitação.


Quero essa entrega à delicadeza.
Quero essa lucidez, plenitude e inteireza. 
Quero esse comprometimento com a vida.

Quero cultivar esse olhar desacostumado, que mesmo em meio ao que há de mais trágico, ainda consegue se encantar.
O horror não resiste à beleza.
A poesia existe para nos salvar.

domingo, 24 de março de 2024

Houve um tempo em que as palavras me invadiam até mesmo nos meus sonhos. Num ímpeto desesperado, eu inaugurava mais uma folha em branco. 
As palavras estavam sempre à espera, prontas para a estreia. Eu era apenas o veículo, o meio pelo qual elas tomavam vida. A escrita já existia, cabia a mim apenas abrir as cortinas. 

Escrever sempre foi meu espetáculo. 
Pronta para a entrega, agora me encaro.

Escrevo para despertar.


Que eu possa me olhar nos olhos
E me reconhecer
Que eu saiba abraçar meu corpo inteiro
Complexo, marcado, imperfeito
E me ter
Que eu consiga rememorar o passado sem mágoas
Só para me compreender
Que eu saiba me entregar às palavras
Sem artíficios ou máscaras
Para que eu aprenda a me ler





quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Carnaval no Brasil
Eu, que nunca fui da festa, entendi
A graça das fantasias, a beleza nas ruas e avenidas
Cor e som que transformam cada dor e sofrimento em alegria
Um descanso da rotina cinza com confete e serpentina
Não há data mais colorida

Talvez seja por estar aqui
Mais saudosa do calor, da energia, da cidade que é a paisagem da minha vida
O lugar que nasci, o lugar de onde eu vim
Porque não é só pela folia
É o Rio em si
Que contagia
Que eterniza

O Rio, feito purpurina, não sai de mim