terça-feira, 9 de março de 2021

De setembro a junho (Sergio Fróes)


Num primeiro dia, de uma mês dez de ano onze, abriu-se um portal para forte laço.
De um lado ela, com seu tato, formosura, mente viva e olhos brilhantes, sua sede de aventura e ânsia por cada momento.
De outro ele, desvendando o novo, agitado, eloquente, coração aberto ao público, um gregário por natureza, despreocupado com o tempo.
Ambos se encontram na despretensiosa noite de rock.
Entre bebidas baratas, fumaças, diálogos cheios de opiniões sem fim, rumo a tema que levavam a lugar algum... Atingindo em cheio, mutuamente, seus nobres corações.

Troca de contatos, a numerologia sagrada que serviu de âncora para "o depois".
A fraternidade é uma lei tão certa quanto a rotação da Terra!

Vagões de metrô animados por falas de confissões bethânicas.
Mesas de bares cheias de colarinhos, cinzeiros e gostos em comum.
Sarais de poesias onde o silêncio dizia as mais íntimas revelações.
Do Catete à Niterói.
Das estações subterrâneas até algum lugar com cheiro de mar.

E o tempo passou.
Ela rumou pro Norte, lá no meio da floresta úmida e quente.
Ele ficou entre as montanhas, o mar e as corporações capitalistas.

Nenhum distância serviu de fronteira.
Nenhuma lacuna verbal ou escrita foi obstáculo.

De setembro a junho.
Ela, agora, na clorofila.
Ele, agora, na filosofia.
Ela com as melhores memórias, críticas e gargalhadas.
Ele com as amnesias, sugestões e caricaturas.

Um laço sem cobranças, como bem é toda amizade.

Uma ode à amizade. 
Aos encontros insuspeitados.
Aos laços que persistem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário