sábado, 20 de março de 2021

"The moment you admit you are hopeless, you become at that very moment, no longer helpless."
A bagunça no quarto
Os móveis empoeirados
A desordem nos armários
Há muito não me olho no espelho:
Não preciso.
O mundo ao meu redor
É o meu reflexo mais preciso.

terça-feira, 9 de março de 2021

Virgem Moura (Sergio Fróes)


O que se passa com ela?
Sinapses eletrizantes...
Medos, fugas, dores, amores
Lugares, memórias e fé no amanhã
Para uma filha de Astréia dói ver a humanidade desumana
Seu coração uma alcova morna, levemente perfumada, com fazendas macias e luz tênue
Sua mente um formigueiro, populoso, ativo, eficiente e anti inerte
Suas mãos instrumentos, curam, flanam, atingem, criam e acalentam
Sua fala trás ao mundo mortal os conselhos de seu retiro em Spica
Tanta virtude lançada numa jornada em meio aos caprichos de Pandora
Porém, as eperanças que ardem em ti cria centelha que incendeia além das fronteiras
Acolha teus receios um a um, constua com eles grande torre e atire-se do alto
Na queda te crescem asas!

Ganhei esse presente lindo do meu querido amigo e poeta do Sergio Fróes.
Os nossos sóis em Mercúrio
Sob o céu de outubro
A primavera marcando a nossa estreia
A colisão dos nossos mundos

Filosofia, cerveja, cigarros
Constelações de Gêmeos e Virgem
A regência dos astros
E o Universo das palavras

A faceta poética 
O viés histórico
As nossas incansáveis conversas
Existenciais ou banais
Sobre tudo

Nos bares, nas ruas, na vida
Na cidade que é sinônimo de boêmia
Nos abraços, na música, na poesia
Nas frases sem rodeio
Na busca pelo nosso próprio centro
De mãos dadas

Nesse nó que só nos prende
Porque nos deixa completamente à vontade

Não há distância que persista
Quando se faz do afeto estrada

(Somos filhos de Hermes
Nos pés temos asas)

De setembro a junho (Sergio Fróes)


Num primeiro dia, de uma mês dez de ano onze, abriu-se um portal para forte laço.
De um lado ela, com seu tato, formosura, mente viva e olhos brilhantes, sua sede de aventura e ânsia por cada momento.
De outro ele, desvendando o novo, agitado, eloquente, coração aberto ao público, um gregário por natureza, despreocupado com o tempo.
Ambos se encontram na despretensiosa noite de rock.
Entre bebidas baratas, fumaças, diálogos cheios de opiniões sem fim, rumo a tema que levavam a lugar algum... Atingindo em cheio, mutuamente, seus nobres corações.

Troca de contatos, a numerologia sagrada que serviu de âncora para "o depois".
A fraternidade é uma lei tão certa quanto a rotação da Terra!

Vagões de metrô animados por falas de confissões bethânicas.
Mesas de bares cheias de colarinhos, cinzeiros e gostos em comum.
Sarais de poesias onde o silêncio dizia as mais íntimas revelações.
Do Catete à Niterói.
Das estações subterrâneas até algum lugar com cheiro de mar.

E o tempo passou.
Ela rumou pro Norte, lá no meio da floresta úmida e quente.
Ele ficou entre as montanhas, o mar e as corporações capitalistas.

Nenhum distância serviu de fronteira.
Nenhuma lacuna verbal ou escrita foi obstáculo.

De setembro a junho.
Ela, agora, na clorofila.
Ele, agora, na filosofia.
Ela com as melhores memórias, críticas e gargalhadas.
Ele com as amnesias, sugestões e caricaturas.

Um laço sem cobranças, como bem é toda amizade.

Uma ode à amizade. 
Aos encontros insuspeitados.
Aos laços que persistem. 

segunda-feira, 8 de março de 2021

Sou todas as mulheres que atravessaram a minha jornada
Que me criaram
Que me levantaram
Que me mantiveram de pé
Que se uniram a mim, de mãos dadas
Com seus exemplos, sua arte, suas palavras
De Janis e Clarice
De Nina a Elisa Lucinda
De Dolores a Cássia
Sobretudo
Elizabete e Marias
das Dores e do Socorro
Os nomes já anunciam
O peso do gênero
A força do feminino

Sou suas mãos e pés descalços 
Cada passo trilhado
Os sorrisos e lágrimas
O suor e cansaço
O trabalho árduo
O pavor do fracasso
As dúvidas, os anseios, os medos
A luta diária, a rotina exaustiva, cada pequena conquista
A insistência em continuar sem saber o porquê
Por intuição
Por teimosia
Por ter batalhado o meu espaço 
Na força, no braço
Sem embrutecer
Sem medo de me perder
Sem medo de cair
Porque eu sei que elas estariam ali

Sou a minha mãe, minhas avós
Minhas primas, minhas tias
Minhas colegas, minhas vizinhas
Sou minhas amigas
As melhores mulheres do mundo
Eu trago comigo
Estão presentes em mim
A elas eu devo a minha vida
E é por causa de cada uma delas
Que eu ainda estou aqui

Eu estou aqui.