Eu achava que só conseguia escrever bem se estivesse sofrendo. Se a dor fosse tamanha que eu tivesse que recorrer às palavras para expurgá-la.
Sempre consegui falar dos meus traumas e feridas, mas nunca de fato me permiti enfrentá-los. Eu tinha medo do que eu poderia sentir. Mas, como já escrevi, do sentimento não se esquiva.
Tenho acordado cedo todos os dias. E busco aproveitar com deleite essas horas que eu desperdiçava. Rego as plantas, alimento meu cachorro, leio um livro, faço uma aula de italiano. Às vezes só paro e contemplo, como agora.
O céu de um azul tão limpo, o vento fresco brincando com os galhos das árvores e com meus cabelos. E o silêncio que inunda tudo em volta.
Tenho estado atenta aos pequenos milagres do cotidiano. Tenho estado alerta, aprendendo com a natureza o que realmente importa: há o tempo de germinar e de florescer.
Há o tempo de calar.
Para maturar o que há por dentro.
Na hora certa, a gente desabrocha.
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