Um ano difícil. Não dá para enfeitá-lo, mas se eu disser que não foi necessário, estaria mentindo.
Foi o ano em que eu menos escrevi. Ao mesmo tempo, tive coragem de expôr alguns textos, o que, obviamente, significou dar minha cara a tapa, mostrando um pouco mais sobre quem eu sou. E esse ano foi uma sequência de desdobramentos sobre isso: quem eu sou?
Estou aqui. E, ao meu redor, a pandemia, o desgoverno, a ansiedade, a frustração, o medo.
Cabelo caindo, letargia, crise de pânico, duas idas ao cardiologista, um quase aneurisma, depressão.
E teve também luz do sol, céu azul, música boa, terapia, fazer pão, casa limpa, banho no Bob, Gabriel com a gente, papo astral, fortalecimento dos laços, um novo trabalho, (re) conexões.
Tudo isso sem ingerir uma gota de álcool. Quem me conhece, sabe. Essa talvez tenha sido a minha maior vitória pessoal: encarar os momentos com presença, sem anestesia, SÓBRIA.
Dor e delícia, assim, na mesma medida.
E, olha, não foi fácil. Tive que revisitar muitas mágoas, tive que colocar o dedo na ferida. Não fui levada a olhar pra dentro. Fui coagida. Digo e repito, pois é o que eu acredito: o Universo é perfeito. Tudo acontece no tempo certo.
Eu me dei conta de como o processo de autonhecimento é doloroso, frustrante, um "sick cycle carrousel" de altos e baixos. Mas eu não o trocaria por nada. Depois de abrir a porta, não tem volta. É trilhar outra jornada.
Passei a me respeitar como mulher e ser humano. A abraçar meus erros, a acolher minhas sombras, a admirar meus acertos e a julgar muito menos. Passei a me entender como parte de um coletivo, me sinto mais pertencente, integrada à natureza, ao mundo, ao que me cerca. Passei a ter mais empatia, a entender meus ciclos, a não me comparar.
Pela primeira vez, me coloquei no centro da minha vida.
Não é sobre o destino, porque não há nada a ser alcançado. É sobre o caminho. Sobre presença e plenitude. Sobre consciência e responsabilidade. É sobre esse instante. Aqui, agora. Já. E me dei conta de uma coisa bem óbvia: não é tarde para recomeçar. Se há vida pulsando e coração vibrando dentro do peito, nunca é tarde demais.
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