quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2021

2020 e ainda estamos lutando.
Um ano que nos fez encarar a transitoriedade da vida todos os dias.
Saímos mais inteiros? Mais íntegros?
Deixamos pedaços pelo caminho?
Aprendemos alguma lição?
Sucumbimos?
Sempre escrevo algumas reflexões sobre a data, mas hoje foi particularmente difícil.
Tenho muito a ser grata. Mas não é sobre mim. Nem sobre isso.
Não posso enfeitar as dores.
Nem estar alheia às perdas.
Se há algo que extraí de tudo
É que hoje me recuso a naufragar na tristeza. 
Acreditar é meu ponto de equilíbrio.
Meu ato de resistência.
Tantos socos no estômago, ainda estamos recuperando o fôlego.
E essa é a magia do calendário, dos ponteiros do relógio quando sinalizam meia - noite:
A gente se enche de esperança
A gente crê na mudança.
A gente dá ao futuro uma nova chance.
Desejo que transformações positivas ressoem no mundo inteiro.
Que sejamos mais empáticos, solidários e atentos.
Cada um de nós traz em si o Universo
E temos potencial para criar a realidade que queremos.
Que o 2021 que tanto ansiamos
Seja espelho do melhor que temos por dentro.










segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Um ano difícil. Não dá para enfeitá-lo, mas se eu disser que não foi necessário, estaria mentindo.

Foi o ano em que eu menos escrevi. Ao mesmo tempo, tive coragem de expôr alguns textos, o que, obviamente, significou dar minha cara a tapa, mostrando um pouco mais sobre quem eu sou. E esse ano foi uma sequência de desdobramentos sobre isso: quem eu sou? 

Estou aqui. E, ao meu redor, a pandemia, o desgoverno, a ansiedade, a frustração, o medo. 
Cabelo caindo, letargia, crise de pânico, duas idas ao cardiologista, um quase aneurisma, depressão. 
E teve também luz do sol, céu azul, música boa, terapia, fazer pão, casa limpa, banho no Bob, Gabriel com a gente, papo astral, fortalecimento dos laços, um novo trabalho, (re) conexões.

Tudo isso sem ingerir uma gota de álcool. Quem me conhece, sabe. Essa talvez tenha sido a minha maior vitória pessoal: encarar os momentos com presença, sem anestesia, SÓBRIA.
Dor e delícia, assim, na mesma medida.

E, olha, não foi fácil. Tive que revisitar muitas mágoas, tive que colocar o dedo na ferida. Não fui levada a olhar pra dentro. Fui coagida. Digo e repito, pois é o que eu acredito: o Universo é perfeito. Tudo acontece no tempo certo. 

Eu me dei conta de como o processo de autonhecimento é doloroso, frustrante, um "sick cycle carrousel" de altos e baixos. Mas eu não o trocaria por nada. Depois de abrir a porta, não tem volta. É trilhar outra jornada.

Passei a me respeitar como mulher e ser humano. A abraçar meus erros, a acolher minhas sombras, a admirar meus acertos e a julgar muito menos. Passei a me entender como parte de um coletivo, me sinto mais pertencente, integrada à natureza, ao mundo, ao que me cerca. Passei a ter mais empatia, a entender meus ciclos, a não me comparar. 
Pela primeira vez, me coloquei no centro da minha vida. 



Não é sobre o destino, porque não há nada a ser alcançado. É sobre o caminho. Sobre presença e plenitude. Sobre consciência e responsabilidade. É sobre esse instante. Aqui, agora. Já. E me dei conta de uma coisa bem óbvia: não é tarde para recomeçar. Se há vida pulsando e coração vibrando dentro do peito, nunca é tarde demais.




segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Sarah

Um brinde à sua generosidade
Ao seu companheirismo
Ao fato de você fazer parte das minhas lembranças mais bonitas
Em Corumbá
E no Rio
Um brinde à nossa conexão
Ao fato de nunca termos brigado nesses 20 anos
Por nunca termos nos afastado
Apesar das mudanças
Apesar da distância

Um brinde ao seu sorriso
Ao fato de você ser tão linda
Um brinde à sua família
Sinto que ela é um pouco minha

Um brinde ao seu talento
À menina doce e meiga que eu conheci na infância
E à mulher forte e corajosa que se tornou 
Fazendo jus ao seu mapa
Desbravando novas estradas

Um brinde aos nossos encontros
Ao nosso abraço apertado
Um brinde a esse sentimento
Que se manifesta  até quando precisamos nos despedir
Nunca dizemos um mero 'tchau' ou "até logo"
Sempre foi assim: eu te amo.

Eu te amo.

Minha sagitariana
Minha amiga
Minha irmã
Meu coração fora do peito
Só posso desejar que os seus caminhos estejam sempre abertos
E que a sua jornada reflita tudo aquilo que eu enxergo
Você não merece nada menos que o melhor
Porque  é, de longe, a melhor pessoa que eu conheci
Que você viva seus dias com presença
E que a cada escolha que fizer
Você seja genuinamente feliz

Agradeço ao Universo
Agradeço pelos nossos caminhos terem se cruzado 
Dividir essa existência com você é meu grande orgulho
É privilégio

domingo, 6 de dezembro de 2020

Um apartamento à beira da paisagem
Uma varanda, uma rede, um cigarro ocasional para tragar
Girassois
Livros numa estante de madeira
Incenso aceso
E o verde das plantas na sala de estar

Fim de tarde
Um horizonte infindo
Um olhar fixo
E barulho da água fervendo pra fazer o chá

E Gal cantando a minha trilha 

"Eu sei, comigo vai tudo azul
Contigo vai tudo em paz"

E a abundância de simplesmente ser
E estar 
Na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Da América do Sul

(Pra transformar sonhos em realidade
Para matar a saudade
A poesia é estrada)









Tudo na minha vida me trouxe a este momento.
Jamais tive tanta consciência de mim mesma
Nunca senti tão fortemente a minha presença. 
Por muito tempo esqueci de me olhar por dentro.
De me enxergar por inteiro.
De amar o meu avesso.
Tudo, absolutamente tudo está no lugar certo.
Hoje eu entendo. E aceito.
A dor no processo. 
O sofrimento.
O medo.
O que não me cabe, agora eu reconheço.
Não resisto. 
O que estou deixando para trás não é por 
simples desapego.
É por respeito.