quinta-feira, 27 de junho de 2019

É tão estranho o correr do tempo
"Quando olho para mim não me percebo"
E concordo com Caio, com Clarice, Caeiro.
Porque passei por mim depressa
Me atravessei e sequer me entendi
O quanto eu me transformei naquilo que não prometi 
O quanto me afastei
O quanto endureci 
Por medo de perder, perdi
O laço que havia
O sentido da poesia
A conversa, a intensidade, a vontade de gritar 
Onde havia orgulho sobra medo
Fico acovardada em frente ao espelho
Tenho essa necessidade de enfiar o dedo da garganta e colocar pra fora tudo o que eu não digeri 
Eu que não me entendo, tento me encontrar
Por isso escrevo

terça-feira, 25 de junho de 2019


Não tenhas nada nas mãos 
Nem uma memória na alma, 
Que quando te puserem 
Nas mãos o óbolo último, 
Ao abrirem-te as mãos 
Nada te cairá. 
Que trono te querem dar 
Que Átropos to não tire? 
Que louros que não fanem 
Nos arbítrios de Minos? 
Que horas que te não tornem 
Da estatura da sombra 
Que serás quando fores 
Na noite e ao fim da estrada. 
Colhe as flores mas larga-as, 
Das mãos mal as olhaste. 
Senta-te ao sol. Abdica 
E sê rei de ti próprio. 

(Ricardo Reis)

sexta-feira, 7 de junho de 2019

No fim do arco íris não há pote de ouro.
A recompensa está no caminho:
O arco íris é o tesouro.