quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Hoje eu li um texto da Flávia Melissa logo após ter uma conversa lúcida com uma prima querida. Me dei conta de que tudo, absolutamente tudo converge. Não há acaso ou coincidência. Despertar é um processo, os sinais estão visíveis àqueles que estão de olhos abertos. E como dói olhar. 
A astrologia me adverte sobre a volta de Saturno. Eu sinto o "envelhecer" embora esteja lutando bravamente com a ideia de encaretar. Já não consigo atravessar a madrugada, o álcool exige a alternância com a água e me obrigo a me movimentar nem que seja só por hoje.
Só por hoje. 
A Flávia falou sobre a necessidade de matar que fomos para seguirmos sendo (ao menos entendi desse jeito). Ser. Constantemente. Ardentemente. Sem idealizações ou exigências mirabolantes. Todo o resto é armadilha do ego. 
E lembro de outra luzinha do Universo vinda da série que assisti, o personagem falava exatamente assim:
FUCK THE FEAR.

Foda-se o medo.
Medo é perda de amor e de tempo.
E viver requer coragem.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Uma fotografia não consegue capturar as transformações experimentadas nos últimos 10 anos. 
A roupa que já não é tão atual, ganho ou perda de peso, corte de cabelo. Tudo isso está na superfície, naquilo que é mais raso, mais trivial.
O maior desafio é se enxergar por dentro.
Compreender que a idade é só uma armadilha do tempo. 
Maturidade tem pouco a ver com aniversário ou  certidão de nascimento. 
É ter orgulho da sua história sem romantizar seus acertos, tampouco demonizar seus erros. 
Porque tudo, absolutamente tudo depende da nossa perspectiva. Da maneira como a gente aprende a lidar com o que há de mais belo e sujo na vida. 
Não tente se comparar com quem você foi um dia. 
A imagem é distorcida. 
O presente, por outro lado, é o melhor espelho: ele dá a dimensão precisa de quem se é neste exato momento.
As paredes do quarto não me aprisionam. Transito muito bem entre o claro e o escuro. Eu tenho o poder de iluminar o meu dia e para isso não preciso acender a luz ou abrir as cortinas. 
Tenho uma mente inquieta, um coração pulsante e a magia das palavras, com as quais ando de mãos dadas.
Enxergar beleza na rotina talvez seja o maior propósito de estar viva. Porque só o olhar desacostumado é capaz de transformar a realidade em poesia.
É da vida eternizar os momentos ainda que sejam efêmeros. 
Embora sejamos passageiros, temos o presente: ele é infinito.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

"I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived." (Thoreau)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Viver é mais que apenas suportar.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Temos o péssimo hábito de levar em conta os limites do calendário para mudar a nossa vida.
Estou cada vez mais certa de que não existe prazo ou data adequada para fazer aquilo que queremos, para traçar metas e, com determinação e persistência, cumpri-las.
Não há no depois momento perfeito. Condicionar os nossos desejos a um futuro intangível nos afasta de nós mesmos. Às vezes esquecemos, mas o amanhã é incerto.
Deixamos tudo nas mãos do tempo, enquanto o que se observa de fato é a pressa dos ponteiros.
A única realidade que temos é o presente.
Só o agora é eterno.
Todo dia pode (e deve) ser inédito.
Precedido de fogos de artifício, champagne, roupa nova e encantamento.
Que não percamos a vontade de fazer dar certo. 
Anseio que cada instante seja de estreia.
E que o ano inteiro seja vivido como se fosse dia primeiro.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Prefácio

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
dependimentos demais
e tarefas muitas —
os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não que as moscas iriam iluminar
o silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
que as moscas não davam conta de iluminar o
silêncio das coisas anônimas —
passaram essa tarefa para os poetas.
(Manoel de Barros in Concerto a céu aberto para solos de ave)