sábado, 29 de setembro de 2018

A minha busca é mais in que out. Demorei muito para compreender todo esse conceito de transmutar o mundo de dentro para me tornar cada vez mais vasto. Há um nome para isso: pertencimento.
Desocupar espaços, abraçar a solitude, enfrentar a escassez, respeitar os vazios. Romper laços, fazer malas, ficar ou ir embora. Tudo isso faz parte do processo. Às vezes doloroso, porém necessário.
Nada é perfeito. Ninguém é cem por cento. A verdade é que tudo é efêmero. Eu quero apenas ser mais leve, consciente e pleno. Me equilibrando entre erros e acertos, aceitando as inconstâncias do tempo.
Abandono quem fui e acolho quem sou. 
O ontem é ocupação da memória.
Tudo ao redor muda nessa dinâmica.  A vida se transforma.
Desapego. Deixo (flu)ir para ser mais inteiro.
Sou de mim mesmo.
Eu pertenço ao agora.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O Rio não se explica e ainda assim tento. Há uma sutil diferença quando comparado a tantos lugares por onde passei. Eu costumo usar a palavra energia, mas me soa insuficiente. 

O céu parece mais limpo, o sol mais vivo. Bicicletas e carros e pedestres e patins e animais de estimação parecem estar perfeitamente arranjados. O mar é o pano de fundo desse cenário. Vinicius, Clarice, Jobim. Lapa, Copacabana, Leme, Flamengo. E o Cristo abençoando tudo lá do alto.
O fato é que eu me transformo

Não sei se é pela maresia, pela orla, pela sensação de leveza comum aos domingos em plena segunda-feira.
Eu gosto mais de mim aqui no Rio.
Eu fico mais parecida comigo.

"Rio, seu mar

Praia sem fim
Rio, você foi feito pra mim”

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Eu acho bonito tudo o que diz respeito a nós dois, até mesmo aquilo que doeu um dia. Somos um misto de paixão, lágrimas, frustrações, despedidas. Somos reconhecimento. A nossa história tão cheia de desacertos parece enfim ter encontrado o jeito: as feridas já não machucam tanto.
É que a gente se cura morando um no outro. 
De tudo o que passou, ficou o melhor do sentimento:  somos o que aprendemos. Somos o resultado do que fomos.
Somos a nossa trajetória.
O nosso amor atravessou a distância, o sofrimento e se eternizou no tempo.
O nosso amor eu conjugo no agora.

sábado, 8 de setembro de 2018

Celebro mais um ano novo. E a possibilidade de amanhecer, respirar, amar, trabalhar e crescer.
O que tenho me basta.
Só me resta ser grata.
Um brinde aos 28.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

"Se eu esperar compreender para aceitar as coisas – nunca o ato de entrega se fará. Tenho que dar o mergulho de uma só vez, mergulho que abrange a compreensão e sobretudo a incompreensão. E quem sou eu para ousar pensar? Devo é entregar-me. Como se faz? Sei porém que só andando é que se sabe andar e – milagre – se anda."
(Clarice Lispector in Água Viva)

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Obrigada, setembro. Tem sido dias lindos de sol, reflexão, encantamento. De vontade de me redescobrir, de me compreender e me reinventar. Nada permanece o mesmo. A transformação é urgente e começa por dentro.
O novo sempre vem. É preciso estar atento.

sábado, 1 de setembro de 2018

Setembro tem uma beleza delicada que renova os ares pesados de agosto. A despedida do mês do desgosto foi um soco no estômago. Agosto findou deixando lágrimas e luto e raiva. 
Setembro é a retomada do fôlego.
Sinto que, aos poucos, volto a respirar.

"De tão azul, o céu parecerá pintado. E nós embarcaremos logo rumo à ilhas Cíclades.
Houvesse cortinas no quarto, elas tremulariam com a brisa entrando pelas janelas abertas, de manhã bem cedo. Acordei sem a menor dificuldade, espiei a rua em silêncio, muito limpa, as azaléias vermelhas e brancas todas floridas. Parecia que alguém tinha recém pintado o céu, de tão azul. Respirei fundo. O ar puro da cidade lavava meus pulmões por dentro. Setembro estava chegando enfim." (Caio Fernando Abreu in Quando Setembro Vier)