Tudo era vago e o mundo, vazio.
Desacreditada, me recusava a abrir os olhos: insistia em me manter apática. Deitada na cama, ansiava pelo sono. Enfrentar o dia era um martírio.
Eu me rendia às lágrimas.
No chuveiro, na empresa, na praça, nas barcas, no banheiro.
Quando ouvia uma música, qualquer música, que até então sequer te lembrava.
Quando eu passei pelas ruas, árvores e bares que testemunharam o nosso amor daquele jeito tão para sempre e que terminou de repente, sem hora marcada.
O seu cheiro que me tomava sem licença, o som da sua voz quando eu te ligava, a felicidade estampada nas nossas fotografias. Nem de longe antecipavam o que nos aconteceria.
Cada trago, cada gole de bebida. Cada sono em que eu ansiava por ao menos um bom sonho em razão do pesadelo que eu vivia.
O que falar sobre a falta?
A falta é aquele buraco no peito impossível de ser preenchido. A cada dia sem te ter, ele só aumentava.
Perdi minha identidade, não me reconhecia
Eu era uma versão destruída de mim mesma, vagando sozinha.
Eu me sentia vazia.
O amor que você plantou em mim desabrochou. Você arrancou, sem o menor pudor, aquela flor tão linda.
E eu, que estava sem você,
Me perdi de mim mesma.
Eu também não me tinha.